segunda-feira, agosto 06, 2007

904 - sofrer ... vencer

Há coisas que nos fazem sofrer, outras sentirmo-nos vencedores.
Acredito que sem sofrer não conseguimos nada.
Não acredito nos que que passam do banco de aluno para o estrado de professor.
Acredito nos que colam etiquetas em garrafas de vinho e conseguem dissertar sobre as imagens contidas nas mesmas.
Acredito nos que olham esculturas e sabem que um invisual efectua um varrimento com a bengala e a seguir cai de costas porque esbarrou em algo...
Acredito nos que abdicam hoje porque acreditam no amanhã.
Acredito que uma, aparente, derrota... será uma vitória.
Acredito que a semente fecundará.
Não acredito em estrelas, em destinos, em búzios, em abelhas a comerem caracóis, em signos, em cartas e tal...
Acedito em Pessoa (em pessoas)
Acredito em caminhos, em caminheiros, em caminhantes
Acredito...

5 Comments:

Blogger r said...

Bolas!... e eu com esperança que abrisses aqui uma secção de astrologia e tal, afinal, não acreditas em signos.

segunda-feira, agosto 06, 2007 12:50:00 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Temos de acreditar,acreditar é lutar,nada é impossivel.

O poeta è um fingidor,
Finge tão completamente,
Que chega a fingir que é dor,
A dor que dveras sente.

(Fernando Pessoa)

segunda-feira, agosto 06, 2007 6:47:00 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Uma tarde com Pessoa.

Há metafísica bastante em não pensar em nada.

O que penso eu do mundo?
Sei lá o que penso do mundo!
Se eu adoecesse pensaria nisso.

Que ideia tenho eu das cousas?
Que opinião tenho sobre as causas e os efeitos?
Que tenho eu meditado sobre Deus e a alma
E sobre a criação do mundo?
Não sei. Para mim pensar nisso é fechar os olhos
E não pensar. É correr as cortinas
Da minha janela (mas ela não tem cortinas).
O mistério das cousas? Sei lá o que é mistério!
O único mistério é haver quem pense no mistério.
Quem está ao sol e fecha os olhos,
Começa a não saber o que é o sol
E a pensar muitas cousas cheias de calor.
Mas abre os olhos e vê o sol,
E já não pode pensar em nada,
Porque a luz do sol vale mais que os pensamentos
De todos os filósofos e de todos os poetas.
A luz do sol não sabe o que faz
E por isso não erra e é comum e boa.

Metafísica? Que metafísica tem aquelas árvores?
A de serem verdes e copadas e de terem ramos
E a de dar fruto na sua hora, o que nos faz pensar,
A nós, que não sabemos dar por elas.
Mas que melhor metafísica que a delas,
Que é a de não saber para que vivem
Nem saber que o não sabem?

"Constituição íntima das cousas"...
"Sentido íntimo do universo"...
Tudo isto é falso, tudo isto não quer dizer nada.
É incrível que se possa pensar em cousas dessas.
É como pensar em razões e fins
Quando o começo da manhã está raiando, e pelos lados das árvores
Um vago ouro lustroso vai perdendo a escuridão.

Pensar no sentido íntimo das cousas
É acrescentando, como pensar na saúde
Ou levar um copo à água das fontes.

O único sentido íntimo das cousas
É elas não terem sentido íntimo nenhum.

Não acredito em Deus porque nunca o vi.
Se ele quisesse que eu acreditasse nele,
Sem dúvida que viria falar comigo
E entraria pela minha porta dentro
Dizendo-me, aqui estou!

(Isto é talvez ridículo ao ouvidos
De quem, por não saber o que é olhar para as cousas,
Não compreende que fala delas
Com o modo de falar que reparar para elas ensina.)

Mas se Deus é as flores e as árvores
E os montes e o sol e o luar,
Então acredito nele,
Então acredito nele a toda hora,
E a minha vida é toda uma oração e uma missa,
E uma comunhão com os olhos e pelos ouvidos.

Mas se Deus é as árvores e as flores
E os montes e o luar e o sol
Para que lhe chamo eu Deus?
Chamo-lhe flores e árvores e montes e sol e luar;
Porque, se ele se fez, para eu o ver,
Sol e luar e flores e árvores e montes,
Se ele me aparece como sendo árvores e montes
E luar e sol e flores,
É que ele quer que eu o conheça
Como árvores e montes e flores e luar e sol.

E por isso eu obedeço-lhe,
(Que mais sei eu de Deus que Deus de si-próprio?),
Obedeço-lhe a viver, espontaneamente,
Como quem abre os olhos e vê,
E chamo-lhe luar e sol e flores e árvores e montes,
E amo-o sem pensar nele,
E penso-o vendo e ouvindo,
E ando com ele a toda hora.

_______________________

«Não acredito nos que que passam do banco de aluno para o estrado de professor.»

Confesso que o estrado me era bastante útil, com ele conseguia escrever sem ser a partir do meio do Quadro. Desde que os aboliram (persistem alguns ícones de Jesus na cruz)o meu ombro direito ressente-se um pouco.

Não há destino nenhum!... a não ser o que cada um constrói.

terça-feira, agosto 07, 2007 6:37:00 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Vá lá, acredita!!

terça-feira, agosto 07, 2007 10:39:00 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Abelhas a comerem caracóis?
De que reino é essa cadeia alimentar?

quinta-feira, fevereiro 07, 2008 11:07:00 da tarde  

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