sexta-feira, julho 27, 2007

885 - maria (da fonte)

Não há, paredes dentro, muitas saudades da Maria da Fonte.
Por mim, aprecio apenas a
musiquinha. Desde a minha infância que a ouço, tocada por bandas que descem as ruas, naquela tranquilidade campestre que tolda o Verão com um toque garrido e melancólico, e que pouco têm a ver com os acontecimentos da Fonte da Arcada naquele ano de 1846.
O velho Camilo mencionou que aplaudiu “as mulheres viris do Minho, até para envergonhar os homens
efeminados de Lisboa”.

Gosto das Marias de Portugal.
Gosto de fontes.
Gosto da sabedoria do po(l)vo [todo o saber vem do (p)ovo]

3 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Caro Pedro,
Ainda bem que trazes aqui o tema da Maria da Fonte.
Muitas vezes a História também tem lendas e esta é uma delas, é que, em determinados contextos nascem lendas que não se sabe se terão realmente existido. Uma, a padeira de Aljubarrota, duvida-se que essa figura tenha existido, outra a que mencionas, a Maria da Fonte, também se duvida se a figura Maria da Fonte existiu mesmo (há quem diga que ela acabou por emigrar para o Brasil e nunca mais regressou a Portugal).
Os Cabrais, que passaram da esquerda radical do Liberalismo para uma Direita Liberal (já neste tempo havia "vira casacas") eram figuras odiadas e duas vezes foram destronados.
O facto é que eles emitiram as leis da saúde. Antes destas leis, os enterramentos eram feitos nas Igrejas ou em volta destas (consoante as posses de cada um, pois os lugures considerados melhores eram comprados pelos ricos, que eram normalmente dentro das Ifgrejas e à medida que se ia afastando para o território junto à Igreja, adro, etc, era para os que não tinham possses, pois acreditava-se que tinham protecção divina).
O que os Cabrais pretendiam fazer, em termos de saúde pública, até era correcto, pois os enterramentos na Igreja poderiam ser perigo para a saúde pública e instituiram os enterramentos fora das Igrejas, criando também os primeiros cemitérios públicos que datam de meados do Século XIX.
Esta revolta, começou, de facto, em Fontarcada, Póvoa de Lanhoso, liderada pela célebre Maria da Fonte, mas estendeu-se a todo o país. Além disso, a lei da saúde dos cabrais trouxe outra inovação que "horrorizou" as mentalidades conservadoras da época nos meios rurais: quando morria alguém, ia o médico delegado de saúde confirmar o óbito, também não gostaram disso em Fontarcada.
Foram anos torbulentos, já que acabava a Maria da Fonte (os Cabrais foram forçados a demitir-se - regressam ao poder em 1849 mas são logo demitidos - fizeram a "lei da rolha", que era censura à imprensa), começava no ano seguinte a Patuleia

sábado, julho 28, 2007 2:53:00 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

As leis cabralistas,principalmente as da saúde e as da décima repartição,deixaram a população do reino em permanente efervescência.
Fazia-se então o apelo à revolta:
-Povo não tens pulso para a espada,um ombro onde encostes a espingarda,olhos para pontaria,dedos para o gatilho ?
De todos os lados ,chamadas pelos sinos,chegavam mulheres alvoraçadas e em coro,soltando ameaças contra os empregados da saúde,contra os emolumentos sanitàrios,dizendo que a igreja era sua,que os mortos não precisavam de pagar a médicos e ciurgiões para se enterrarem.

...............................

...nós acabamosde presenciar uma grande revolução,uma revolução que tem(...)além de todos os outros carácteres brilhantes,o magnífico,o transcendente carácter de ser verdadeiramente popular,porque começou pelas mulheres.

Almeida Garrett.

sábado, julho 28, 2007 7:15:00 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Mais uma vez o (Especto)jornal redigido por António Rodrigues Sampaio que se publicava em Lisboa,sem que a policia conseguisse descobrir a imprensa que o imprimia nem os seus redactores,atacou pessoalmente a rainha pela sua intervenção nefasta na politica partidária.

sábado, julho 28, 2007 7:37:00 da tarde  

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