domingo, abril 15, 2007

688 - grândola, terra da amizade

Grândola recebe-nos com um mural revestido a azulejos com uma pauta musical e uma letra escrita por um Doutor de Coimbra. Dr. Afonso, José Afonso.
De Santa Margarida a Grândola são duas horas e tal de distância (Nacional 118, A13 e A2) queria ter um avião para lá ir mais amiúde.
Esta vila sem monumentos, «por isso é que não passa a cidade» como me dizia ontem um autóctone é, apenas, mais uma mancha branca estendida na imensidão alentejana.
Ontem numa vila imortalizada por uma canção participei num almoço que memorava uma guerra, uma companhia de engenharia [ 3336], uns miúdos que se fizeram homens no Norte de Angola entre os anos de 1971 e 1973.
Recordar é viver, as recordações daqueles homens (alguns hoje são avós) passam muito pela amizade, pela camaradagem pelos laços que se criam. Numa guerra não se luta pela pátria nem pela bandeira luta-se pela vida do camarada que nos ladeia.
Embora as guerras possam ser erradas os soldados são os menos culpados.
[«post» sujeito a alterações]

6 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Jamais existiu uma guerra boa ou uma paz mà.
(Benjamim Frankin.)

domingo, abril 15, 2007 2:35:00 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Enterrem-nos,queimem-nos,apaguem os vestigios,diziam todos depois dos massacres.

A tragèdia è que,quem fazia estes massacres e cometia estes crimes,eram jovens arrancados à universidade,à escola tècnica,ao amanho da terra,ao trabalho na fàbrica.
Raramente foram seres marginais recrutados para a guerra,como por vezes se quer fazer crer.Esse foi o outro lado da tragèdia,porque uma boa parte dos afectados duramente pelo stress-traumàtico ,algo que só muito recentemente as autoriddes democràticas se dignaram reconhecer,devem-nos aos próprios crimes e violências que terão cometido.
Sinal que a humanidade està viva.

(Museu da Rèpublica e da Resistência)

domingo, abril 15, 2007 3:41:00 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Na estrada do Piri,aos solavancos
para as densas matas de Quitex,
as viaturas loucas avançam...
atentos ao bandido que ainda mexe
os soldados de camuflados às cores
confundem-se com o verdadeiro capim.
Para tràs deixam os tenros amores !
As bebedeiras de poeira sem fim
obriga ao silêncio das gargantas,
e em cada curva da picada sinuosa
o perigo esconde-se nas plantas!

Mas os gananciosos obreiros coloniais
jà não se afoitam como dantes...
Recolhidos ao aconchego da cidade,
vivem rodeados de criados e amantes.

E nós,combatentes e detestados,
estamos a comer o pó do sertão,
enquanto caminhamos sufocados
atè ao derradeiro golpe de mão.

Quibaxe,Fevereiro de 1962-Joaquim Coelho.

domingo, abril 15, 2007 4:30:00 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

manignifica a palavra «memorava». memorar...muito interessante.

luta-se pela vida do camarada e pela própria, não?

se alterar o post, não se esqueça de re-analisar a afirmação :«Recordar é viver»

não há guerra alguma que possa ser certa. na História, talvez uma e apenas essa me faça sentido, sendo que não foi uma luta pela pátria, nem pela bandeira...

domingo, abril 15, 2007 4:39:00 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Caro Pedro, gostei deste post. o Dr. José Afonso tem duas fases na Carreira Musical que já explico.
O Dr. José Afonso, de facto, um Dr. de Coimbra, era de Histórico-Filosóficas, ou seja era como eu, de História e da mesma Universidade, naquele tempo os 2 Cursos estavam juntos.
Podemos referir 2 fases na Música de José a Afonso, a primeira, a Canção de Coimbra, em que é o José Afonso, depois, a Música de Intervenção, em que é o Zeca.
Zeca fez o Liceu em Coimbra e ainda estudante do Liceu já cantava a Canção de Coimbra, e fazia parte de organismos como a Tuna e o Orféon. Cantou em Serenatas nos anos 50 ao lado de grandes nomes, tinha uma predilecção especial por Edmundo Bettencourt, tanto que cantou um dos seus fados mais célebres: Saudades de Coimbra (vulgo do Choupal até à Lapa). Nos anos 60, a Canção de Coimbra virou Canção de Protesto também, era letra de Manuel Alegre e Música de Portugal, era Trova do Vento que Passa, era Capa Negra Rosa Negra, era Trova do Amor Lusíada e tantas mais que a sua voz, a de Adriano ou de António Bernardino que tinha a "Canção do Trovador": "Se a voz do povo me chama/ Eu trovador, me tornarei" ... Se conseguires, ouve o Disco de António Bernardino "Flores para Coimbra", que é Canção de Coimbra de Protesto, onde estão muitas dessas músicas e um pouco raro, pois a PIDE Apreendeu-o, já que tinha saído em 1969, quando Coimbra efervescia com a Crise Académica ...
Visita o Site: http://www.azeitao.net/zeca/

domingo, abril 15, 2007 4:42:00 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Grândola,terra a que o Zeca dedicou este hino imortal.
Grândola que serviu como segunda senha para o derrube do estado fascista.
Grândola que era cantada nos momentos de maior perigo ou entusiasmo.
Grândola terra da amizade.

domingo, abril 15, 2007 4:44:00 da tarde  

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