1471 - ri beiras

(o meu lado José Hermano Saraiva)

Atentai neste brasão.

Vede o listel que diz: ribeiras - lajes do pico

Atentai na embarcação que navega num mar de três águas (duas de branco e uma de verde).

Vede a cruz amarela.

Atentai na torre branca.

Vede o fundo azul.

Atentai na coroa mural de, apenas, três torres, uma inteira e duas metades, tudo junto são duas, tipo jogo de xadrez.

Meus senhores, minhas senhoras (imaginem-me terno a olhar, fixamente, para a câmara, com os braços, obviamente, estendidos) este brasão é uma ignomínia.

Ribeiras?

Verde e branco?

Azul?

Lajes do Pico?

Meus senhores, minhas senhoras (imaginem-me terno, a olhar, fixamente, para a câmara, com os braços, obviamente, estendidos) estas palavras são ignominiosas.

Procurais ofender Pedro Oliveira?

Pedro não é nenhum ouriço cachoeiro nem precisa de picos para se defender.

Meus senhores, minhas senhoras (imaginem-me terno, a olhar, fixamente, para a câmara, com os braços, obviamente, estendidos) aquela embarcação tanto pode ser uma traineira como um submarino amarelo, deixo portas abertas à vossa imaginação.

Meus senhores, minhas senhoras (imaginem-me terno, a olhar, fixamente, para a câmara, com os braços, obviamente, estendidos) no concelho de Pedro Oliveira há pelo menos duas ribeiras, a da Foz e a de Alcolobre, noutros aconselham-se cacilheiros ancorados.

Escrevo sem terno mas com ternura, fico ternurento quando imagino pessoas tristes, cansadas, infelizes que passam os olhos por palavras (por estas palavras) e não percebem nada...

Leio-me sem terno mas com ternura, fico ternurento quando imagino pessoas alegres, descontraídas, felizes que passam os olhos por palavras (por estas palavras) e sorriem... encolhem os ombros e pensam:

- Pedro, tu és sério mas não te levas muito a sério, pois não?