87 - quando um homem quiser

Numa cama de chuva com lençóis feitos de vento
Tu que tens o Natal da solidão, do sofrimento
És meu irmão amigo
És meu irmão
E tu que dormes só no pesadelo do ciúme
Numa cama de raiva com lençóis feitos de lume
E sofres o Natal da solidão sem um queixume
És meu irmão amigo
És meu irmão
Natal é em Dezembro
Mas em Maio pode ser
Natal é em Setembro
É quando um homem quiser
Natal é quando nasce uma vida a amanhecer
Natal é sempre o fruto que há no ventre da Mulher
Tu que inventas ternura e brinquedos para dar
Tu que inventas bonecas e combóios de luar
E mentes ao teu filho por não os poderes comprar
És meu irmão amigo
És meu irmão
E tu que vês na montra a tua fome que eu não sei
Fatias de tristeza em cada alegre bolo-rei
Pões um sabor amargo em cada doce que eu comprei
És meu irmão amigo
És meu irmão
Natal é em Dezembro
Mas em Maio pode ser
Natal é em Setembro
É quando um homem quiser
Natal é quando nasce uma vida a amanhecer
Natal é sempre o fruto que há no ventre da Mulher
José Carlos Ary dos Santos
3 Comments:
Que saudade!
O extraordinário na poesia do Ary dos Santos é que ao ler-se um poema dele parece que ouvimos o poeta a dizê-lo com a energia que só ele imprimia aos textos. Ainda pensei que fosse ilusão e que se devesse ao facto de eu ter ouvido gravações de Ary lendo os seus poemas. Esta desconfiançazinha pessoal caiu por terra com o texto publicado neste blogue, uma vez que era para mim totalmente desconhecido e eu, ao lê-lo, parecia que estava a ouvi-lo dito pelo poeta. Inconfundível!
Tens razão Zé, sinto muitas vezes o mesmo.
Este poema foi cantado pelo Paulo de Carvalho.
Como podemos não nos sentir tocados por palavras como estas: "Tu que inventas ternura e brinquedos para dar
Tu que inventas bonecas e combóios de luar
E mentes ao teu filho por não os poderes comprar"
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