quarta-feira, julho 25, 2007

881 - o aparelho

(...) que os cidadãos, pela abstenção (...) punam e corrijam os desvios e o afunilamento dos partidos políticos. Há mais vida para além das lógicas de aparelho.

3 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Realmente seria necessário corrigir este modo de «ser-aí» e Platão que dê voltas no túmulo, porque é um Poeta que toma em mãos os destinos da polis. Uma polis despolitizada (já te tinha dito) fundada nessa matriz histórica que criou (continua criando) um fosso entre os decisores e as vidas concretas dos cidadãos[(?)também já te tinha dito].

Há outras lógicas sim, tal como em estomatologia são múltiplos os aparelhos correctores. E é fantástica [como sempre] a analogia que estabeleces.

esse medo-traumático-recalcado [um id, pois sim] impede a visão que tens ali escrita, por baixo de Santamargarida. Acredito que essa é a lógica alternativa, porque só nela (por ela) se pode vir a construir um alter-ego. Enquanto isso vão-se cultivando pequenos narcisos. Quem não pensa global, a partir do local (de certa forma já o tinha lido em Boaventura de Sousa Santos)não soube descentrar-se (de si). Etc e etc... percebes porque não quero [modo de expressão] discutir a Educação, conectando-a à empregabilidade (dos professores)? Quero uma escola que venha a possibilitar os instrumentos (intelectuais, argumentativos, emocionais....) desveladores dessa lógica de pensamento único que Alegre denuncia (já o tinhas escrito algures).

Pergunto-me: O artigo de Alegre penetrou (penetra) nas vidas concretas das pessoas «reais»? Quem leu Alegre? Hoje, quem está discutindo Alegre? E amanhã? Não é por acaso que, de um modo geral e, em Portugal, em particular, a «classe intelectual» fala de si, em si, para si. Ou seja, também nesta dimensão é uma «hidistória»: a história decorre, uns assistem-lhe, outros fazem parte (participam) dela.

quinta-feira, julho 26, 2007 1:58:00 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Não resisto a entupir a tua caixa de comentários, porque há sempre alguém que expressa melhor aquilo que pensamos e expressaríamos se o soubéssemos.

«(…) todos os traços importantes da democracia têm um carácter dialógico que une de forma complementar termos antagónicos: consenso/conflitualidade, liberdade [símbolo de equivalência que não sei onde está no teclado. Ri que eu gosto.] igualdade [símbolo de equivalência…] fraternidade, comunidade nacional/antagonismos sociais e ideológicos. Enfim, a democracia depende de condições que dependem do seu exercício (espírito cívico, aceitação da regra do jogo democrático).
As democracias são frágeis, vivem dos seus conflitos, mas estes podem submergi-la. A democracia não está ainda generalizada no conjunto do planeta, que contém muitas ditaduras e resíduos do totalitarismo do século XX ou germes de novos totalitarismos. Continuará ameaçada no século XXI. Além disso, as democracias existentes não estão acabadas mas incompletas ou inacabadas.
A democratização das sociedades ocidentais foi um longo processo que se processou [esta tradutora….] muito irregularmente em certos domínios, como o acesso das mulheres à igualdade com os homens no casal, no trabalho, o acesso às carreiras públicas. O socialismo ocidental não conseguiu democratizar a organização económica/social das nossas sociedades. As empresas continuam sistemas autoritários hierárquicos, democratizados muito parcialmente na base pelos conselhos ou sindicatos. É certo que existem limites à democratização nas organizações cuja eficácia está fundamentada na obediência, como o exército. Mas pode-se perguntar se, como descobrem certas empresas, não se pode adquirir uma outra eficácia fazendo apelo à iniciativa e à responsabilidade dos indivíduos ou dos grupos. De qualquer maneira, as nossas democracias têm carências e lacunas. Assim, os cidadãos implicados não são consultados sobre as alternativas, por exemplo, em matéria de transportes (TGV, aviões de grande porte, auto-estradas, etc. ). [nomes para pontes]
Não existem apenas os inacabamentos democráticos. Existem processos de regressão democrática, que tendem a desapossar os cidadãos das grandes decisões políticas (sob a justificação de que estas são muito «complicadas» a tomar e devem ser tomadas por «entendidos» tecnocratas), a atrofiar as suas competências, a ameaçar a diversidade, a degradar o civismo.
Estes processos de regressão estão ligados ao crescimento da complexidade dos problemas e ao modo mutilante de os tratar. A política fragmenta-se em diversos domínios e a possibilidade de os conceber em conjunto diminui ou desaparece.
Da mesma maneira, há a despolitização da política, que se autodissolve na administração, na técnica (de peritos), na economia, no pensamento quantificador (sondagens, estatísticas). A política em migalhas perde a compreensão da vida, dos sofrimentos, das depressões, das solidões, das necessidades não quantificáveis. Tudo isto contribui para uma gigantesca regressão democrática, com os cidadãos desapossados dos problemas fundamentais da cidade.
(…) Nestas condições a redução do político ao técnico e ao económico, a redução da economia ao crescimento, a perda de referências e de horizontes, tudo isto produz o enfraquecimento do civismo, a fuga e o refúgio na vida privada, a alternância entre apatia e revoltas violentas, e assim, apesar da manutenção das instituições democráticas, a vida democrática arruína-se.
(…) A regeneração democrática supõe a regeneração do civismo, a regeneração do civismo supõe a regeneração da solidariedade e da responsabilidade, isto é, o desenvolvimento da antropo-ética.[1]
_______

[1] Enfim, pode-se perguntar se a escola não poderia ser prática e concretamente um laboratório de vida democrática. Claro, tratar-se-ia de uma democracia limitada no sentido que um professor não seria eleito pelos seus alunos, que uma necessária autodisciplina colectiva não eliminaria uma disciplina imposta e no sentido que uma desigualdade de princípio entre os que sabem e os que aprendem não seria abolida.
Todavia, (e de todas as formas a autonomia adquirida pela classe de idade adolescente requere-a!) a autoridade não seria incondicional e poder-se-ia instaurar regras de questionar decisões tidas por arbitrárias, sobretudo com a instituição de um conselho de classe eleito pelos alunos, ou seja instâncias de arbitragem exteriores. A reforma francesa dos liceus, feita em 1999, instaura este género de mecanismos.
Mas, sobretudo, a sala de aula deve ser o lugar de aprendizagem do debate argumentado, das regras necessárias à discussão, da tomada de consciência das necessidades e dos procedimentos de compreensão do pensamento do próximo, da escuta, do respeito pelas vozes minoritárias e desviantes. Assim, a aprendizagem da compreensão deve desempenhar um papel capital na aprendizagem democrática.»

MORIN, Edgar (2002) Os Sete Saberes para a Educação do Futuro. Lisboa: Instituto Piaget


Cito eu que livro algum escrevi sobre ética.

quinta-feira, julho 26, 2007 5:13:00 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Estes ataques aos direitos,liberdades e garantias dos cidadãos só acontecem porque o povo é sereno.
Cultura popular é,antes de mais nada,consciência revolucionária.

quinta-feira, julho 26, 2007 5:29:00 da tarde  

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