segunda-feira, março 26, 2007

665 - poetas, lado b

«que levou D. Maria II a trocar-lhe (...) o nome Punhete (do romano pugna tagi ou luta do Tejo) por Constância»
«Não admira que Camões tenha escolhido, durante dois anos, Constância como refúgio por causa da paixão por D. Catarina de Ataíde(...). A presença do poeta foi eternizada numa casa-memória, num jardim repleto de motivos asiáticos, baptizado com o seu nome, mas também numa estátua, obra de Lagoa Henriques.
Na margem do rio, o autor de «Os Lusíadas» olha o Zêzere (...)»
«No cume da vila, no largo da Igreja Matriz, com um tecto pintado por José Malhoa no interior»
Antes de começar devo dizer que gostei do texto de Fátima Lopes Cardoso e das fotografias de Daniel Rocha (pág. centrais do Fugas de 2007.03.24).
As citações mostram-nos, apenas, como as mentiras repetidas muitas vezes passam a ser verdades*.
A alteração do nome Punhete para Constância ocorreu por razões políticas e administrativas, o actual concelho de Constância ocupa uma área distinta da ocupada pelo extinto concelho de Punhete.
Julgo que já o disse neste blog mas repito: Camões nunca esteve em Constância!**
«Na margem do rio (...) olha o Zêzere» obviamente, não vou dizer que o vate era zarolho***, contudo na posição que a estátua está colocada (mesmo um gajo com dois olhos) não consegue ver o rio.
Quanto à citação do tecto pintado no interior, interrogo-me, o interior dum tecto, será a parte de cima, escondida, portanto?
* recordo sempre a suposta data da fundação do Sport Lisboa e Benfica
** quanto muito esteve em Punhete (não foi [ainda] encontrada nenhuma prova irrefutável)
*** a ter estado em Constância [que não esteve] teria sido quando ainda possuía os olhos todos, pormenor que passa despercebido mas que o Mestre Lagoa Henriques teve o cuidado de reproduzir correctamente.

5 Comments:

Anonymous Anónimo said...

li toda a explicação.
retirei a seguinte moral da história:
1.tudo ou quase tudo diferente.
2.pode sim. pode, ainda que seja estranho e improvável.
3.não sei.agora já não sei.
-preto, branco, fim=a escolha é pessoal e intransmissível. ponto.parágrafo.
se me enganei na moral da história, a culpa é sua, porque não explicou bem.
e depois saber que Camões nunca esteve em Constância...os profs de história andaram-me a enganar.

terça-feira, março 27, 2007 1:16:00 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Chego à conclusão que o homem nunca esteve em Constância,mas provavelmente, residiu em Punhete.
Serà isso?
A história è escrita por historiadores , a cada um compete relactar factos baseado em provas credíveis.
Atè agora quais as provas que existem.
Os poemas?
Sendo eu um leigo na matèria,compete-me acreditar em quem escreve a história.

terça-feira, março 27, 2007 6:50:00 da tarde  
Blogger pedro oliveira said...

Camarada, tanto quanto sei não existem provas nenhumas que Camões esteve, residiu ou passou por Punhete.
Repare se Camões estivesse durante dois anos em Punhete seria normal que tivesse escrito um soneto ou um verso que fosse sobre a localidade.
Punhete na altura era uma terra pujante e o encontro de dois rios inspiraria por certo o poeta...
Existem mapas do séc. XVIII e neles não vem referida nenhuma rua com o nome do poeta, ou sequer Rua do Poeta, faria sentido que existisse, não? ... já que a «presença de Camões tem uma memória bem viva na população local» muito mais essa presença estaria viva no séc. XVIII, não?
O que pretendo dizer é que como historiador faria muito mais sentido falar/escrever sobre o que aconteceu de facto as invasões francesas, o papel da vila nas lutas liberais [Manuel Martinini ou Mortinini (segundo outros documentos), hespanhol de Punhete (como rezam os documentos) que foi um dos grandes líderes dos liberais nesta zona, é uma figura desconhecida tanto da história local como nacional] a verdadeira história da mudança de nome e tal...
Poder-me-á perguntar e porque não fazes uns «posts» sobre o assunto?
Responder-lhe-ei e a equipe de técnicos superiores e avençados da Câmara Municipal de Constância porque não faz uma investigação séria e publica as conclusões a que chegaram.
Nota: Sou historiador de formação, mas sou profissional noutra área, quando escrever sobre os temas que referi quero estar bem documentado, pois uma coisa é escrever «umas postas de pescada» no «blog» outra é fazer investigação séria e publicá-la.

terça-feira, março 27, 2007 9:59:00 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Ufa...
quero um com dedicatória.

terça-feira, março 27, 2007 11:29:00 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Os estudiosos, de que é exemplo Jorge de Sena, defendem que Camões muito raramente fazia incluir nos seus poemas dados bibliográficos mesmo que indirectos.

Sobre o possível desterro em Constância, temos por exemplo, a obra «Lusitânia Transformada» de um amigo do poeta, Álvares do Oriente, que coloca a personagem Urbano desterrada na zona entre as confluências do Nabão com o Zêzere e deste com o Tejo.

Um estudo académico criterioso defende a identificação de Urbano com Camões.

São bastante e plausíveis os argumentos do investigador António Cirurgião neste sentido. A ponto de levarem notáveis como Graça Moura a citar a obra acima identificada numa excerto que correu o país a propósito da exposiçao sobre os descobrimentos.

Não é rigorosamente verdade que o Poeta não tenha escrito sobre Constância. A elegia do desterro na versão de Faria e Sousa (século XVII) refere-se aos «rios» e não às «águas».

Em Constância sempre se chamou «rio» ao Zêzere. Nos anos setenta ainda era assim. Ninguém se lhe referia pelo nome.

São apenas umas pequenas achegas para um debate que implica investigação.

Seria estultícia nossa querermos que Camões andasse a fazer relatos jornalísticos da sua vida nos seus poemas.

José Luz
(Constância)

terça-feira, agosto 25, 2009 2:22:00 da manhã  

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