segunda-feira, abril 06, 2009

2028 - os monstros de torres novas

Leio o título, olho a imagem e enojo-me, enoja-me a justiça.
Sinto nojo duma sociedade que despreza as mulheres, mulher, pensam os tribunais (alguns tribunais) é para ser atada, roubada e ameaçada com armas de fogo.
Mulher não é um ser humano.
Será que não passou pela cabeça de ninguém naquele tribunal que aquelas senhoras, também, choraram em bebés, cairam e esfolaram os joelhos, levantaram-se e sorriram.
Ninguém é prostituta, está-se prostituta.
Ninguém é presidente da câmara, da república ou primeiro ministro, está-se presidente da câmara, da república e primeiro-ministro.
Digamos que as actividades dos segundos prejudicam-nos muito mais que as actividades das primeiras.
Os tribunais deveriam julgar os criminosos e não as vítimas.
Brasileiras, dizem...
Como se as brasileiras não fossem dignas, como se a minha tia Leonor que viveu num bidonville em França fosse menos digna por ser portuguesa.
O que é a dignidade?
A dignidade revela-se em pequenos gestos, há um senhor na Áustria a quem chamam - monstro - que fez ruir todo um mundo de fantasia que tinha construído para que um dos habitantes desse mundo tivesse assistência médica.
Os monstros de Torres Novas, ataram, ameaçaram, roubaram... foram condenados a pagar 1500 euros (só em levantamentos tinham roubado 1220 euros, mais todo o dinheiro que as senhoras possuíam e ainda objectos valiosos) aos bombeiros, repito aos bombeiros.
Recapitulando o produto de roubo foi superior à multa, os bens das senhoras foram transferidos para os bombeiros e os monstros ficaram todos em liberdade porque se mostraram arrependidos.
Perguntava ali atrás o que é a dignidade, dignidade seria tratar todos os seres humanos de igual modo, o menino brasileiro que assaltou o BES, provavelmente, também, se iria arrepender, não teve foi tempo, uma bala assassina espalhou-lhe as ideias e as palavras que nunca chegou a pronunciar.
Não pode existir uma justiça para homens outra para mulheres, não pode existir uma justiça para portugueses e outra para brasileiros.
Esta justiça não é digna.
Algures no Brasil, há uma criança que nasce, há uma criança que chora, há uma criança que daqui a alguns anos poderá estar a ser roubada, espancada e violada sob o encolher de ombros do Tribunal de Torres Novas.
Nota: Este post foi elaborado tendo como único suporte este artigo do jornalista Pepino, não li o acordão. A imagem foi retirada daqui.

3 Comments:

Blogger Unknown said...

Miséria.

terça-feira, abril 07, 2009 5:52:00 da tarde  
Blogger r said...

Há muito tempo que não escrevias um texto com tão profundo sentido de humor. Confunde alhos com bugalhos, numa versão humorística... extra-ordinária. Bom retrato do mundo perfeito que deus nosso senhor criou.

terça-feira, abril 07, 2009 9:41:00 da tarde  
Blogger pedro oliveira said...

Este não é um texto sobre alhos mas é um texto sobre bugalhos.
Brinquei muito com bugalhos em miúdo.
Um bugalho é a cicatriz que fica na árvore (carvalhos, sobreiros e azinheiras) depois da vespa a deixar.
O interior do bugalho tem uma textura mole e podre como os monstros de Torres Novas.
Decididamente este não é um texto humorístico (não foi escrito com essa intenção) é um texto sofrido e fala-nos de sofrimento.

terça-feira, abril 07, 2009 11:03:00 da tarde  

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