segunda-feira, agosto 13, 2007

912 - mão calejada, língua beijada

Hoje apertei uma mão como há muito não apertava uma.
Mão dorida, calejada.
Como não, lembrar-me de Antón Tovar: As maos sen calos do traballo,requintadas e doces, relixiosas,enfeitadas co ouro dos aneis roubados ó suor dos pobres empurraran a lingua nobre e pura a un cadafalso de vergoñas.
Como não, lembrar-me de mãos doridas, de palavras abafadas.
Felizmente, hai siempre alguém que resieste, hai siempre alguém que diz: non

(hoje já não é dia de falar no senhor adolpho)

3 Comments:

Anonymous Anónimo said...

As tuas mãos...
Meu Deus!As tuas mãos...
Trazem flores de calos e mapas de estradas,
vincadas fundas na alma cansada de ser alma,
trazem rios e flores do campo e montanhas trabalhadas,
escavadas,desmontadas por essas mãos que te pendem
pesadas da ponta do corpo.

As tuas mãos...
São mãos de gente simples,
de gente que por vezes parece que não sente,
e quando sente pede para não sentir,
o peso daquilo que a gente sente
quando sente e parece que não està a sentir
aquilo que sente...

As tuas mãos...
Sonharam ser outras mãos,
mãos macias de quem nunca pegou numa enxada,
encaixada na suavidade das tuas mãos de moço,que se tornaram nestas mãos baralhadas,
guardads secretamente no fundo de um bolso,
onde,envergonhadas,se escondem...

As tuas mãos...
São mãos de trabalho,
sujas,gastas,velhas,secas,gretadas,
perpetuadas como dolorosos troncos de arrasto,
que se arrastam nas pedras das calçadas
que diariamente calcas no chão
como calcasses o teu próprio ser...

(olhares.com)


"O poeta tem alma do tamanho do mundo.
É fácil ter alma de poeta,dificil é escrever um poema."

terça-feira, agosto 14, 2007 8:25:00 da tarde  
Blogger r said...

Este post não devia ser o 913?...por uma questão de lógica higiénica.

terça-feira, agosto 14, 2007 10:22:00 da tarde  
Blogger r said...

Não Passou

Passou?
Minúsculas eternidades
deglutidas por mínimos relógios
ressoam na mente cavernosa.

Não, ninguém morreu, ninguém foi infeliz.
A mão- a tua mão, nossas mãos-
rugosas, têm o antigo calor
de quando éramos vivos. Éramos ?

Hoje somos mais vivos do que nunca.
Mentira, estarmos sós.
Nada, que eu sinta, passa realmente.
É tudo ilusão de ter passado.

Carlos Drummond de Andrade

terça-feira, agosto 14, 2007 10:36:00 da tarde  

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