segunda-feira, novembro 20, 2006

526 - não acredito nos meus olhos

Não acredito nos meus olhos, não ... não acredito.
Ando pelo mundo, caminho pela vida, desacreditando.
Tenho um caderno com uma nódoa no cimo (onde aponto temas para «posts») provavelmente a nódoa representará o pecado original.
O caderno diz: preto (black) em letras brancas e branco (white) em letras pretas e sugere-me para não acreditar nos meus olhos.
Lembro-me na passada semada dum jogador de futebol falar de racismo.
O Pedro (o gajo, também, se chama Pedro) falou-nos de racismo duma maneira fantástica: «chamaram-me preto» disse... acrescentou: «eu tenho muito orgulho de ser preto».
Eu, na minha incompreensão, pergunto-me: «Meu rapazinho [como diria o teu presidente] meu Amigo, meu Irmão [como digo eu] se te chamaram preto e se sentes orgulho em ser preto, onde está o racismo, Irmão?»
Branco, lembram-se deste lateral-esquerdo do F.C. Porto e da selecção do Brasil?
Tinha (tem) um nome lindo: Cláudio Ibrahim Vaz Leal, misto de imperador romano com lealdade, ainda assim ficou conhecido pela alcunha, como ganhou ele a alcunha, perguntarão?
Branco (Claudinho, na altura) jogava num «time» com dez «negrões» (ele era o único branco) os «torcedores» passavam os jogos a dizer: «passa a bola pr'o branco», «corre branco», e Branco ficou, sem choraminguices e com orgulho.
Há, também, outras pessoas que não acreditam nos olhos, passam pela vida (ou a vida passa por elas) com os olhos fechados (ou abertos) mas sem ver, sem ver um boi à frente dos olhos, como se diz no meu Ribatejo... empunhando uma bengala branca ou um cão-guia negro (ou doutra cor, normalmente, Labrador) como se esse cão fosse um lavrador não de terra, de esperança... esperança num amanhã sem negros (niggers) sem pretos (black power), sem brancos, sem ciganos, sem ..., sem ...., sem racismos, sem deficientes, sem eficientes, sem especiais, sem «o raio qu'os parta».
A sociedade que me interessa, pela qual luto é uma sociedade sem etiquetas, mas, com uma única etiqueta: SER HUMANO.

4 Comments:

Anonymous Anónimo said...

"Não acredito nos meus olhos."
Mas eu acredito que o discurso do Mantorras, sobre racismo foi encomendado por outras guerras ,que não as da xenofobia.Os futebóis são outros,são de gentinha que se nivela por baixo.Sobre a cãozoada apetece-me dizer o que muita vezes oiço,por aí ;quanto mais conheço os homens...mais gosto...
Quanto a uma sociedade mais justa,sem etiquetas ,sem pretos sem brancos,força amigo Pedro,vai precisar de muita força.Quanto ao Branco, jogador de futebol foi interessante conhecer a história.

segunda-feira, novembro 20, 2006 7:43:00 da tarde  
Blogger pedro oliveira said...

Quanto à cãozoada permito-me discordar, o meu amigo não concretizou, concretizo eu.
Presumo que aquilo que queria dizer era a célebre frase da Bardot:
«quanto mais conheço os homens mais gosto dos animais»
Reformularia assim:
Adoro certos homens (certas mulheres, mais estas que aqueles)
Há homens que são homenzinhos mas poderiam ser homens
Há homenzinhos que nunca serão homens
Quanto aos animais foram domesticados no neolítico por uma razão: serem úteis ao homem.
Ponto final.

segunda-feira, novembro 20, 2006 7:59:00 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Onde está o racismo, irmão?
A isso não posso responder, mas posso contar uma história que se passou comigo numa aula de epistemologia do grande mestre Manuel Sérgio.
Quando discutíamos o tema “Racismo”, ele começou por perguntar se existia alguém racista na sala. Obviamente, a resposta foi “NÃO”.
Então, efectuou umas tantas perguntas ao pessoal:
P- quantos amigos “pretos” tem? - R- dois ou três.
P- quantas vezes foram jantar a tua casa e tu a casa deles? – R- Nenhuma.
P- quantas vezes saíram juntos à noite? – R- uma ou duas.
P- quantas vezes foram ao cinema? – R- Nenhuma.
P- etc., etc., etc...
Até que por fim perguntou: - Quantos amigos “pretos” tem? – R- Nenhum.
Nós os “brancos” não somos racistas, gostamos é pouco dos pretos….

terça-feira, novembro 21, 2006 12:12:00 da manhã  
Blogger pedro oliveira said...

Povavelmente, não me fiz entender.
Há racismo,mas não é ofensa chamar preto ao Mantorras se ele póprio diz que tem orgulho em ser preto, tal como não era ofensa para o Claudio chamarem-lhe branco (ele era branco) tanto mais que adoptou esse nome e fez carreira como Branco.
Racismo é por exemplo emitar os guinchos dos macacos (coisa que se vê e ouve com frequência nos campos de futebol).
Quanto ao resto do «post» alerta-nos para outra situação com a mania de sermos «correctos» os deficientes deixaram de o ser e passaram a ser diferentes ou especiais.
Na minha opinião só quando encaramos as diferenças podemos fazer algo para as esbater
«Todos diferentes, todos iguais» tem de ser mais que um «slogan» a diversidade terá de ser encarada como algo bom e não como algo mau.

terça-feira, novembro 21, 2006 11:55:00 da manhã  

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