quarta-feira, julho 23, 2008

1448 - sonhos que voam


pedro oliveira escreveu Julho 14, 2008 às 12:38
Caro Miguel,
Há um mundo para lá do Parlamento Europeu.
Há um mundo onde vivem pessoas, pessoas.
Há um mundo onde essas pessoas, pessoas não consideram Cristiano Ronaldo um escravo (gostariam de ser escravizadas assim).
Há um mundo onde vive a «Maria Albertina» que, ao contrário, de Sónia Mendes não se importaria de ganhar € 100 (cem euros) por dia.
Há um mundo onde os pais têm os filhos a estudar no ensino público não é «operário» quem quer, é-o quem pode.

mportas escreveu Julho 14, 2008 às 7:23
Caro Pedro Oliveira, não posso estar mais de acordo consigo..Por isso nunca me viu usar a palavra “escravatura” em nenhuma parte do trabalho. Nem a usei quando na Holanda me confrontei com uma situação onde os portugueses contratados por uma empresa de trabalho temporário estavam completamente condicionados na sua vida extra-trabalho pelas condições impostas pelo empregador. Onde, por outras palavras, este era dono da vida do trabalhador. E não empreguei existia um salário..Mais acrescento que classifico simplesmente obscena a palavra “escravatura” quando ela sai da boca de Cristiano Ronaldo ou de Joseph Blatter. Deviam ter vergonha na cara..E no entanto, subscrevendo tudo o que escreveu, discordo do fundo do seu argumento..O que denunciei não foi escravatura, mas indignidade no tratamento de seres humanos. Contrastei a diferença de tratamento dos organizadores de concertos e festivais ante trabalho qualificado e trabalho não qualificado - porque essa diferença se reflecte no salário, mas não se deve traduzir nas condições de alimentação e repouso. E fi-lo porque é importante que as centenas de milhares de frequentadores de festivais e concertos percebam que o que vêm não é apenas uma banda, mas o fruto de um trabalho colectivo onde existem “filhos e enteados”, quando assim não tinha que ser..Onde discordo de si é, portanto, no essencial: a dignidade no trabalho é uma conquista da civilização e não tenciono desbaratá-la em nome da desvairada luta pela sobrevivência em que se encontra grande parte da Humanidade. A Sónia Mendes e a “Maria Albertina” não se opõem e a primeira falou e agiu pela segunda porque, simplesmente, as coisas podem ser bem ou mal feitas. É assim que se avança, não é?

pedro oliveira escreveu Julho 14, 2008 às 5:58
«É assim que se avança, não é?»
É assim que se avança, sim.
Aquilo que escrevi no primeiro comentário não invalida que concorde com aquilo que escreveu a seguir.
«a dignidade no trabalho é uma conquista da civilização» esta é uma excelente frase com a qual concordo inteiramente.
Percebo o «post», percebo que faz sentido lutarmos pela dignidade no trabalho.
Pretendi falar de uma realidade outra, a realidade daqueles que nem sequer têm emprego.
Tem razão na resposta que me deu, são realidades diferentes.
Ganhou um leitor.
Comentários: aqui
Fotografia: ali
(era disto que falava, comentários como confronto de ideias. Não quero que Miguel Portas pense como eu, não quero obrigá-lo a concordar com tudo o que digo, com todas as análises que faço. Gosto de pessoas que discordam daquilo que digo e que às vezes me provam que estou errado)

2 Comments:

Blogger Unknown said...

O trabalho é a melhor e a pior das coisas: a melhor, se for livre; a pior, se for escravo

quarta-feira, julho 23, 2008 5:13:00 da tarde  
Blogger pedro oliveira said...

O trabalho é bom quando faz de nós melhores cidadãos.

quarta-feira, julho 23, 2008 7:21:00 da tarde  

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