837 - unhada na alma

Gostaria que as lutas fossem leais, como nesta ilustração de Maria Keill.
Gostaria de ser para sempre Peter, o que não envelhece, eternamente a fazer a guerra, sempre a ansiar a paz.
No meu peito (escondida por um matagal de pêlos negros [e um sacana dum pêlo branco, descoberto há pouco]) vive uma cicatriz provocada por um gajo cujo primeiro nome tinha (tem), apenas, três letras.
Lembro-me como se fosse hoje (foi há mais de vinte e cinco anos) um jogo de futebol, troncos nus e suados, uma discussão, qualquer... murros, pontapés e uma unhada no peito, lembro-me de olhar o peito com um sulco onde faltava pele e carne, lembro-me de o olhar, desculpabilizante, como que a dizer:
- Que tipo de homem «ganha» uma luta à unhada...
Lembro...
Lembro-me de sempre ter usado as mãos sem unhas (nunca violei*)
As maiores unhas que usei estão na ilustração.
Lembrei-me de tudo isto a propósito de meninos que não sabem ser meninos, a propósito de protecção de menores que não protege, a propósito de professoras de cidadania que sabem ser cidadãs, a propósito de crimes ocorridos em Constância que o Ministério Público investigará (apesar da tentativa abafativa do poder).
* quem tem unhas é que toca viola, como o amigo Rui, por exemplo
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