1008 - palavras ditas, palavras escritas

Conversa animada, discutia-se a habilidade qu'aqueles gajos da televisão, as gajas das novelas e até a gaja do alterne têm para escrever livros.

Zé Remela, atrevido, afirma:

- Qu'a gaja é boa é, p'á escrever livros na sê.

O doutor (era assim que chamavam ao neto do antigo feitor, estava lá para Lisboa, constava-se que nunca estivera sequer matriculado na universidade, mas passeava-se de capa e batina) interrompe e afirma:

- Provavelmente não foi a senhora que escreveu o livro, eles usam escritores fantasmas...

Manel Escangalhado, Zé Remela e Tó Unha Negra mijaram-se a rir, escritores fantasmas... começaram a imitar, Rui Veloso: do Fantasma e do Mandrake... búu, búu.

O doutor amuou.

- Vocês são uma cambada de ignorantes, nem sequer sabem o que é um escritor fantasma.

- Ó doutor, o único fantasma que conheço é o Casper, na Praia do Ribatejo, atira o Tó.

- Ó Tó, tu, ainda, és mais ignaro que o Zé Remela

Escangalhado que até aí tinha estado calado, dá um calduço no doutor, dizendo-lhe:

- Ignaro? Já pareces aquele convencido do santamargarida a falar, sempre com a mania qu'és bom. Vamos lá esquecer essa treta dos livros e dos escritores, vamos mas é mandar vir mais umas mines e uma travessa de caracóis.

O doutor ri-se, vai bebericando a mine e avança com esta:

- Sabem aquele gajo da marrafita loira que vai às terças-feiras ao telejornal da TVI parece que, também vai escrever um livro chamado: Equador.

Riem-se todos muito, o sacana do doutor estava sempre a tentar dar-lhes a volta, o gajo da marrafita a escrever livros, eh, eh, eh.

Nota: a imagem não tem nada a ver com o texto, foi sacada aqui.

Este texto é o meu lado sobrinha do Rui Cardoso Martins, a escrever um texto que ninguém tinha pedido...