quarta-feira, fevereiro 20, 2008

1212 - chamo-me esmeralda e quero ser feliz...

Temos seis anos e dizem-nos que aquele homem ali é o nosso pai “verdadeiro”. Ele vem ter connosco à escola uma vez por semana e brinca, leva-nos a lanchar, a passear, ao parque infantil. Nunca estivemos mais que uma hora ou duas com ele, não lhe conhecemos a casa. Mas daqui a dois meses vamos ser-lhes entregues. Vamos ser dele. Alguém devia conseguir explicar-nos porquê. Uma explicação que fizesse sentido, e não uma coisa do género “porque os juízes decidiram”. Afinal, a justiça deve ser para perceber. Até por crianças, se for caso de lhes decidir a vida.
Chamo-me Esmeralda, o meu papá quer-me muito...
Tenho vivido com uns senhores que me chamam Ana Filipa e que não me são nada.
Os jornalistas acham que eles deviam ser meus pais e chamam-lhes «pais afectivos».
Eu só queria que me deixassem ser uma menina como as outras, queria viver com o meu verdadeiro pai, queria que aqueles senhores que me obrigaram a andar dum lado para o outro durante todos estes anos cumprissem aquilo que os tribunais determinaram.
Sabe, Dona Fernanda, gostaria que os jornalistas e os psicólogos me deixassem em paz.
Gostaria de deixar de ser o Caso Esmeralda e passar a ser, apenas, a Esmeralda, filha de Baltazar, não é pedir muito, pois não?

20 Comments:

Blogger pedro oliveira said...

A negro (como a vida da criança, esperemos que ela, ainda, possa ser feliz com o pai) imaginei a carta que Esmeralda escreveria se pudesse, se a deixassem ser ela própria e não um ursinho de peluche de pais que não são pais e de jornalistas que julgam as suas opiniões mais importantes que os Factos e a Lei.
Dura lex, sed lex.
Baltazar é culpado de quê, afinal?
Ter feito amor com uma mulher?
Dura lex, sex less... deve ser isto que os jornalistas «modernaços» advogam, uns fazem os filhos, outros «roubam-os» e autodenominam-se: pais afectivos.

quarta-feira, fevereiro 20, 2008 8:46:00 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

O "pai" efectivo deve ser do tipo tolo , que quando se tenta pôr-lhe bom senso na cabeça, diz que é tolice.

quarta-feira, fevereiro 20, 2008 9:05:00 da tarde  
Blogger r said...

boa noite, amigos.
chamo-me Rosa e quero ser feliz...

quarta-feira, fevereiro 20, 2008 9:24:00 da tarde  
Blogger r said...

«queria viver com o meu verdadeiro pai»

O que é um verdadeiro pai, Pedro?




Baltazar é culpado de não ter assumido a paternidade desde o primeiro momento e, antes disso, de não ter passado primeiro na farmácia.

A biologia, determina tanto, só por si, a paternidade, como a terra onde nasci, só por si, determina a pessoa que sou (ou cada um). Ou seja: Alguma coisa. Somente!

quinta-feira, fevereiro 21, 2008 4:55:00 da tarde  
Blogger pedro oliveira said...

«Baltazar é culpado de não ter assumido a paternidade desde o primeiro momento e, antes disso, de não ter passado primeiro na farmácia»

Baltazar assumiu a paternidade desde o momento que a república portuguesa o obrigou a efectuar testes de ADN.
1. A república obriga-o a efectuar testes de ADN.
2. A república diz: tu és pai
3. Baltazar diz: sou pai, quero a minha filha para a educar.
4. A república diz: a filha é tua, educa-a.
5. Há uma sargento da república que há cerca de cinco anos se recusa a cumprir a determinação da república.
O que pode Baltazar fazer?
Quando à segunda questão (o comentário poderá parecer machista) não foi Baltazar que engravidou, pois não, como diabo poderia o pobre rapaz saber que era suposto tomar precauções?
Aliás o seu comportamento posterior mostra-nos que ele quer assumir a paternidade da criança ao contrário da mãe e dos supostos «pais afectivos» que coitadinhos não sabiam que estavam a cometer uma ilegalidade...
Será que nunca tinham ouvido falar nos mecanismos legais de adopção?

quinta-feira, fevereiro 21, 2008 7:54:00 da tarde  
Blogger r said...

Discutir aquilo a que chama factos, é mais fácil, não é?, pelo que, ignorou propositadamente a questão fundamental de se saber o que é um verdadeiro pai.

Já entendi a sua perspectiva, em relação a este caso, pelo que, dou por terminado o meu interesse em questionar-lhe seja o que for. Por outro lado, o parágrafo: «Quando à segunda questão (o comentário poderá parecer machista) não foi Baltazar que engravidou, pois não, como diabo poderia o pobre rapaz saber que era suposto tomar precauções?», não me parece machista, ele é, penso (eu): abjectamente redutor!
Se, está a ser irónico, parabéns pelo escrito, se, de todo, tal, traduz o seu pensamento quanto à responsabilidade do planeamento familiar, lamento que, com a sua idade, educação e formação, assim pense.

Não perco mais tempo com o assunto, sabe porquê?

1. A criança crescerá «lesada», seja de que modo for.
2. O biologismo é uma anedota redutora da humanidade.

quinta-feira, fevereiro 21, 2008 8:28:00 da tarde  
Blogger pedro oliveira said...

«não me parece machista, ele é, penso (eu): abjectamente redutor!
Se, está a ser irónico, parabéns pelo escrito, se, de todo, tal, traduz o seu pensamento quanto à responsabilidade do planeamento familiar, lamento que, com a sua idade, educação e formação, assim pense»

Planeamento familiar?
É para rir?
Com a actual lei do aborto, um casal casado (pelo civil e por uma qualquer igreja) pode planear o que quiser, pois a decisão será sempre da mulher.
Não é tema que me apeteça discutir numa caixa de comentários.
Quanto à questão fundamental o que é um verdadeiro pai, lembro-lhe um gajo de cabelo comprido e barba, calçado com umas sandálias que há mais de dois mil anos dizia: Pai, Pai, porque Me abandonaste e o gajo era filho de Deus (dizem), Rosa.
Por isso se até o Grande Construtor (tenho leitores de várias sensibilidades) deixou o filho a estrebuchar na cruz, sei lá o que é um verdadeiro pai, Rosa.
Sei que o sargento, não o é e que a Baltazar não o deixam ser, era isso que estava em discussão, cara comentadora.

quinta-feira, fevereiro 21, 2008 9:02:00 da tarde  
Blogger r said...

Seguindo a sua apetência para desviar o rumo à conversa, pergunto-lhe:

- Quer discutir cristologia?

É um tema que muito me interessa, mas pela sua descrição deve estar a remeter para alguma encenação cinematográfica.

«Eu só queria que me deixassem ser uma menina como as outras, queria viver com o meu verdadeiro pai,»
A afirmação foi sua, pelo que, pensei,que nos podia explicitar o conceito de «verdadeiro pai», vejo agora que foi uma mera afirmação gratuita.

quinta-feira, fevereiro 21, 2008 9:25:00 da tarde  
Blogger r said...

«Sei que o sargento, não o é e que a Baltazar não o deixam ser, era isso que estava em discussão, cara comentadora.»


Uma criança, serve de objecto ou instrumento para que, determinado ser, exerça um papel?

(Deixe lá, que nem me interessa discutir o assunto. Fique com a sua «facto-logia» qu'eu levo a minha busca-de-fundamento, ok!)

quinta-feira, fevereiro 21, 2008 9:30:00 da tarde  
Blogger r said...

(O número 10 é mais redondo, por isso faço outro comentário)

Recuso-me, de todo, a discutir consigo ou com quem quer que seja, outra vez, a questão do aborto, da mulher, quem decide ou não... numa caixa de comentários. Como já lhe disse, há meses, numa relação estável entre adultos, o aborto, respeita ao casal. Bem vejo, que se deixa influenciar pela propaganda do: «o corpo é meu» e a barriga, e o útero, e as pernas,...etc... nem me gasto!...

quinta-feira, fevereiro 21, 2008 9:37:00 da tarde  
Blogger madalena said...

Então o sr pedro oliveira não sabe de que é que o Baltasar é culpado?
Eu passo a explicar: ele é culpado de ter negado sustento à filha desde o nascimento, sabendo que a mãe não tinha posses para criá-la. Esteve-se nas tintas para o destino da criança. Isto não é ser pai, é ser irresponsável ou até criminoso.

quarta-feira, março 05, 2008 9:54:00 da tarde  
Blogger pedro oliveira said...

Madalena,

O Sr. Baltasar assumiu a paternidade desde o momento em que se soube pai, isso é inquestionável e foi provado em tribunal.
Obviamente este é um caso que levanta muitas questões, por exemplo:
- Quando engravidou a senhora brasileira vivia na república portuguesa legalmente?
- Foram investigadas as movimentações bancárias no período da transacção da criança?
- Houve uma sedução consciente da senhora brasileira, sabendo-se em período fértil e impedindo Baltasar de usar camisinha, dizendo: «qual é? pensa que sou vulgar é? não tenho doença, não, pensa o quê? que sou alguma Carolina Salgado?, não trabalho em alterne, não, olha cara, sou uma mulher limpa e se vou transar é por gostar de você, tomo minha pílula, tem medo não, se você insiste em utilizar esse negócio da camisinha é porque não tem confiança em mim... agora se você me quer, me ame, estou louca por você... »(etc e tal)?
Não sabemos o que aconteceu.
Sabemos que o sargento e a mulher Lagarto sequestraram uma criança, o desconhecimento da lei não aproveita a ninguém e um homem que tem por missão defender a república deveria, deverá saber que essa república tem leis e que há mecanismos legais para adoptar uma criança.

quarta-feira, março 05, 2008 10:16:00 da tarde  
Blogger r said...

Caríssimo, até qu'enfim, chega aqui outra mulher e com grande nome, para lhe mostrar o óbvio.
Vou seguir atentamente este debate.

quarta-feira, março 05, 2008 10:23:00 da tarde  
Blogger Unknown said...

Para Rosa e Madalena

A título de sugestão, deixo-lhes a proposta da consulta do seguinte blog: www.esmeralda-sim.blogspot.com

Gostaria de posteriormente ouvir os vossos comtários.

sexta-feira, março 07, 2008 4:21:00 da tarde  
Blogger r said...

José, não pode ouvir o meu comentário por dois motivos e, exactamente, por esta ordem de preferências:

1º Não vou ler um «blogue» inteiro, logo: não posso fazer qualquer comentário.

2º Ainda não foi criado, na caixa de comentários, um sistema que permita a audição.

sexta-feira, março 07, 2008 6:34:00 da tarde  
Blogger r said...

«Quanto à questão fundamental o que é um verdadeiro pai, lembro-lhe um gajo de cabelo comprido e barba, calçado com umas sandálias que há mais de dois mil anos dizia: Pai, Pai, porque Me abandonaste e o gajo era filho de Deus (dizem), Rosa.»

Exactamente, por ser Filho de Deus,- o Messias - feito Homem, tem Ele, um momento de «dúvida»/questionamento. Deus Encarnado, deu à Humanidade o seu Filho.

sábado, março 08, 2008 1:00:00 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Como a compreendo Rosa.

A si e a muita boa gente, que de uma forma fugaz, consome o "fast food" noticioso.
Como a compreendo. Dá muito trabalho ler e avaliar factos, explorar acórdaos e compreender o porquê de determinadas decisões judiciais.
Nem tudo o que brilha é ouro, e a minha sugestão era tão só mostrar-lhe a outra versão dos factos-a verdadeira.

Mantenho-lhe a sugestão para, da próxima vez que emanar opiniões, se dê ao pequeno "esforço" de tentar perceber do que está a falar.

Por Bem

sábado, março 08, 2008 1:35:00 da tarde  
Blogger r said...

Obrigada José, pela compaixão-compreensiva manifesta.
Tem toda a razão quando me encaixa na formatação factológica do «fast food» acrítico e fugaz noticioso, essa empresa que fabrica consciências colectivas submissas.

Agora vou penitenciar-me por emanar opiniões desprovidas de fundamento no Direito. Não sei se dez Salvé-Rainhas...

sábado, março 08, 2008 1:46:00 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Não tem que agradecer Rosa.
Também não precisa de se penitenciar, basta somente ler um dos acórdãos se encontram disponíveis na net. Por ex: http://www.inverbis.net/index2.php?option=com_content&do_pdf=1&id=139

Se servir de penitência, então seja.

Fique bem.

sábado, março 08, 2008 2:19:00 da tarde  
Blogger r said...

Grata, já ía na 10ª Salvé-Rainha.
Não posso é ir ler a sua sugestão, hoje, pelo menos. Vou investir noutra leitura que me tomará o fim-de-semana inteiro.

Fico feliz por saber de alguém interessado em educar quem vive nas sombras do «fast-food» noticioso (eu, claro); especialmente hoje que os educadores-professores foram à capital do reino indignar-se pela empregabilidade (a deles)e, mais, no Dia Internacional da Mulher, aqueles seres magnificos que, em «massa» continuam, pelo mundo fora, a serem tratados abaixo de lixo (até esse se recicle, já) e concebidos como corpo desprovido de sistema nervoso central e córtex cerebral.
Muita grata José. Um abraço para si.

sábado, março 08, 2008 2:43:00 da tarde  

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