segunda-feira, março 28, 2011

0074/2011 - grande cen1, rogér100

ceni, rogério ceni é goleiro, goleiro do tricolor paulista.
goleiro, guarda-redes em portugau, é o cara que tenta evitá o gol.
esse cara, o ceni, é bão pá caramba, bão mesmo, aprontou, frente ao time dum ta' liedson, o centésimo gol da carreira.
bão goleiro, ótimo marcadô em lance de bola cochilada.
o santamargarida parabeniza-te, cara, cem gols, legau, legau mêmo, valeu.
(para as pessoas mais distraídas neste post tento imitar o célebre professor moçambicano, carlos queiroz, a falar brasileiro)

0073/2011 - caminhando como testemunhas do sofrimento e do esplendor do mundo

uma das minhas palavras preferidas é compaixão, no sentido que leonardo lhe atribui.
a capacidade de percebermos o sofrimento do outro e de sofrermos com ele, algo que não é fácil, pois os seres humanos são, intimamente, diversos, potencialmente, inconhecíveis (mesmo pelos próprios).
Os padres do deserto tinham por hábito acolherem numa hospitalidade silenciosa, quando acolhiam um amigo que não viam há muitos anos, não lhe diziam nada. Explicavam: se o meu silêncio não te acolher, a minha palavra ainda menos.
existirá um excesso de verbalidade no mundo actual?
estaremos demasiado dependentes de telemóveis e de redes sociais para comunicarmos?
estará na altura de voltarmos a efectuar reflexões sobre textos, textos mais complexos que sms?
Faço muito o exercício de pedir às pessoas que me falem de um texto. Chama-me muito a atenção o que cada um vê. Fiz o doutoramento sobre um texto de São Lucas e pedia a amigos e desconhecidos para me darem opinião sobre o texto. Fui colhendo coisas que não via. Por isso a hermenêutica bíblica tem que ser aberta.
as citações anteriores são retiradas desta entrevista a josé.
lia-a durante o fim de semana, ollhando o rio e o tejo, maravilhando-me com o sereno voo das rapinas pensando, por associação, nestas palavras: O que não é Deus, é estado do demônio. Deus existe mesmo quando não há. Mas o demônio não precisa de existir para haver.

terça-feira, março 22, 2011

0072/2011 - assassinaram carlos mas as fotografias, também, são imortais

carlos era um gajo como tu, como eu.
mais para o gordo que para o magro.
comia, bebia, ..., gostava de fotografia.
um homem normal, uma vida normal.
nunca foi ex-nada; nunca foi ex-presidente, com polícia à porta e «fundação» descontada nos teus impostos, nos meus impostos.
carlos nunca chulou o meu dinheiro, o teu dinheiro.
era um gajo que gostava de mar, de pintura, de campo e de fotografia.
chamava-se carlos, usava boné e assassinaram-no (a ele e ao filho mais velho).
(diz que foi por uma boa causa que nunca mais seríamos dependentes do dinheiro vindo do estrangeiro, diz  que um gajo chamado lázaro venceria a maratona de estocolmo, diz que a república portuguesa seria a vencedora na primeira guerra mundial, diz que nunca mais teríamos problemas financeiros).
diz-se muita coisa, pá.
carlos está morto mas o antónio (ramalho eanes), o mário (soares), o jorge (sampaio) e o aníbal continuam aí (por aí) a pedirem-nos para lhe depositarmos, no final do mês, dinheirito na conta, para eles fazerem um sorriso alegre, um ar feliz e continuarmos todos pelo melhor, na melhor república (portuguesa) possível. 
nesta república eles reinam c'a gente, pá, a nós rephublicamicam-nos...

0071/2011 - agora é que é, ponte reabre mas continua fechada

não sou eu que digo, é o ribatejo

sábado, março 19, 2011

0070/2010 - santamargarida window blues

às vezes, penso-me.
penso a pessoa que sou.
séries como hill street blues, a balada de hill street ou os azuis de hill street alicerçaram no menino que era, o homem que sou.
era uma série, profundamente, contra os republicanos e os compo(r)tadinhos, era uma série pela democracia, pela bandalhice, pelo povo, para o povo.
é por isso que sou democrata nos estados unidos e na república portuguesa.
os democratas, os azuis defendem a democracia; os vermelhos, os republicanos, os bushes, a república.
azul, da cor do céu e dos sonhos.
azul, caminhando numa estrada de neve (a cor da bandeira de portugal; azul e branca).
azul... como um sonho assassinado no terreiro do paço, à espera que a democracia seja, novamente, restaurada e que se corram com os vassalos do império pRussiano.

0069/2011 - japon, la vie en prose

terá sido o diplomata francês paul claudel a definir o arquipélago japonês: repose comme un groupe de nuages solidifiés au sein d’un océan sans bornes qualquer coisa que eu traduziria por: um bando de sólidas nuvens no seio de um oceano sem limites.
como sabemos as nuvens não são sólidas (daí a beleza da imagem) obedecem ao sopro caprichoso do vento e desfazem-se em lágrimas chovidas de felicidade ou de fatalidade.
a água tem três estados, o sólido, o líquido e o gasoso, o japão, de algum modo, também, esperemos, rezemos (quem é de rezar) que volte, rapidamente, a ser sólido, que para o bem de todos não se torne gasoso...
o artigo fala-nos na fragilidade da vida, que a fragilidade possa ser transformada em força construtiva, com coragem, com determinação e com muita esperança.

quinta-feira, março 17, 2011

0068/2011 - finalmente, ponte reabre no próximo dia 20 de março

A Ponte irá reabrir ao tráfego a partir do próximo dia 20 de Março, segundo um comunicado da Estradas de Portugal.
No entanto, até à conclusão dos trabalhos de reabilitação, o tráfego na ponte irá manter-se condicionado.
O corte total de tráfego teve início no dia 20 de Dezembro de 2010. Tal como foi então anunciado, três meses depois, será novamente possível efectuar a travessia do rio Tejo.
Os trabalhos de reabilitação que incluem a pavimentação, substituição das juntas de dilatação e colocação de iluminação pública e decorativa na ponte, estarão concluídos até final do mês de Abril, “possibilitando assim a sua integral utilização na época do ano em que actividade agrícola aumenta substancialmente e se inicia o período de colheitas”, refere o comunicado da Estradas de Portugal.

quarta-feira, março 16, 2011

0067/2011 - pai, pele, rio, estrada e água verde sol que ameaça sorrir

às vezes o título diz, outras, apenas, sugere.
este título diz.
é uma imagem obtida da margem sul a olhar a margem norte.
a ver a praia no ribatejo ou o paio (sorte) na pele.
uma imagem da margem esquerda do tejo, na berma da nacional cento e dezoito.
a primeira palavra, pai, meu pai.
um homem da margem norte, filho dos caprichos da linha férrea.
uma personalidade moldada nas margens do rio tejo, na vizinhança do ferro como caminho e na arte de trabalhar a madeira, na juventude.
água, terra, ferro e fogo.
penso-me, pensando, meus pais e meus avós.
penso na maneira como todos os quatro elementos continuam presentes na minha (na nossa) vida.
minha avó paterna era analfabeta mas tinha uma bandeira que orientava comboios e destinos.
meu avô materno morreu cedo, muito cedo, hoje chamar-lhe-iam «um artista autodidacta que da madeira fazia poesia» prefiro pensá-lo como um marceneiro, pai de família que se encantou com trinta e poucos anos.
minha avó materna era uma menina, mulher, um corpo envolto em negras vestes, um sorriso puro, como se as rugas fossem, apenas, o reflexo da terra dura que trabalhava; a terra é enrugada... o rosto de quem  a trabalha, também (à atenção das mimis, das kikis e das lilis; as rugas são os caminhos que a vida nos vai marcando no rosto, na alma).
meu avô paterno era uma bondade feita revolta, um misto de tolerância e inconformismo, uma mistura explosiva de regras e de excepções; um homem sério, um homem a sério.
gosto de pensar nos meus pais como tudo aquilo que disse antes, todas as qualidades e defeitos caldeados com varinha mágica.
meu pai do norte e da madeira na serração do vieira, do cruz, dos vieira da cruz.
minha mãe do sul, da lezíria, da terra, duma ancestralidade feita viagem e permanência.
pai, mãe, avós ou, apenas, reflexões irreflectidas num barco estacionado na borda da minha estrada.

terça-feira, março 15, 2011

0066/2011 - a presidenta, as pilas de mourinho e o cristão que queria ser messi

era uma vez um jovem que ia ser baptizado. pergunta-lhe o padre: estás aqui porque queres ser cristiano (cristão)... não, não, eu quero ser messi.
para quem está habituado à subserviência que os políticos portugueses apresentam perante os presidentes dos grandes clubes de futebol, é uma lufada de ar fresco, esta mulher, com as entranhas roídas pela doença do caranguejo.
conta anedotas a florentino e manda-o tomar conta de mourinho: Tú ocúpate de que 'Mou' se ponga las pilas.

terça-feira, março 08, 2011

0065/2011 - incertezas deliciosas ou deliciosas incertezas

incertezas.
mais logo.
duas equipas com um delicioso futebol.
sem mind games.
sem acusações manhosas.
um gentleman francês sorrindo no banco inglês.
um gentleman catalão sorrindo no banco catalão.
dois gentlemen, dois teams.
um jogo.

0064/2011 - dom pedro e o dia vinte e nove de abril

vinte e nove de abril de mil oitocentos e sessenta e dois.
vinte e nove de abril de mil novecentos e sessenta e oito.
vinte e nove de abril de dois mil e onze.
uma data realmente importante.

domingo, março 06, 2011

0063/2011 - um menino chamado francis

um homem com trinta e dois anos e um límpido sorriso de menino.
um menino que veste de verde e a branco tem escrito no peito o nome da pátria: portugal e parte do nome do clube que traz no coração: sporting clube de portugal.
um menino, homem, campeão da europa nos sessenta metros em pista coberta.

0062/2011 - ivo, a leveza dum santo de pau, vestido por monjas de carne e osso


não gosto muito da denominação imagem de roca, até porque esta roca não tem fuso, embora as imagens sejam objectos artísticos que têm e tiveram uso.
prefiro chamar-lhes: imagens de vestir.
gosto de as pensar como um corpo despojado onde, apenas, o rosto/a cabeça/o cérebro, é importante.
a roupa que se lhes veste faz toda a diferença.
nestes casos o hábito faz o monge, as vestes fazem o santo.
imaginemos este santo ivo vestido com um hábito franciscano, um livro e um menino.
seria um santo antónio.
é interessante olharmos uma realidade e podermos imaginá-la dum modo outro.
podemos, também, imaginar as mãos femininas que o foram vestindo ao longo dos tempos.
esta imagem é proveniente do convento de nossa senhora da graça, extinto pelo decreto-lei do mata-frades em 1834 mas com a especificidade que os conventos de clausura femiminos só seriam, formalmente, extintos quando fosse para o céu a última religiosa que neles vivesse.
chegou assim, até nós, este santo ivo, memória duma época, memória dos sítios...

sábado, março 05, 2011

0061/2011 - uma chuva melancólica caía na orla da margem

George Washington jazia adormecido e completamente exausto. Atrás na floresta, buliu um veado que andava a pastar. O nosso vigia sentiu-se mais tranquilo. Havia ali bom pasto para aqueles animais, e este demorar-se-ia ali por algum tempo. Se qualquer inimigo se aproximasse, pô-lo-ia em fuga e assim alertaria o vigia.
Uma chuva melancólica que, em breve se transformou em neve e saraiva, chicoteava as árvores. Cristopher Gist estremeceu e aninhou-se mais junto da pequena fogueira que acendera na orla da margem. A noite sem fim seguia o seu curso, e, quando finalmente o primeiro laivo triste da manhã luziu frouxamente no céu tempestuoso, George Washington sentou-se. [p.145]

0060/2011 - ivo, um santo despido, vestido de dar

santo iago. sant'iago. são tiago.
santo ivo. sant'ivo. são tivo.
felizmente (graças a deus) a ivo não aconteceu o mesmo que a iago.
conhecemos ivo, como ivo e não como tivo.
ivo poderia dizer com propriedade: tive.
ivo teve.
teve sabedoria e fortuna.
sabedoria e fortuna que deu aos pobres, que distribuiu pelo povo.
na aberta mão, direita, de ivo, vemos (de algum modo) o nosso coração fechado.
a incapacidade de dar, de nos darmos.

quarta-feira, março 02, 2011

0059/2011 - grande equipa, grande treinador, grande miúdo, grande vitória

na época passada por esta altura o real madrid era comandado pelo chileno pellegrini.
pellegrini conseguiria a melhor pontuação de sempre para o clube branco da capital espanhola e discutiria o primeiro lugar em la liga até à última jornada (a diferença entre barça e real foi, apenas, de três pontos)
agora pellegrini treina o málaga.
o clube do ditador franco é orientado pelo melhor treinador do mundo
o melhor treinador do mundo está a dez pontos do pior treinador do mundo.
amanhã teremos um pellegrini vs. melhor treinador do mundo; um real madrid vs. málaga.

terça-feira, março 01, 2011

0058/2011 - contém sulfitos, erros ortográficos e literatura

a ideia é uma ideia boa, uma ideia bela.
literatura e vinho branco.
o texto do rótulo:
Nos caminhos e com os amigos que são muitos, aprende a lidar com a navalha e com o pau. Avança pelo tempo, e, entre voltas a Aveiro, joga ao pau com um brutamontes, encantando uma cachopa que, por amor a outra, prima direita ajuramentada, deixa ficar com o coraçãozinho em brasa.
o problema é a literatura do contra-rótulo (chamar-lhe-emos assim).
numa pseudo-prosa-poética (por assim dizer) fala-nos, conta-nos que: Os vinhos brancos Terras do Demo, jóvens, notávelmente frescos e florais 
jovens, frescos e florais?
estamos a falar dum vinho gay ou quê?
e continua:
vestem no Malhadinhas a vivacidade marialva [afinal não é um vinho gay] de um frutado expressivo a "malvasias" e "gouveios", um espírito tónico, sóbriamente elegante.
malvasias e gouveios remetem-nos para castas, palavras com as quais se etiquetam bagos d' uvas.
uma ideia bela, uma ideia boa, atraiçoada por alguém que poderá ter aprendido como lidar com a navalha e o pau mas não aprendeu a lidar com advérbios de modo não acentuados nem com uma juventude não assentada que não carece de acento.
não é o fim, nem o princípio do fim, é o fim do princípio