quarta-feira, fevereiro 15, 2006

172 - Não me faz preciso II



[continuação]

"O homem é a medida de todas as coisas" disse Héraclito, espero não estar enganado, bem, pelo menos aproveita-se isto: "No se puede uno bañar dos veces en el mismo río", a água que corre nunca é a mesma... como diria Aleixo.

Aparentemente, a fotografia não ilustrará o texto (podemos ampliá-la, "clicando).

São importantes as localidades referidas, mais importante, a cobardia de quem, anonimamente, danificou um património que todos nós pagámos com o suor do nosso rosto e com o dinheiro dos nossos impostos.

É fácil ser-se valente escudando-se no anonimato, difícil é dar a cara.

Não sei se me faz preciso, sabe eu não sei ler, mas levantei-me às cinco da manhã, pois, não quero que a minha filha seja como eu, quero que ela compreenda as letras que fogem debaixo dos filmes...

Recordo o rosto daquele homem, recordo que eu estava num plano mais alto, recordo um rosto digno, uma frase dita com sinceridade: "esses livros que o senhor vende, fazem, mesmo, falta à minha filha?"... recordo, dizer-lhe: "Aquilo que faz falta à sua filha é reconhecer o pai que tem, diga-lhe para estudar, estes livros são bons, ser-lhe-iam úteis mas imprescindíveis são os livros da escola [obviamente, utilizei uma linguagem mais informal que não recordo após vinte anos e soaria anedótica se a tentasse reproduzir].

Recordo muitas vezes aquele rosto quando me falam em negócio, ao contrário deste condecorado, acredito que os fins não justificam os meios, orgulho-me de ter prescindido de 5 000$00 há vinte anos, faziam-me falta, acredito que faziam muito mais falta ao senhor, ao Homem que se levantava às cinco da manhã para tratar do gado, para que a sua filha pudesse ler as letras que fugiam debaixo dos filmes.

não é o fim, nem o princípio do fim, é o fim do princípio