sábado, outubro 04, 2008

1695 - os grandes capitães fazem citaçães ou melhor os grandes capitões fazem citações

Num blogue, uma voz anónima: "Eu: Ah e tal, morreu o Dinis Machado... A minha mãe: A sério??? Eu, muito espantada: Conheces? A minha mãe: Claro! Ele pagava-te bolos na padaria quando eras pequena." De Dinis Machado, homem de um livro, o poeta Eugénio de Andrade disse do livro do homem: "Este é um livro de alegria." Em 1977 Portugal já estava solto de muita coisa quando um livro lhe libertou a palavra: O Que Diz Molero. Já outros (Nuno Bragança, Ruben A., Luiz Pacheco...) tinham minado a literatura engravatada mas foi Dinis Machado que veio por ali abaixo com o Gil Penteadinho e o Tonecas Arena e deu cabo dos camones. O Que Diz Molero feito, Dinis Machado, qual Salgueiro Maia, recolheu-se - os grandes capitães não ficam para os louros, fazem pelo gozo. A bloguista diz que, à pala da morte, "vou aproveitar para reler o livro". Faz sempre bem. Mas - vejam as frases iniciais que cito - ela já é uma filha de Dinis Machado, já escreve em liberdade.
Rita não é anónima.
Rita chama-se Rita.

4 Comments:

Blogger r said...

Tchii!... Que confusões nas expressões do título [não rima nadinha, não levo jeito...]. As citações, dão uma grande trabalheira: obedecem a rigorosas regras.

Ultimamente, tenho atentado nos perfis de muitos «blogs», bem como nas referências bibliográficas. Associando essas observações que tenho vindo a fazer às palavras da Senhora Ministra da Educação [da Educação ou da Instrução?...]no que ao sucesso educativo [a senhora concebe o sucesso como dado estatístico, atenção!...] concerne, não compreendo por que razão somos um país de porreiros «pás», fulanos e fulanas, tipos e tipas à deriva num atavismo cultural que chega a doer. Não compreendo, mas a limitação, obviamente, é minha.

De resto, nunca li Dinis Machado; aliás, na minha ignorância neuropensativa nem associava o livro a esse nome. Jumenta, portanto. Por último, o importante, não será os livros que se citam [não cito livro algum que nõ tenha lido] ou que, efectivamente, se leram, ms o que cada um faz, exactamente com o que lê.
Em muitos eus, há um paralelismo esquizóide: a vida de cada eu e, em paralelo, os livros que se vão lendo. Ou seja, eles não encarnam a história pessoal e identitária desse eu [desculpai a propositada redundância excessiva], numa frase: não servem em nada esse eu, não modificam, nem enriquecem...

sábado, outubro 04, 2008 10:41:00 da manhã  
Blogger pedro oliveira said...

Cara Rosa,

A ideia do «post» é só uma, esta:

O Senhor Dom Ferreira Fernandes dever-nos-ia ter transmitido:
«No «blog»: http://localprodutivo.blogspot.com/a voz de Rita diz:»
e não:
«Num blogue, uma voz anónima (...)»

Não era sobre o Ministério da Educação nem sobre Dinis Machado era/é um «post» humilde e simples (como o seu autor, aliás).

sábado, outubro 04, 2008 10:57:00 da manhã  
Blogger r said...

Caríssimo, tenha as ideias que bem entender. Escreva «posts» com as intenções que quiser, não queira é controlar as extrapolações pensativas dos leitores. Não que pretenda massacrá-lo a si, às suas leitoras e aos seus leitores com as possibilidades de extrapolação que faço.

Já agora, permita-me... o meu comentário, não foi sobre o Ministério da Educação, mas antes sobre a nobreza que, neste país, se vê, naqueles que morrem. morreu era o maior. Mais ainda, sobre a mediocridade de se não ser competente para dizer: não sei! não li! não vi! nunca pensei no assunto!
E ainda, sobre a prepotência dos ditos letrados e cultos. Isso, claro, estava implícito e qualquer dois dedos de testa o percebe.
Em última análise, o comentário era (é) sobre humildade que anda próxima da dignidade.

sábado, outubro 04, 2008 11:03:00 da manhã  
Blogger pedro oliveira said...

Obviamente veio bater à porta errada, recordo o que escrevi sobre Cesariny:

"Normalmente nesta altura dizem-se frases ocas...
Normalmente nesta altura recordo esta quadra de Aleixo (citada de cor):
«Atrás dum morto em conjunto
Vão sem ninguém lhes dizer
Que não vão lá pelo defunto
Vão para a família os ver»
Família no sentido de sociedade, provavelmente, atrás dum morto... hipocritamente (diria eu).
A minha opinião de Cesariny é coincidente com a dele:
« Sou um poeta bastante sofrível (...) numa época em que o tecto está muito baixo e em que "o surrealismo foi transformado em museu"»
Não gosto quando a morte transforma alguém em génio, não gosto de referências à sexualidade de nenhum falecido, curiosamente, nunca li: heterosexual assumido."
http://santamargarida.blogspot.com/2006/11/531-diz-que-era-uma-espcie-de.html

sábado, outubro 04, 2008 11:09:00 da manhã  

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