quinta-feira, junho 29, 2006

400 - perder a cabeça


O que é uma fotografia?
Quando descobri que «o beijo» fora encenado e vendido, senti-me como se me tivessem esfaqueado e retirado um pedaço do coração.
Um beijo não se encena, sente-se; não se vende dá-se.
Uma fotografia (para mim) é um recorte da realidade é um momento acontecido.
Imagens desfocadas, construídas, trabalhadas e tal... nada me dizem.
Gosto de imagens diferentes, gosto de ver aquilo que outros olham (às vezes um pedaço de fita-cola).
«Boa viagem, uma festa de perder a cabeça»
Assim, no singular [título da fotografia] a censura que tantas vezes associamos à direita e ao fascismo, a censura, dizia, impediu esta fotografia de ser vista, não sei se por falta de qualidade, se pelo título... a censura que refiro é uma censura de esquerda, duma esquerda que ceifa e martela a minha freguesia, o meu concelho há mais de vinte anos.
Tive o cuidado de não escrever a frase no plural (tenho cuidado com as palavras) para não ser mal interpretado, mesmo assim...
Fui ver a exposição com um amigo, o António disse mais ou menos isto:
«As fotografias são sempre iguais, barcos e bandeirinhas» ... pudera, é a visão oficial da coisa.
A fotografia mostra-nos como uma coisa má (alguém decapitou a boneca) poderia transformar-se em algo bom, uma imagem, que dissesse que mesmo de cabeça perdida podemos ser felizes (reparem no ar sorridente) depois todos os outros pormenores, o muro, aparentemente, sujo onde a cor se encostou a descansar, a parede com a humidade (a humanidade) desenhada.
Escrevo e sorrio, coro e encanto-me, penso em beijos, em cabeças fora do sítio ... penso que há coisas que são só para adultos, outras só os meninos que nunca crescem abarcam.

399 - processo boronha



Há pessoas que se recusam a ver o óbvio, vivemos num mundo solidário, uma pessoa tem um problema, mas, há sempre alguém, disponível para o resolver.

Ademar Santos é distraído e exagerado, não sabe qual é o problema de Bolonha? ... está na cara, não? ... trezentas gramas é um exagero, bem esperemos que o reitor tenha conseguido resolver o problema ao amigo Boronha que é um homem com extremo bom gosto para leituras.

domingo, junho 25, 2006

398 - adultos

Os adultos fazem muitas perguntas, este senhor sabe algumas respostas...

397 - in the wind



por quantas estradas deve um homem caminhar...

[letra]

[bandeira]

[video]

Nota: Este «post» será retomado se e quando houver interesse de algum(a) leitor(a).

sábado, junho 24, 2006

396 - oliveira [o outro]

Isto sou eu, a escrever sobre pontapé na borracha e a rir-me com um golo de um menino do maior clube do mundo [acabo de ver Crespo, a encrespar-se na área mexicana, quase mata o defesa mexicano (tácticas de Mourinho...) a bola entra, o golo é validado, os comentadores falam em pressão, pressão?].
Dizia eu, obviamente, ninguém quererá lembrar quais as equipas que partilhavam o grupo (D) da república neste mundial, também, não direi quais... procurem-nas nas eliminadas; conclusão à intelectual: Scolari é mau, o título deste «post» é bom.
Uma curiosidade, escrevam: espalhar alhos, «cliquem» em: sinto-me com sorte aqui

395 - homem-estátua


O que pensaria Parménides:
depilado / peludo
barriga / magreza
mãos grandes / mãos pequenas
pequeno / tapado
sem disco / com disco
Tudo tem o seu contrário, o contrário de loiro é loira
Não carregaram no «link»?
Voltem lá... existem ligações importantes como esta e, principalmente, esta , foi nesta última que descobri que tenho um IMC (façam o teste) e que de acordo com ele tenho de crescer entre 5 a 10 cm para ficar com o peso certo para a minha altura, obviamente, não vou deixar de comer e muito menos de beber (tenho medo, receio de ficar desidratado) só me resta... crescer.

394 - tá bonito [caminhando]

Bonita la paz, bonita la vida
bonito volver a nacer cada día
bonita la verdad cuando no suena a mentira
bonita la amistad, bonita la risa
bonita la gente cuando hay calidad
bonita la gente que no se arrepiente
que gana y que pierde, que habla y no miente
bonita la gente por eso yo digo...

393 - jogar à sueca

Os suecos são um povo que soube espalhar a sua cultura por outros povos.
Quando nos falam em Escandinávia, lembramo-nos do bacalhau da Noruega, dos finlandeses Nokia, da senhora a quem alguém chamou um figo, enfim esquecemo-nos que a cultura sueca chegou até nós, um jogo, dois pares... a assistência e a renúncia, a moral jogada com pedaços de papel rectangulares.
Os suecos são alegres e gostam de beber o conteúdo dos copos ...
«JPS Whiskies är alla eleganta, och riktar sig till konsumenter som söker en whisky med internationell stil, klass, rykte - och framförallt kvalité»
Quer dizer:
«Os whiskies JPS marcham com elegância, deixam-se consumir com prazer, estão acima da média internacional, têm classe, ritmo - francamente, têm qualidade»
[não é o facto de não saber sueco que me impede de traduzir, directamente, daquela língua; outros não sabem história e escrevem]

392 - na minha opinião (churchill, sobre o «post» 385)

«it is better to be making the news
than taking it,
to be an actor
rather than
a critic.»

391 - lendo jornais



Este senhor* descobriu que Camões é natural de Constância e ninguém lhe ligou nenhuma, santamargarida mais logo contará aqui toda a história.

Entretanto, vão lendo...

* sem qualquer tipo de ironia, aprecio-o, realmente, pela pessoa que é, pela capacidade que tem de transmitir conhecimentos. Ensinou-me a pesar o Sol, agradeci-lhe através duma crónica num jornal.

[o «link», tem uma cor diferente do habitual por uma questão de respeito pelas opiniões políticas do referido senhor, neste «blog» cultiva-se a tolerância]

sexta-feira, junho 23, 2006

390 - hoje...

... é dia de dar umas marteladas e tal

[dia para nos lembramos de alhos]


quinta-feira, junho 22, 2006

389 - e as mulheres

Lady Nancy Astor:

Winston, if you were my husband, I' d put arsenic in your morning coffee.

Churchill:

Madam, if you were my wife, I' d drink it.

Bessie Braddock:

Winston, you are drunk!

Churchill:

And Madam, you are ugly.
And tomorrow, I'll be sober, and you will still be ugly.

388 - lagarto e borboleta

As borboletas de Pratt leram Nietzche, sabem «que a ideia do eterno retorno é o fardo mais pesado».
Habituámo-nos a olhá-las de outro modo.
Corto, o homem mais livre, olha-a como que partilhando esse fardo ... partilhando, é menos pesado.

quarta-feira, junho 21, 2006

387 - qualidades, defeitos

«Homo sapiens : Há duas hipóteses de onde essa espécie teria surgido, a hipótese da monogênese africana e a hipótese multirregional. A primeira sugere que H. sapiens teria surgido unicamente na África, depois espalhou-se e substituiu as outras espécies de hominídeos viventes (sem hibridização). A grande maioria (99,9%) dos pesquisadores aceitam esta teoria. A segunda hipótese (praticamente enterrada) sugere que H. sapiens teria surgido em vários lugares ao mesmo tempo, a partir de espécies arcaicas. Mas para esses pesquisadores, todas as espécies após H. erectus seriam subespécies de H. sapiens. Crânio alto e curto (capacidade de 1400 cm³), presença de queixo, ausência de prognatismo e substituição do torus supraorbital pela arcada superciliar são características desta espécie.»
daqui
Há pessoas que se julgam fantásticas, outras conhecem-se, conhecem as suas fraquezas e as suas limitações.
Hoje um amigo telefonou-me e disse-me mais ou menos isto: «quem julgas que és, agora criticas o Miguel Sousa Tavares?»
O meu amigo conhece-me, mas, não sabe quem sou.
Sou um gajo com uma arcada superciliar saliente, com uma cicatriz no meio da testa, com pêlos pelo corpo, com pouco cabelo, enfim tenho plena consciência do meu corpo e apesar disso à maneira de Allen convivo, extremamente, bem com ele.
A consciência de nós é ponto de partida para os outros seres humanos, para nos partilharmos.
Só tomando consciência das minhas prioridades poderei ser agente de mudança...
[por exemplo, neste momento tomei consciência que é prioritário lavar a loiça, despejar o lixo e engomar uma camisa para vestir amanhã, isso apesar da minha linda cicatriz e do meu ar macacóide não evoluído ... apesar destas considerações, o «tal senhor» continua a escrever mal, a norte e a sul do equador, não sei se foram anos perdidos, se David Crockett morrerá ou não, não quero saber se é um nómada no oásis nem se um dia haverá prodígios, sei que escreve mal e pensa pior]


386 - pão e vinho


Numa casa portuguesa fica bem
pão e vinho sobre a mesa.
Quando à porta humildemente bate alguém,
senta-se à mesa co'a gente.
Fica bem essa fraqueza, fica bem,
que o povo nunca a desmente.
A alegria da pobreza
está nesta grande riqueza
de dar, e ficar contente.

Quatro paredes caiadas,
um cheirinho a alecrim,
um cacho de uvas doiradas,
duas rosas num jardim,
um São José de azulejo
sob um sol de primavera,
uma promessa de beijos
dois braços à minha espera...
É uma casa portuguesa, com certeza!
É, com certeza, uma casa portuguesa!

[nem tudo é mau ... isto é bom]

terça-feira, junho 20, 2006

385 - miguel filipe sousa tavares scolari

Parece [parece-me a mim, como diria o dr. Miguel Tavares] que estes dois senhores andam, diria, com problemas técnico-tácticos.
O senhor de bigode terá dito (não li, nem ouvi) que o senhor [salvo seja] da gravata é uma bosta (é por isso que tem o dedo no nariz, mister?).
O dr. Tavares já adjectivou o treinador da selecção portuguesa, questionando-o em questões técnicas e profissionais, está no seu direito, liberdade de expressão e tal...
Nestas coisas sou pragmático, quantas vezes já foi o «comentador» campeão do mundo de selecções, pois...
As opções do sr. Scolari não me preocupam, minimamente, não tenho curso de treinador de futebol nem capacidade para efectuar análises pseudo-intelectuais sobre o tema.
Enquanto leitor as opções do dr. Tavares, preocupam-me, muito, primeiro é pago (bem pago) para escrever uma crónica aqui, deveria fazê-lo bem por respeito pelos leitores (por "auto-respeito").
Detenhamo-nos na crónica de hoje:
«Desde há muitos anos que tenho para mim que a Itália é o país mais civilizado do mundo, naquilo que eu entendo por civilização»
Julgo que qualquer cidadão com a antiga quarta classe corrigiria esta frase:
«Há muitos anos, que tenho para mim, que a Itália é o país mais civilizado do mundo»
Na linguagem jornalística devemos ser sintéticos, «há muitos anos» remete para o passado, não faz sentido acrescentar: «desde»
Ao dizer «tenho para mim» que, na minha opinião, deverá estar entre vírgulas, pois, trata-se de uma informação adicional que se não estivesse lá a frase continuaria a fazer sentido (se lermos em voz alta a segunda frase soa melhor) não adianta acrescentar: «naquilo que eu» aliás, a crónica é sempre uma análise pessoal, estas considerações são só para ocupar espaço...
Os parágrafos anteriores diziam respeito à forma, quanto ao conteúdo a frase citada, também, não faz qualquer sentido.
Qual o conceito de civilização do dr.Tavares?
Itália não existe enquanto país, a república italiana, sim.
Historicamente a república italiana é uma união de repúblicas.
Quando fala em civilização o dr. Tavares, referir-se-á a Nápoles, à Sicília, a Milão, a Roma... parece-me perigoso e pouco claro, civilização como sinónimo de Itália, ponto final.
Tudo isto para chegar a esta conclusão:
Como pode um péssimo carpinteiro acusar um operário estrangeiro de ser mau electricista?
Será xenofobia?

384 - parabéns



1969.Junho.20

2006.Junho.20

Parabéns, miúdo (ainda me lembro dos meus 37 anos)

Bento, Paulo Bento.

domingo, junho 18, 2006

383 - insustentável

Li este livro publicado, originalmente, em 1983, numa edição da Dom Quixote, tradução de Joana Varela.
Esta frase de Milan Kundera : «compreendera nessa altura que não fora feito para viver com uma mulher, fosse ela qual fosse, só poderia ser verdadeiramente ele próprio se vivesse sozinho (...) dizia sempre às amigas que era incapaz de adormecer ao lado de outra pessoa (...) levava-as sempre a casa» é todo um projecto de vida.
Recordei-me de Kundera não a propósito da frase, mas, disto:
«No mundo do eterno retorno, todos os gestos têm o peso de uma insustentável responsabilidade. Era o que fazia Nietzche dizer que a ideia do eterno retorno é o fardo mais pesado.
(...)
O fardo mais pesado esmaga-nos, verga-nos, comprime-nos contra o solo (...) a mulher sempre desejou receber o fardo do corpo masculino (...) o fardo mais pesado é (...) a imagem do momento mais intenso de realização de uma vida. Quanto mais pesado for o fardo, mais próxima da terra se encontra a nossa vida e mais real e verdadeira é.
Em contrapartida, a ausência total de fardo faz com que o ser humano se torne mais leve do que o ar (...) torna-o semi-real e os seus movimentos tão livres quanto insignificantes.
O que escolher, então? O peso ou a leveza?
Foi a questão com que se debateu Parménides, no século VI antes de Cristo. Para ele o universo estava dividido em pares de contrários: luz-sombra; espesso-fino; quente-frio; ser-não ser. Considerava que um dos pólos da contradição era positivo (...) e o outro negativo.
(...) o que é positivo: o peso ou a leveza?»
O peso e a leveza, o ser e não ser, o dormir e o estar acordado...
Tenho pensado nisso, pensado nisto: «(...) já lhe disse muita coisa, irrita-me que cite os comentadores para os comentar. Irrita-me. Vá logo directo ao assunto.»
Dantes procurava ser consensual, agora não, prefiro que as pessoas se irritem, tudo é preferível à apatia.
Quanto a ir directo ao assunto, o encanto do acto está naquilo que o antecede... se sou caminhante, obviamente, retiro prazer da viagem, não tanto da chegada.

sábado, junho 17, 2006

382 - do mar, heróis




«clicar» na imagem para ler os poemas


Porque a vida é mais que aquilo que dizemos.
Mais que o que sentimos (o que sentimos?).
A Terra não é um rectângulo relvado com linhas pintadas, a Terra é uma ilha imensa rodeada de mar.
Nós fomos, nós somos, heróis (filhos de deuses e homens).
«sagras a vida quando guerreias à luz macia das luas cheias»
Várias coisas das quais gosto:
- sagres
- vida
- guerrear ("o homem fez-se para guerrear" diz um dos soldados de Non)
- luz macia (corpos macios)
- luas cheias
As maiores guerras que travo são comigo ... gosto de olhar a lua cheia e adivinhar o sol, gosto de ver para além do olhar.

sexta-feira, junho 16, 2006

381 - como se fosse sábado

Água doce, água salgada, curvas e caminhos pisados na areia molhada...
Esta sexta, amanheceu como um sábado, sem ruídos, com nuvens, límpida, ainda assim.
Vou trabalhar.
Sinto-me a caminhar na areia molhada.

Quem molhará a areia?
Será o mar de Pessoa, serão as lágrimas de Portugal?

quinta-feira, junho 15, 2006

380 - este "post" que vos deixo IV

Gosto de apertar a mão
Áspera dos calos que tem
Também as côdeas de pão
São ásperas, mas sabem bem

379 - este "post" que vos deixo III

Está na mão de toda a gente
A felicidade, vê lá!
E o homem só está contente
No lugar onde não está
outras «aleixadas» aqui e aqui

378 - sanita (uma metáfora da vida)



Sanita do latim: sanitas; saúde, higiene.
Sempre preferi sentar-me aqui que na francesa retrete.
Sanita, a palavra, remete-me para a frase: «mente sã em corpo são». Algo que procuro (embora por vezes me sinta com a mente vazia e o corpo cheio) .
Esta introdução vem a propósito de um trabalho que efectuei hoje
(enquanto dormiam) lavar a sanita, lavar a tampa, colocar tudo no lugar.
A tampa só aparentemente é branca, nos locais mais escondidos vai amarelando, fica desta cor.
Nada que não se resolva com detergente e paciência, limpa-se aquela cor horrível e o branco da loiça volta a brilhar, no ar sente-se o cheiro a perfume.
Colocar a tampa no lugar é o mais difícil, tem de se acertar ao mesmo tempo com dois parafusos em buracos diferentes (acertar com um parafuso num buraco nem sempre é fácil, imagine-se com dois, simultaneamente) depois introduzir a porca e dar o aperto. Como, normalmente, a sanita está encostada numa parede estas operações efectuam-se de joelhos ou noutras posições, igualmente, pouco dignas.

Enfim, não existem trabalhos indignos, existem mãos, mãos que acariciam, que lavam, que apertam, que acertam, que erram, que escrevem ... existem mãos que trabalham.

domingo, junho 11, 2006

377 - rapazes da cruz



Tinha prometido um «post» sobre futebol, mas, só me lembro de coisas ridículas como isto, bandeiras às janelas e tal...
Depois penso no ridículo que é marcar golos e dar beijos na camisola, ainda se fosse nesta... poderiam cantar:
«Amar
É ter no peito uma flor
Eu quero ter no peito um jardim
Vou partir»
Parece-vos bem?
O álbum chama-se «Mãe», o poema é de Pedro Ayres Magalhães, música de Heróis do Mar e a canção chama-se Adeus...
Pronto, já contribui com a minha parte e arranjei-vos um poema para a despedida, rapazes com a cruz às costas.

sábado, junho 10, 2006

376 - amanhã

375 - portugal, portugal



O futuro de Portugal?

Pois, não o procuraram ali... aqueles cinco meninos, com ideias e sonhos.
Quatro daqueles cinco meninos são vencedores, o outro, sê-lo-ia, claramente, optou por sê-lo, candidamente...

Olho-me, olho-nos, a serra, a nascente do Zêzere, a pedra e a neve, a camisola anárquica que inventei, concretizada pelas duas mãos em agulha da mamã, cinco filhos, quatro pais de três meninas e quatro meninos...

Dizia, Fuschini: «se tudo for inútil, se não tivermos energia para reagir. (...) dissolvendo-nos a pouco e pouco, miseráveis sem vontade, sem pudor e sem princípios, daremos ao mundo o exemplo abjecto e repugnante de um povo abastardado, que não soube defender a própria honra...»

sexta-feira, junho 09, 2006

374 - o irmão do meio

Os pais.
Os filhos.
Os irmãos.

Do ponto de vista dos pais:

Os nossos filhos seremos nós, numa versão melhorada.

[vou escrever isto no masculino (o meu lado gaja, a minha sensibilidade, sabe que dentro dela [de mim] nunca crescerá ninguém... por vezes tento imaginar-me do outro lado, não consigo colocar-me no papel duma mulher grávida, sei que jamais amamentarei, acho rídiculo o «feminismo» [machismo feminino] a mulher tem a capacidade de gerar vida, a força mais poderosa... quais «cotas» "quais quê" a força é mais vossa que nossa...)].

Como pai que, ainda, não sou [sê-lo-ei?] sei que o meu filho preferido será o primeiro (é assim com todos os pais) os outros, também, pois, gostamos deles... é ao primeiro que tiramos fotografias, é com o primeiro que nos preocupamos, os outros, também, mas, somos mais experientes...

Do ponto de vista do filho:

O primeiro é filho único, alfa e omega, princípio e fim... com mais liberdade, o mais oprimido.
O segundo (os segundos, os irmãos do meio) não é filho único, já o olham um bocadinho de lado (devias ter sido gajo/gaja, sacana [isto no caso de dois cromos repetidos]) no caso do segundo completar o tal casal, vê-se de maneira diferente. Por enquanto é o irmão mais novo e está fod***, um irmão mais novo vai aproveitando a roupita do outro, o irmão mais novo não tem direito a brinquedos próprios (o mais velho acha-se com direito a tudo).
O terceiro (o último, o irmão mais novo) se tem irmãs poderá ser acarinhado [um gajo, finalmente!] se tem irmãos 'tá fod***, outro gajo...
Resta ao último ser o primeiro, conhecer-se, conhecer os seus limites, fundamentalmente, não se armar em parvo... com quatro, cinco anos desafiei o meu mano nº2 para uma corrida, corri velozmente, ia à frente, ele fez o óbvio, uma rasteira, uma cabeçada, num vaso, uma poça de sangue, uma mãe a chorar... eu armado em forte: ó mamã não é nada, caí sozinho (o mal estava feito, que interesse tinha que o mano fosse castigado... olhando para trás, orgulho-me da minha não mesquinhice) ... a testa rasgada, muitos pontos (ainda hoje conservo uma linda cicatriz), coitadinho do menino... algumas viagens de burro para fazer o tratamento...
Já percebi que continuando este texto faria um exercício que aprecio, «auto-elogiar-me» ou elogiar-me a mim próprio [como diria o Miguel Sousa Tavares, que se acha o máximo e tem umaa marrafita tão gira]
Termino, portanto.

Os irmãos... ok, são uns gajos que cresceram comigo, não os conheço e eles não me conhecem... acho ridículo, as histórias, dos manos, das manas ... amigos, escolhemos, irmãos, não (abro um parénthesis para dizer que o meu mano nº 2 me ofereceu um bilhete para o Sporting - Newcastle, talvez um dos dias mais felizes...) assistimos juntos, abraçamo-nos (acho que lhe perdoei nesse dia a cicatriz).
O meu mano nº 1 (o dos calcanhares) caiu da ponte (desta ponte) por duas vezes, é um sobrevivente, na próxima época acreditará em santos...

Do ponto de vista dos irmãos, os outros são gajos com que temos que viver (conviver)... a culpa não foi nossa.

quinta-feira, junho 08, 2006

373 - num frio e ventoso entardecer de Abril


Foi, precisamente, num frio e ventoso, entardecer de Abril que o Dr. Vasco, José Vasco (o tal das mãos vermelhas) me pôs na vida.
Normalmente, nascer é sinónimo de alegria; para os meus pais aquele dia 29 foi decepcionante ... outro gajo? pensaram...
Enfim... foi o que se pôde arranjar...

Quando a nossa existência é um fardo para outros, resta-nos torná-la o mais leve possível, sermos nós a assumi-lo, a assumirmo-nos, desfardarmo-nos de nós, desatarmo-nos de outros...

O que tem o livro da ilustração a ver com isto, nada, talvez, tudo. A mítica colecção vampiro ( vinte cêntimos, 2ª mão [claro!] Colombo, Lisboa) só pela capa teria valido a pena, Lima de Freitas no seu melhor, a mão (as mãos?) que o escreveram, escrevem muito bem...

Depois o que não se vê, Kiss (4) and (3) Kill (4) ... um título, uma táctica de futebol... beijar, matar (concretizar).

O livro, ainda, como projecto político ... publicado em 1969, Rua dos Caetanos? coincidência? [quem era o presidente do Conselho (não concelho) em 1969?].

[um «post» onde se fala da casa de saúde de Abrantes, Lima de Freitas, Mamã e Papá, Ellery Queen, Marcello Caetano, Colombo, Manos, Vampiros, Futebol, Livros, Ruas, Beijos, Morte, Mitos, Datas, José Vasco, Cores, Sentimentos ... tudo isto, antes do banhinho e da gravatice (é obra!)]

372 - unaVAIlable, VAI TU!



Não sou gajo de dormir...
Cada vez durmo menos, ontem, hoje, deparei-me com este espectáculo... desculpe lá, sr. blogger, uma pessoa tem compromissos, tantas meninas que ontem queriam escrever comentários fantásticos, tantos gajos que me queriam insultar (ou não) e afinal...

Pronto... desabafei, os peritos (as peritas) em grafologia que opinem...

terça-feira, junho 06, 2006

371 - a minha costela comunista [1.]


Vós podeis chamar-me louco;
Democrata; socialista...
E comunista também
Que sou de tudo isso um pouco,
Pois sou uma coisa mista
Do bom que tudo isso tem!

Volto de novo ao passado
Vou pr'os campos guardar gado,
Tal como outrora fiz...
Dentro da minha desgraça,
Nada o mundo tem que eu faça
Que me torne mais feliz...

António Aleixo

Foram mãos vermelhas, as primeiras que me tocaram, ouvi com (doze, treze anos) muitas histórias de comunismo, dos bons (os camaradas) e dos maus (os pides, os fascistas), das lutas heróicas nos campos de trigo... a pessoa que as contava tinha a legitimidade de aliar a teoria à prática (nunca casou, excepto com o Partido), trabalhava, voluntariamente, em todas as iniciativas vermelhas, incluindo a Festa.
Devorei obras realistas e néo-realistas, (os subterrâneos da liberdade [Jorge Amado] e os miseráveis [Victor Hugo] são, provavelmente, as obras que mais me marcaram [ainda não li nada da Margarida Rebelo Pinto, poderei, portanto, mudar de opinião])... já para não falar em obras, claramente, ideológicas, Marx, Engels, Mao, Bento de Jesus Caraça, Luis Sá (vários escritos sobre a regionalização, mas, não me convenceu).
Tudo isto para dizer que aprecio pessoas com convicções, pessoas que lutam por ideais e que o fazem despidas de interesses (económicos ou outros).
Tudo isto para dizer que gostei muito deste comentário vermelho, vestido de branco...

segunda-feira, junho 05, 2006

370 - oh, my god...

Diz-se que quando Deus criou o mundo, para que os homens prosperassem, concedeu-lhes duas virtudes:

a) Aos suíços, fê-los ordenados e cumpridores da lei
b) Aos ingleses, fê-los persistentes e estudiosos
c) Aos japoneses, fê-los trabalhadores e pacientes
d) Aos italianos, alegres e românticos
e) Aos franceses, fê-los cultos e refinados.
Quando chegou aos portugueses..., voltou-se para o anjo que tomava notas e disse:

- Os portugueses vão ser inteligentes, boas pessoas e vão ser do Benfica.
Quando acabou de criar o mundo, o anjo disse a Deus:
- "Senhor, deste a todos os povos duas virtudes e aos portugueses três. Isto fará com que prevaleçam sobre todos os demais"
Então Deus reflectiu e disse:
- " É pá!... Tens razão...bom como as virtudes divinas não se podem tirar... que os portugueses, a partir de agora, possam ter qualquer das três, mas que a mesma pessoa não possa ter mais do que duas virtudes de cada vez.

Assim seja que:
1. Português que seja do Benfica e boa pessoa, não pode ser inteligente.
2. O que é inteligente e do Benfica, não pode ser boa pessoa.
3. O que é inteligente e boa pessoa, não pode ser do Benfica.

Palavra de DEUS

[adaptação de um «e-mail» enviado pela minha amiga Sara (obrigado, querida)]

domingo, junho 04, 2006

369 - pontapé na borracha

Sim, compro DVD's e CD's também.
Quando roubo, gosto de o fazer olhos nos olhos e não, cobardemente, em casa às escondidas.

Dias de futebol, dia para partilhar algo que resultará sempre bem numa conversa de café...
Puxem o tema para a palavra futebol, façam oa pergunta:
- Sabes porque se chama futebol
- É pá, obviamente, porque é jogado com os pés

O vosso interlocutor estará enganado, chama-se futebol porque é jogado a pé, os desportos ditos aristocráticos eram praticados a cavalo (o pólo, a caça à raposa...).

O futebol representa a democratização da coisa, o momento em que o homem saiu de cima do animal para tomar atitudes animalescas [atitudes do sr. Cristiano Ronaldo, por exemplo].

outros pontapés aqui e ali...

368 - a ponte

A ponte, as cheias, as oportunidades para «chular» uns dinheiritos.
Esta ponte é a ponte do «post» anterior, onde o meu avô se encantou, onde o meu irmão mais velho ficou com os calcanhares destruídos [gosto de recordar a explicação que o médico deu à minha mamã: «os calcanhares do seu filho estão como um copo de cristal que tivesse caído no chão»]
Olho-a, olho esta ponte, como a ponte onde a minha mamã perdeu o pai, poderia ter perdido o filho mais querido [o filho mais velho é sempre o mais querido, é assim].
Vejo-a, não como um obstáculo ao trânsito, mas, como um objecto que mudou a minha vida, a vida da minha família...

A cheia, as cheias são sinónimo de fertilidade [deixaram de o ser quando os políticos começaram a ver as cheias como sinónimo de subsídios] era assim no Egipto, é assim no Ribatejo ... olho as cheias, subjectivamente, vejo-as com a objectividade de quem acredita que se fosse em altura de cheias hoje a minha mamã teria o pai vivo, o meu mano possuiria calcanhares...

Nesta fotografia vemos esta fábrica... estas cegonhas....

367 - pontes sonhadas



Não sou gajo de sonhar, nem a dormir, nem acordado.
Na noite passada tive, no entanto, um sonho onde misturei parte de realidades acontecidas e outras ficcionadas.
Provavelmente, adormeci a pensar neste comentário.
Penso muito em pontes (talvez devido ao meu avô se ter encantado [pai da minha mãe, morreu tinha ela quatro ou cinco anos] ao cair da tal ponte congestionada e que eu atravessei a pé e de bicicleta muitas vezes, tantas vezes).
Penso em pontes como algo onde o importante não é de onde se sai, nem onde se chega, é o caminho que se percorre.
Vejo-as, também, como parte do verbo: apontar, um «aponte» era uma anotação no meu tempo de operário fabril (indústria automóvel) ... «Pedro faz aí um aponte, precisamos de parafusos e de espelhos para as L200» dizia-me o Tó-Zé.
As imagens que ilustram este «post» remetem-nos para Madison, curioso como um filme que vi há tanto tempo, está de repente tão presente.
Lembrar-se-ão que o filme relata várias histórias de amor, duma mulher pelo marido e pelos filhos, dos filhos pela mãe, do marido pela mulher, dum fotógrafo por uma mulher, duma mulher por um fotógrafo ... de todos pela liberdade.
A paixão vista assim é o romance de um dia na estrada, questiona-se tudo para no final ficarem as pontes e as memórias.
As pontes e as memórias, o futuro será o que construirmos hoje, despidos de ambições políticas imediatas, na vida das sociedades, como na vida de cada um de nós o que tem, realmente, valor são aqueles que conseguem olhar para além das aparências, conseguem ver o presente projectado no futuro.

366 - nena

Anos oitenta, os discos ouviam-se dos dois lados e as novidades chegavam-nos através de programas como o Top Disco ou o Top +.
Naquela altura não existia a Mtv, os clips serviam para juntar papel ... existiam os telediscos, como este desencantado pelo amigo António (sabe-se lá onde).
Nena e eu estivemos apaixonadíssimos (ainda hoje me olha do mesmo modo que me olhava quase há trinta anos... tudo de bom para ti miúda, para os filhos, os netos e tal...)

sábado, junho 03, 2006

365 - a minha guerra...



Um «post» sobre inflação [subida generalizada e contínua dos preços], anos 80, taxas de juro, guerra, banda desenhada e futebol...
Inflação, se não me enganei nas contas o livrito em pouco mais de dois meses subiu 16,66%, naquele tempo as taxas de juro (do crédito à habitação) andavam à volta dos 30%, agora são cerca de 3% e se sobem um bocadinho lá os tenho à perna a pedir a «revistação do speed, do spread ou lá o qué isso»; meus amigos quando estou engravatado não o posso dizer (aqui posso) não podem pagar as casas, vendam-nas, façam como eu, uma tendita de campismo...
Poderia elaborar sobre o consumismo e o endividamento para adquirir coisas que os nossos avós nunca imaginaram a existência, mas, não o vou fazer.
Anos 80, nostalgia, apenas, a criança (o puto) o jovem, os melhores anos...
Naquele tempo a guerra era vivida aos quadradinhos, vivia-a, também, nos livros de História, lembro-me que a actual vereadora da cultura de Abrantes (não tem nada a ver com a vereadora dos caracóis, essa é de Constância [mulheres e cultura, parece-me bem]) ficou muito chocada com um trabalho que fiz em que denunciava os abusos cometidos pelos portugueses [durante a guerra colonial] que portugueses, perguntava ela...
Vivemos tempos onde o futebol parece o alfa e o ómega, sempre foi assim, em '84 (europeu de França) os livros de banda desenhada, também, falavam de pontapé na borracha...

sexta-feira, junho 02, 2006

364 - as damas e catarina

Presumo que os meus estimados leitores conheçam estas damas e aquilo que as faz lutar...
Cuba é hoje uma das últimas ditaduras do mundo, um lugar onde as pessoas não são livres.
Neste fim-de-semana realizar-se-á em Beja uma festa alentejana onde as damas estarão presentes [domingo, 4 pelas 11H00, torneio de damas].
Este facto que passará despercebido para muitos, mostra que o PCP abandona a sua atitude de apoio incondicional a Cuba e se coloca do lado das vítimas, não do ditador.
Bem haja, Jerónimo pela abertura, que Catarina tenha em Baleizão a homenagem que merece.
[uma rua para zeca afonso ... aqui]

quinta-feira, junho 01, 2006

363 - criança no mundo

Acorda rapaz o dia rompe, através do sono escuro, abriga o teu corpo de onze anos, tens que ir trabalhar no duro.
No ano passado neste tempo ainda andavas tu na escola, mas, a família cresce e tu és rijo e aqui ninguém pede esmola.
Hoje vais ser homem por quase nove horas... sabes lá das horas!

[dia da criança? pois...]
não é o fim, nem o princípio do fim, é o fim do princípio