quinta-feira, setembro 21, 2006

470 - o caminho

Por vezes não sabemos por onde vamos, outras vezes não sabemos para onde vamos, às vezes nem sequer sabemos como vamos... vamos indo.
Ir, indo por um caminho que não conhecemos, para o desconhecido, com um veículo que não sabemos qual.
O dicionário diz que escabroso é:
do Lat. scabrosu
adj.,
que tem grande declive, escarpado, íngreme;
fig.,
árduo;
difícil;
melindroso;
que se opõe às conveniências ou ao decoro.
Um caminho escabroso será, portanto, um caminho que se opõe às conveniências, árduo, difícil e melindroso... um caminho meu, o meu caminho.

7 Comments:

Anonymous Anónimo said...

O que è fàcil demais, tambèm não dà gozo.Deve-se viver a vida com alguma escrabosidade.

Manuel Marques.

sexta-feira, setembro 22, 2006 5:45:00 da tarde  
Blogger Maçã de Junho said...

Não sei por onde vou, mas sei que não vou por ai...

sexta-feira, setembro 22, 2006 9:47:00 da tarde  
Blogger pedro oliveira said...

É bem verdade, amigo Marques. São as dificuldades que nos fazem crescer, são os cabos das tormentas que temos coragem de dobrar que se transformam em verde esperança.

Maçã, durante muito tempo não soube que esse poema era (foi) um grito anti-fascista... não gostava muito dele pois parecia-me próprio de indecisos, contextualizado faz todo o sentido.
Um beijinho (que as nuvens escuras que rondam se transformem em raios de sol).

sexta-feira, setembro 22, 2006 10:03:00 da tarde  
Blogger António Almeida said...

como dizia o outro:
"o caminho faz-se caminhando"

sexta-feira, setembro 22, 2006 11:02:00 da tarde  
Blogger Miguel said...

Pedro,

Normalmente é aquele caminho que ninguem o escolhe ...!
Só os destemidos o tomam e vencem as inconveniencias!

UM BOM FDS!
Bjks da matilde

sábado, setembro 23, 2006 12:18:00 da tarde  
Blogger Alien David Sousa said...

Não só o teu Pedro. O de muitos.
bjs

sábado, setembro 23, 2006 11:44:00 da tarde  
Blogger Maçã de Junho said...

Cântico Negro

"Vem por aqui" - dizem-me alguns com os olhos doces
Estendendo-me os braços, e seguros
De que seria bom que eu os ouvisse
Quando me dizem: "vem por aqui!"
Eu olho-os com olhos lassos,
(Há, nos olhos meus, ironias e cansaços)
E cruzo os braços,
E nunca vou por ali...

A minha glória é esta:
Criar desumanidade!
Não acompanhar ninguém.
- Que eu vivo com o mesmo sem-vontade
Com que rasguei o ventre à minha mãe

Não, não vou por aí! Só vou por onde
Me levam meus próprios passos...

Se ao que busco saber nenhum de vós responde
Por que me repetis: "vem por aqui!"?

Prefiro escorregar nos becos lamacentos,
Redemoinhar aos ventos,
Como farrapos, arrastar os pés sangrentos,
A ir por aí...

Se vim ao mundo, foi
Só para desflorar florestas virgens,
E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada!
O mais que faço não vale nada.

Como, pois sereis vós
Que me dareis impulsos, ferramentas e coragem
Para eu derrubar os meus obstáculos?...
Corre, nas vossas veias, sangue velho dos avós,
E vós amais o que é fácil!
Eu amo o Longe e a Miragem,
Amo os abismos, as torrentes, os desertos...

Ide! Tendes estradas,
Tendes jardins, tendes canteiros,
Tendes pátria, tendes tectos,
E tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios...
Eu tenho a minha Loucura !
Levanto-a, como um facho, a arder na noite escura,
E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios...

Deus e o Diabo é que guiam, mais ninguém.
Todos tiveram pai, todos tiveram mãe;
Mas eu, que nunca principio nem acabo,
Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo.

Ah, que ninguém me dê piedosas intenções!
Ninguém me peça definições!
Ninguém me diga: "vem por aqui"!
A minha vida é um vendaval que se soltou.
É uma onda que se alevantou.
É um átomo a mais que se animou...
Não sei por onde vou,
Não sei para onde vou
- Sei que não vou por aí!

José Régio

segunda-feira, setembro 25, 2006 1:26:00 da tarde  

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