quinta-feira, outubro 05, 2006

491 - rectângulos de amargura

Imagens e palavras, palavras e imagens penduradas em paredes rápidas.
L'entente diz a placa azul e branca na parede, entente não significa embriagados... significa aliança, uma aliança entre um homem negro calçando negras botas que pontapeiam uma careca cabeça negra... fotografados por um careca branco.
Se fosse um careca branco de botas negras a pontapear, olharíamos doutro modo, ou não?
Olhares...
Os meus, outros...
Gosto de fotografia, não gosto daqueles que olham imagens, as imagens têm de se VER não se olham, olhar, olhamos as miúdas na rua (ok, tenho uma costela marialva, com a minha idade é permitido) bato com os dedos nas teclas e penso nos meninos sem dedos, sem mãos...
Olho-me e penso neles, penso nos fotógrafos felizes pelo enquadramento perfeito, penso nos pseudo-intelectuais felizes porque olharam rectângulos impressos, penso na infelicidade de quem escreveu: «56 mortos, incluindo os 4 suicidas» assim... chamando-nos estúpidos.
Um suicida toma E-605 forte, pega numa cordita e pendura-se duma árvore, atira-se dum prédio e tal.
Um gajo com umas bombitas à cintura é um assassino e as pessoas que estão no metro são assassinados, 4 assassinos e 52 assassinados, portanto.
Olho para o título deste «post» e penso que apesar da amargura continuar para os meninos sem braços
a palavra: amargura... tem em si: amar

2 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Este quadro è demasiado escuro para o meu gosto.Como quem não quer a coisa ,aos 18 anos jà estava na guerra.Sim fui voluntàrio,ainda no tempo do Estado do Novo.


Manuel Marques.

sexta-feira, outubro 06, 2006 5:50:00 da tarde  
Blogger pedro oliveira said...

Meu amigo, não foi voluntário, pediu antecipação do serviço militar obrigatório,são coisas um «bocadinho» diferentes.
Voluntários são os meninos e meninas que vão para o Afeganistão e para o Iraque.
Quanto aos negros nem todos são «turras» (que os há). Os piores «turras» são brancos (também os há de outras cores) e vestem fatos de marca com gravatas de seda.

sexta-feira, outubro 06, 2006 9:41:00 da tarde  

Enviar um comentário

<< Home

não é o fim, nem o princípio do fim, é o fim do princípio