sábado, agosto 09, 2008

1482 - praia da memória

Quem passou por aqui nestes últimos dias, interrogar-se-á... será que o Pedro está a defender os brasucas, a insinuar que foram assassinados?
Não.
Primeiro não existem brasucas existem pessoas que comem, bebem, riem e choram.
Segundo a criminalidade deverá ser julgada, repito julgada e dever-lhe-á ser aplicada uma pena que corresponda ao crime cometido e não ao crime presumido.
O que fizeram aqueles miúdos?
Assaltaram um banco sem violência nenhuma, não consta que tenham agredido ninguém, mostraram-se colaborantes, foram libertando reféns...
Não existem antecedentes de assaltos a bancos na república portuguesa com morte de reféns, portanto, nada fazia prever que ocorresse desta vez.
Ah... e os bancários?
Os bancários são pela própria especificidade da sua profissão pessoas que estão preparadas para estas situações, estão treinados para lidar com elas (como se provou, aliás).
Este caso poderia e deveria ter sido resolvido de outro modo ou então assuma-se de uma vez por todas que a polícia serve para matar pessoas e vamos a isso... talvez começando pelos bancários.
Pelos bancários?
O crime mais hediondo nos últimos anos foi cometido, precisamente, por um bancário.
Nunca se soube se as vítimas da chacina morreram em consequência dos tiros: o médico legista não conseguiu determinar as verdadeiras causas da morte. Vítor Jorge encontrou um pau na praia e bateu furiosamente nos corpos. A seguir, esfaqueou-os a todos.
Na mesma noite Vítor, assassinou a mulher, a filha mais velha, Leonor (com quem mantinha uma relação) e outras quatro pessoas.
Esteve catorze anos preso, dois anos por cada uma das pessoas que abateu a tiro e depois esfacelou, deixando os pedaços dos cadáveres espalhados pela praia.
Pela mesma lógica os cidadãos brasileiros mesmo que tivessem assassinado os reféns apanhariam quatro anos de prisão (eram só dois reféns) e tinham uma vida pela frente.
Não os deixaram viver.
Há uma justiça para brasileiros e outra para bancários.
Bibliografia:

15 Comments:

Blogger r said...

Este seu texto merecia, pelo menos, uma crítica numa perspectiva do Direiro e, ainda, numa base filosófica. Isso, penso, seria uma verdadeira partilha (de ideias). Infelizmente, não me reconheço competente para nenhuma das duas abordagens.
Vamos, então, permita-me, ao senso comum opinativo.

De resto, são já imensos os contributos de análise...
«Segundo a criminalidade deverá ser julgada, repito julgada e dever-lhe-á ser aplicada uma pena que corresponda ao crime cometido e não ao crime presumido.»

Caberia aqui, precisamente, uma análise fundamentada no Direito. A presunção da culpa, ou será da inocência? Pois, não sei analisar nesse quadro.

Pergunta o que fizeram, afirma que não usaram de violência nenhuma. Pedro, aqui, defina o que entende por violência. Manietar uma pessoa, não é violência? Ao extremo deste raciocínio, parece que, por exemplo, a violência psicológica, mais não seria que uma pseudo-violência.
O facto de não existirem antecedentes é uma variável menor para as decisões a tomar. Claro que posso questionar, neste aspecto se, efectivamente, aqui, não foi considerada (se pesou ou não) a origem dos assaltantes.

Os bancários são preparados para situações desta natureza? Não sabia. Então, como foi possível contratar para bancário um perfil como o do assassíno que descreve? Como, vai sendo possível,encontrar certos perfis (personalidades) dentro das policias?

Na sua última frase, porquanto, está lá o cerne da questão. Digo eu, bem entendido. A ordem para matar não é politicamente neutra. Se alguém for capaz de me mostrar o contrário, agradeço, pois que, não o apreendo.
Fica por discutir a questão do «crime maior» colocada no outro «post».

sábado, agosto 09, 2008 3:13:00 da tarde  
Blogger pedro oliveira said...

«Manietar uma pessoa, não é violência?»

Neste contexto não.
Manietar uma pessoa com algemas plásticas impede as pessoas de se tornarem violentas ou de agirem com violência.
Os polícias utilizam algemas.
«Os bancários são preparados para situações desta natureza? Não sabia. Então, como foi possível contratar para bancário um perfil como o do assassíno que descreve?»
São duas coisas distintas:
1. Os bancários sabem como reagir em situações de assalto.
2.Então, como foi possível contratar para bancário um perfil como o do assassíno que descreve?
Nada tem a ver com a questão anterior. Um assassino pode ser preparado para reagir numa situação de assalto, as duas premissas não são, mutuamente, exclusivas.

domingo, agosto 10, 2008 12:39:00 da tarde  
Blogger r said...

A discussão da forma, neste caso, interessa-me menos.

O dia e a noite não se confundem...
O uso de algemas, simboliza a relação senhor-escravo, diga o que disser, seja ou não consentido, independentemente do material de que são feitas.

Em relação à citação que faz, as premissas que não foram explícitas são as seguintes:

a) No recrutamento de funcionários bancários, traçam-se perfis psicológicos dos candidatos.

b) Na formação de funcionários bancários, preparam-se os mesmos para situações de ansiedade.

Não tinha conecimento de nenhuma delas.

Tirando esses aspectos formais, a ordem para atirar a matar é política, aliás, os «negociadores» nem chegam a conhecê-la previamente.
Como bem compreendeu, questionei as suas razões e não a sua conclusão. A noção de «crime presumido» não está isenta de múltiplas interpretações, por exemplo. No quadro da Filosofia da Acção, por exemplo, posso questionar: a intenção faz a acção?

Pin,pan pum, cada bala mata um...*

* o que não é bem verdade, a bala pode atravessaro corpo e penetrar outro, poupam-se balas, por exemplo; está mal, depois são necessárias menos balas e coloca os postos de trabalho em causa e assim.

domingo, agosto 10, 2008 2:54:00 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Gostava de te ver com uma arma apontada à cabeça e ver como reagias. De certeza que não reagias assim...Acho muito bem o que os GOE fizeram. Se não compete à policia zelar pela nossa segurança não sei quem o fará...O assaltante que sobreviveu ainda foi ocupar uma cama de hospital onde poderia estar um doente que realmente necessita-se.

Cheers.

domingo, agosto 10, 2008 3:28:00 da tarde  
Blogger pedro oliveira said...

Rosa e Anónimo Cheers

Ainda bem que partilham o orgulho GOE.
Vamos acabar com os tribunais?
Os que se apanharem balázios nas trombas os outros azar...

domingo, agosto 10, 2008 9:44:00 da tarde  
Blogger r said...

Caríssimo, terá passado no Cheers, antes mesmo desse comentário?

Eu lá partilho alguma coisa com anónimos que fazem observações de senso comum em edição de bolso!...


Pequena nota: Vou passar a ilustrar os meus comentários, 'tá!?...

domingo, agosto 10, 2008 10:12:00 da tarde  
Blogger João Baptista Pico said...

Caro Pedro, não acha que está a ir longe de mais, com a invocação de argumentos redondamente falsos e desvirtuados dos acontecimentos.
O julgamento a que quer "amarrar" o crime terminou não no momento do 1ºdisparo, mas uns minutos antes quando era evidente a tentativa de fuga dos raptores num carro de um dos reféns, arrastando estes para um final que tudo levava a crer ser ainda muito pior do que toda aquela carga emotiva e violenta das 8 horas do sequestro.
Estar 8 horas a servir de bola de pingue-pongue nao é violência?!

Uma vez iniciada a fuga automóvel, é fácil admitir que tudo pudesse acontecer: desastre e mortes entre os 4 ocupantes e ainda de todos quantos surgissem no caminho da viatura dos raptores.

A polícia é uma força militarizada treinada e paga para nos proteger e evitar males maiores. Não é só para escrever relatórios, dar-nos a assiná-los e depois fazer cordões de segurança para ajudar a "encaminhar" os bandidos...

Quanto ao argumento falacioso de não existirem mortes de reféns em situações anteriores, não retira em nada o mérito da decisão tomada pela polícia, com grande sentido de antecipação à ocorrência de um male maior.

Finalmente, assaltar um banco e tomar reféns é uma "declaração de guerra", passível das respostas à altura, dadas pelas forças policiais, que usam armas!

Quanto ao Vitor Jorge é grosseira e deslocada a dita analogia.
Este acontecimento deixou sem argumentos e até a Prof rosa oliveira desta vez não encontrou orma de o poder "safar" desta trapalhada...

Reconheça que errou. E que quis brincar com coisas sérias demais...
Só lhe fica bem, reconhecer isso.
E vá ver o FCPorto a jogar e o Bruno Alves a marcar um golaço daqueles...
E o Christrian Rodrigues um colosso que andou a estragar-se pelo Benfica...
Pode crer que o Sporting vai passar um mau bocado no próximo domingo...

domingo, agosto 10, 2008 10:27:00 da tarde  
Blogger r said...

Esqueci-me da ilustração ao meu comentário.

Deixo esta que está à mão... letradamente, ilustrada:

http://www.correiomanha.pt/noticia.aspx?channelID=00000093-0000-0000-0000-000000000093&contentID=12DAD617-1127-4FA6-AE43-BED93357721E

domingo, agosto 10, 2008 10:33:00 da tarde  
Blogger pedro oliveira said...

Caro Pico e cara Rosa,

Alicerçam a V/ opinião sobre este caso num artigo de opinião publicado no Correio da Manhã pelo presidente da câmara municipal de Santarém?
Eu tento ver para além das aparências.
Estes polícias são os mesmos que andaram ao tiro no rabo (perdão das nádegas) dos colegas.
Os únicos momentos que os reféns tiveram em perigo foram os seguintes:
1- Quando o primeiro projéctil passa a milímetros da funcionária bancária.
2- Quando o assaltante sobrevivente decide não premir o gatilho.

(ainda constataremos que estavam armados com pistolas de alarme sem munições)

domingo, agosto 10, 2008 10:48:00 da tarde  
Blogger r said...

Caríssimo, aderiu aos "produtos dois em um"?
O meu amigo é um irónico.

Não seria a primeira vez que se faziam assaltos com armas de plástico. Aliás, desde que uma mulher com identidade e aspecto físico de homem, pariu de parto natural uma criança, pouco me surpreendo.

Ilustração fundante:

http://www.jimmyneutron.org/JimmyNeutron%20wallpaper10.jpg

domingo, agosto 10, 2008 10:59:00 da tarde  
Blogger João Baptista Pico said...

Pedro lá está outra vez a querer baralhar as coisas.
Quem foi buscar o presidente da Câmara de Santarém ao Correio da Manhã foi você, como osso provar pelo seu blogue, que eu ainda não tinha visto sequer quando comentei o caso.
Se fossem pistolas de plástico acha que os refèns não teriam tomado outra postura quando chegaram à porta da rua?!
A Gerente nem era nada vagarosa nas decisões e foi aldrabando o código do cofre...
Ou agora quererá desvalorizar as suas opiniões de que os bancários já não têm treino para distinguir as armas de plástico das verdadeiras e mortíferas?!
Não meu caro Pedro, por aí já não cabe...
Nem é uma questão de mudar o nome das ribeiras trocadas, como fez na legenda do post acima...
Po acaso os polícias da Abrançalha não eram os mesmos, uns eram do Entroncament e Abrantes e os outros de Lisboa ou Belas ( local dos Comandos dos GOES)...

domingo, agosto 10, 2008 11:41:00 da tarde  
Blogger pedro oliveira said...

Caro Pico, essa questão de aldrabar o código do cofre (mais uma notícia Correio da Manhã) contraria tudo aquilo que está determinado em termos de procedimentos (digo eu) se essa situação se provar através da auditoria interna que estará a ocorrer a senhora gerente será castigada, seria bom que os jornalistas tivessem noção daquilo que deve ser divulgado em casos como este, incluindo o suposto montante que estaria no saco.

domingo, agosto 10, 2008 11:50:00 da tarde  
Blogger João Baptista Pico said...

Caro Pedro de fuga em fuga ao cerne da questão, agora percebo que a sua simpatia fossemesmo a ocorrência da fuga com os reféns a serm deixados no Metro de Sete Rios, e eventalmente com umas notas miúdas para os bilhetes...
E essa resposta da troca indevida do código foi genial, deixou-me com esse puzzle de ter ou não ter a gerente ultrapassado as regras ou quiçá enganado-se por força da perturbação emocional ( deu-lhe uma branca...), devido à ocorrência dramática e traumática...
No limite aquelas chaves não eram do carro que estava ali à porta, mas com isso a gerente e o colega quereriam fazer detonar o alrme como se de carro roubado se tratasse e assim alwertar mais rápidamente a polícia....
Quem sabe meu Caro Pedro...Quem sabe...
Vá conte lá o resto da história você, tá?!

segunda-feira, agosto 11, 2008 8:38:00 da manhã  
Blogger João Baptista Pico said...

Caro Pedro faltou só abordar uma questão, que diz respeito ao ar "triunfante" do Ministro da Administração Interno ao colocar demasiados adjectivos naquilo que era uma missão a cumprir pelas forças de segurança.
E mais grave foi não ter lamentado a perda de uma vida humana, um facto que só lhe ficava bem sublinhar...

segunda-feira, agosto 11, 2008 5:15:00 da tarde  
Blogger r said...

Continuo a lamentar, desde o primeiro comentário, a ausência duma crítica, ao seu texto, fundada no Direito. Caminhamos, ainda assim, para o essencial (do meu ponto de vista, obviamente): a decisão para matar nunca é, politicamente, neutra.
A legitima intervenção e acção policial com os resultados conhecidos, cria um acontecimento que vai elevar a confiança das pessoas nas forças de segurança, mostrando-lhes que nem todos os casos, por exemplo, se ficam pelo mero relatório; derivará daí, quiçá, o uso de adjectivos como : eficaz e eficiente, bons e maus...
para além do aparente e que se viu em directo (via canais televisivos), seria interessante perceber se a variável, nacionalidade dos assaltantes (oriundos de um país onde reina a violência explícita), pesou na definição do perfil psicológico e contaminou a decisão para matar.

Podemos aqui tecer as mais variadas considerações, mas carecemos de variáveis essencias, nomedamente:

a) O conteúdo das negociações para neutralizar os objectivos dos assaltantes.

b) O perfil psicológico dos assaltantes.

Afirmar que não houve violência envolvida ou que manietar uma pessoa não é um acto de violência, é uma opinião meramente provocatória com o intuito de gerar discussão. Se os funcionários bancários estão ou não preparados para reagir serenamente a situações desta natureza, são aspectos menores e perdem todo e qualquer valor, perante a intenção de fuga dos assaltantes. Extrapolar para outros casos de crime é, sempre, sinónimo de inteligência, mas exige, penso, o devido enquadramento. Nessa linha duma comparação de casos, tipo conversa de café láa no bairro, também poderia afirmar algo do género: o brasuca levou um tiro, o tal sargento, põe em causa o sistema judicial português e passeia-se livremente, vá-se lá compreender...

Pois então, podemos ou não, fazer-lhe (ao episódio e seu desfecho) a leitura de «bode expiatório» duma qualquer agenda política?

segunda-feira, agosto 11, 2008 6:17:00 da tarde  

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