2299 - por caminhos de terra batida

Um piromano não existe.

Quanto muito existe um gajo cujo irmão se chama Piro.

Mano do Piro, PIRO MANO... poderá ser.
Existe uma mania, onde predomina a ideia fixa de ser incendiário, a piromania, o pirómano.

Digamos que é um gajo maniento com uma mania específica.

Não me considero nada maniento, sou bastante desleixado na aparência.

Leio comentários e penso-me.

Serei um pirómano social?

Alguém que procura provocar inconstância na constância, alguém que procura agitar águas paradas, alguém que procura que os cidadãos deixem de ser tão ão, ões (soltam latidos e deixam-se acariciar à voz do [suposto] dono) e as cidadonas deixem de ser tão donas (dondocas) ?

Sou um gajo do campo, mãos calejadas, bata cinzenta nas fábricas de Tramagal, sujas calças de ganga nas obras do Prior Velho, não me envergonho do que fui, nem me orgulho do que sou.

Às vezes critico-me, bolas Pedro, tanta gente a precisar de emprego e tu estás a fazer um telefonema particular ou a consultar algo na net que não está, directamente, relacionado com o teu trabalho...

Tento, diariamente, ser um melhor cidadão.

Jamais o conseguirei.

Sou, apenas, um aldeão.

Um aldeão, no mundo.

Aquela fotografia é no meu lugar (a Portela nem sequer é uma aldeia) o meu lugar no mundo.

Uma estrada de terra batida com uns cortiços (há que lhes chame colmeias) do lado esquerdo.

Mostro estas fotografias, pois sei que esta estrada está na lista para ser asfaltada...

Desaparecerão os cortiços, as abelhas, arrancar-se-ão árvores, tudo em nome duns quilómetros mais de alcatrão em locais onde não passa ninguém...

Mal por mal, antes pirómano social que destruidor ambiental com os dinheiros do pessoal.