segunda-feira, janeiro 23, 2006

128 - tudo isto existe, tudo isto é triste, tudo isto é fado II

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Ora aí está, bem sei que sou suspeito (fui o fotógrafo, a máquina não é digital) mas esta imagem ilustra na perfeição as palavras que se seguem.
Serão os partidos donos da democracia?
Aparentemente, não.
Alegre seria um bom exemplo disso. Na prática não é bem assim, nenhum dos candidatos, verdadeiramente, oriundos da "sociedade civil" [Manuela Magno ou Manuel Vieira] conseguiu as assinaturas necessárias.
As burocracias inerentes à formalização duma candidatura presidencial são, extremamente, difícieis de ultrapassar para um cidadão sem filiação partidária e sem "máquina" implantada.
Poder-se-á argumentar que Alegre não beneficiou da "máquina" socialista... não é, completamente, verdade, em Lamego (a acreditar no que ouvi na Antena 1) a concelhia do P.S. apoiou-o, havia uma sede de campanha de Alegre e não existia de Soares.
O meu ponto é, apenas, este: Alegre e muitos daqueles que o acompanharam são pessoas que estão dentro do "sistema".
Nesta "democracia" os partidos [os cidadãos com ligações partidárias] são, efectivamente, donos do sistema.
Teria Alegre maior votação se fosse candidato oficial?
Não.
Não?... não.
Se Alegre fosse o candidato oficial do P.S. perderia toda a aura de "outsider" [fora do sistema, gajo que caiu aqui de pára-quedas] que utilizou para marcar posição e para fazer a diferença. A campanha seria, forçosamente, outra. O partido quereria controlar e perder-se-ia a espontaneidade, o amadorismo numa palavra: encanto; que marcou a campanha de Alegre. Pessoas como eu (não sou um bom exemplo, julgo que foram as primeiras presidenciais em que votei) votaram e empenharam-se na candidatura de Alegre, pois, esta era a candidatura que mais se parecia com um grito da sociedade, com um berro dos contribuintes, uma confederação de gajos e gajas que pelas mais variadas razões se sentem defraudados e irmanados num objectivo: votar Alegre, Alegre é um gajo como nós, também, foi comido pelos políticos a sério.
Porque usaram a palavra [reino de ] Portugal nas eleições para presidente da república portuguesa?
Julgo que esta apropriação foi efectuada por todos os candidatos.
Há pouco tempo nesta aula a propósito das moedas de euro, disse uma frase que escandalizou os meus meninos: somos uma república envergonhada; envergonhada? porquê?
Disse-lhes: peguem na carteira, vejam as moedas, vejam o verso, esses sinais são sinais de validação de documentos de D. Afonso Henriques, as moedas francesas têm Marianne.
Uma apropriação indevida, pior, no caso do sr. Soares, o fundo branco e as letras em azul a gritarem PORTUGAL (maiúsculas? por quem se tomava? esta humilhação dever-lhe-á ter mostrado a sua [dele] verdadeira dimensão).
No exemplo de Alegre um cartaz minúsculo (tamanho A4) mas uma mensagem enorme: o poder dos cidadãos.

5 Comments:

Blogger psac74 said...

Muito bem ajuizado!

terça-feira, janeiro 24, 2006 1:25:00 da manhã  
Blogger pedro oliveira said...

Continuará...
[obrigado]

terça-feira, janeiro 24, 2006 1:32:00 da manhã  
Blogger António Almeida said...

1:32, Pedro?
e eu pensava que me andava a deitar tarde!

terça-feira, janeiro 24, 2006 8:22:00 da tarde  
Blogger António Almeida said...

mas discordo de ti.
se Alegre fosse candidato do partido teria, tenho a certeza, muito mais votos.
o PS teve um comportamento vergonhoso, que continuou depois da derrota estrondosa do vôvô!
Helena Roseta tinha razão para estar furiosa.

terça-feira, janeiro 24, 2006 8:26:00 da tarde  
Blogger pedro oliveira said...

O importante não é a hora a que nos deitamos mas aquilo que produzimos.
(as horas podem ser "marteladas" como sabes).
Tive um professor que dizia: "meus senhores, meus senhores a História não se faz de «ses», faz-se com factos".
Percebo o sentido do teu comentário.
Como cantavam os "Salada de frutas"... «se cá nevasse fazia-se cá sky» (lembras-te?)

terça-feira, janeiro 24, 2006 8:56:00 da tarde  

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