sexta-feira, junho 13, 2008

1380 - a verdadeira história da sardinha passada

Era uma vez, no tempo em que as histórias começavam por - era uma vez - uma sardinha que não vivia na Sardenha, não falava sardo nem era uma sarda pequenina, era uma sardinha, sardinha mesmo.
A nossa amiga, acho que podemos ser amigos de uma sardinha e esta é a primeira que nada neste blog.
Não é só no blog que ela nada, nada nela é semelhante às outras sardinhas, as outras são umas vão com as outras, sempre juntas, sempre em cardume, sempre com medo da net.
A nossa sardinha era descardumada, fazia a sua vidinha, barbatanas ao léu e sangue nas guelras.
Os pensamentos de uma sardinha individualista não são muito diferentes de qualquer indivíduo que pense.
O que quer a nossa amiga?
Coisas simples, nadar em liberdade até que um dia caia na net, fora da net conhecer um mundo novo e belo e ver o céu e ver o Sol.
E sonha, sonha com um homem que não a ache gorda, carne gorda, as sardinhas? e o ómega 3, ah... sonha com um homem que a aqueça que lhe tire, lentamente, o que a cobre e que a coma deliciado.
A sardinha sonha mas os pescadores e os camionistas e o governo e o Scolari, o sistema enfim não a deixam concretizar o sonho.
Mais um ano que passou, mais um ano que vai passar sem pepino e sem tomates por perto.
Nada, nada no mar porque não pode cantar no Santo António:
Ó meu santo de Lisboa
Diz-me qu'a vida não é só nadar
Queria um homem que me achasse boa
Que me soubesse saborear
Bibliografia:
Nota final:
Esta é uma história num estilo que não é o meu. Uma mistura de estilos. Atentando no texto encontramos pedaços de Mia Couto, um cheirinho de Quim Barreiros, um toque de Miguel Sousa Tavares a escrever histórias infantis, alusões aos irmãos Grimm e ao imaginário Disney, enfim um casamento entre a forma e o conteúdo que poderá ser considerado um rascunho de uma histórinha a sério.

2 Comments:

Blogger Unknown said...

O FADO DA SARDINHA ASSADA



I



A bela sardinha assada

Um dia, fora de portas,

Foi pelo povo coroada

Como a rainha das hortas.



Nas feiras e ramboiadas

Faz boca à pinguinha; e os pilhas,

Pelas sardinhas assadas,

Até vão p' ra Cacilhas!

Basta só uma sardinha

Uma guitarra, uma trova,

P'ra apanhar uma tosguinha

Daquelas de caixão à cova.



II



Com pimentos à mistura

A murraça até desanda

Que a gente vai de banda!

E apanha uma grossura!



Sardinha assada tem fama

De ser petisqueira chalada,

Mas assim que ela se escama,

Muita vez há chapada!

As vezes se está com a telha,

Ao ver a gente com fome

Dá quatro pulos na grelha,

Deixa-se arder... ninguém a come!

sexta-feira, junho 13, 2008 5:45:00 da tarde  
Blogger r said...

Se este é o rascunho duma histórinha a sério, aguardamos o relato da própria história.
Este seu «post» político em mistura de estilos, deixa-me a pensar o que se comerá, na capital do reino, em noite e dia de Santo António, quando a sardinha não for p'ra «net».

sexta-feira, junho 13, 2008 5:57:00 da tarde  

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