1812 - criar, criatividade

Há dias especiais, dias em que nos sentimos especiais.

Não gosto muito de falar da minha vida profissional nem da minha vida pessoal mas hoje falarei das duas.

A pessoa e o profissional que sou influenciam-se reciprocamente.

Levantei-me cedo, hoje.

Vi a caixa de correio electrónico, vi as caixas de comentários vazias e entristeci.

Fechar os comentários ontem não foi uma decisão fácil.

Este blog tem quase quatro anos, escrevi mais de 2000 posts (muitos apago ou não chego a publicar) não o considero um capricho narcisístico.

Não é a minha vida, não é a minha profissão.

Não quero que seja um foco de preocupação nem de instabilidade.

Hoje sentou-se na minha secretária de trabalho um senhor com o cabelo, completamente, branco, olhei-o e pedi-lhe a identificação, olhei-o nos olhos, era, apenas dois anos mais velho que meu pai.

A minha mulher está a morrer, sabe...

Ficam tão pequenos os nossos problemas nessas alturas, o blog, os comentários, as ninharias que nos ocupam e preocupam nada significam.

Peguei-lhe na mão (um gesto bem pouco profissional, os burocratas dos cursos de atendimento não o aprovariam) falei-lhe de homem para homem, no fim sorriu e disse-me:

Fomos muito felizes, sabe... foi tudo muito rápido, ela não sofreu nada.

Já passaram algumas horas mas estou emocionado a escrever estas palavras, amanhã ou depois será o funeral da senhora.

Vai para a terra dela, ela sempre disse que queria voltar para lá.

Hoje é o dia internacional das pessoas com deficiência, penso numa peça de teatro, deficiente... o que é um deficiente?

Penso-me.

Penso neste blog e naquilo que pretendia quando o criei.

Penso que tal como aquele senhor, também, fui feliz com muitos comentários, recebi muitas palavras que questionavam, que corrigiam, que emitiam uma opinião, que faziam pensar.

Não tenho o direito de por egoísmo (para não querer ser incomodado) bloquear e ocultar os comentários.

Não é esse o meu conceito de liberdade.

Liberdade é, também, responsabilidade.

Peço-vos que comentem, se tiverem vontade, mas que tenham como medida o modo como eu comento, como vos comento nos vossos blogs.

Confio em todos e em cada um de vós, o blog vai ficar aberto sem censura nos comentários.

Há vida pala além da blogosfera.

Um dia todos vamos voltar à terra...