sábado, março 31, 2007

674 - caminhos

Os caminhos nem sempre são aguarelas pintadas por Modigliani, nem sempre são pontes que se atravessam, que atravessarei daqui a pouco, de Norte para Sul, pela margem esquerda através das charnecas e das lezírias ribatejanas.
Os caminhos, por vezes, estão dentro de nós, percorrem-nos, interrogam-nos, confrontam-nos, confortam-nos ... inquietam-nos.
Nós somos os nossos caminhos, os que nos levam, os que nos trazem.
Caminhando, sempre...

4 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Na minha bicicleta de recados
eu vou pelos caminho.
Pedalo nas palavras atravesso as cidades
bato às portas das casas e vêm homens espantados
ouvir o meu recado ouvir minha canção.
Na minha bicicleta de recados
eu vou pelos caminhos.
Vem gente para a rua ver a novidade
como se fosse a chegada
do João que foi à Índia
e era o moço mais galante
que havia nas redondezas.
Eu não sou o João que foi à Índia
mas trago todos os soldados que partiram
e as cartas que não escreveram
e as saudades que tiveram
na minha bicicleta de recados
atravessando a madrugada dos poemas.
Desde o Minho ao Algarve
eu vou pelos caminhos.
E vêm homens perguntar se houve milagre
perguntam pela chuva que jà tarda
perguntam pelos filhos que foram à guerra
perguntam pelo sol perguntam pela vida
e vêm homens espantados às janelas
ouvir o meu recado ouvir a minha canção.
Porque eu trago notícias de todos os filhos
trago a chuva e o sol e a promessa dos trigos
e um cesto carregado de vindima
eu trago a vida
na minha bicicleta de recados
atravessando a madrugada dos poemas.

Manuel Alegre.

"No caminho sempre existe uma e outra margem."

sábado, março 31, 2007 8:05:00 da tarde  
Blogger LUIS MILHANO (Lumife) said...

Pois aqui estamos a lembrar o dia 21 de Abril (sei do post 664...) e a desejar ter de novo entre nós o Amigo Pedro. Já abriram as inscrições. Contamos com o Amigo.

Um abraço

sábado, março 31, 2007 8:42:00 da tarde  
Blogger pedro oliveira said...

Hoje já não existem bicicletas de recados (existem biccletas pedaladas por viventes de lycra vestidos) nem poetas para os cantarem.
Felizmente ainda existem caminhantes e caminhos para serem andados.

domingo, abril 01, 2007 12:28:00 da tarde  
Blogger pedro oliveira said...

Lumife, como já referi gostaria muito de aí voltar.

Um abraço

domingo, abril 01, 2007 12:29:00 da tarde  

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