sábado, agosto 29, 2009

2207 - quando nos morrem

O que é a dor, o que é a perda?
As pessoas não se perdem, nós, com as nossas atitudes, é que as perdemos.
O Zé Luís neste livro escreve: morreste-me... estava enganado, Zé Luís, deveria ter escrito: viveste-me, viverás para sempre em mim.
Quem tem filhos sabe que viverá para sempre...
Gosto de me pensar como neto de ferroviários (pelo lado paterno, avô Jacinto, avó Deolinda).
Meu avô, desde menino a chefe de estação, minha avó que não conhecia uma letra do tamanho dum comboio mas sentia-os, sabia-lhes as manhas e acenava-lhes, profissionalmente, com bandeiras.
Olho as imagens... a lua que se esconde num fundo azul, o sol que nasce em negro enquadramento.
Dia e noite... nascer, morrer.
Adultos que partem, crianças que ficam.
Ficar e partir, dois lados da mesma viagem.
Há passageiros que saem, outros que entram, o comboio da vida está sempre em movimento.
Às vezes saímos numa estação que não era a nossa, enganámo-nos, enganaram-nos.
- É aqui, dizem
Afinal não era... ou talvez fosse.
Não sei (não sabe ninguém) porque escrevo o fado, porque teclo sobre o destino.
O destino somos nós que o traçamos, com as opções que tomamos, com as escolhas que fazemos ou não.
Tudo pelo melhor, no melhor dos mundos possíveis...
Acredito que todos as atitudes que tomamos não resultam da conjugação do sagitário e do harry potter no quarto quadrante da triangulação da quinta lua de saturno com a órbita quadrangular de marte, acredito, creio, que somos cidadãos e cidadãs livres, num mundo livre e que optamos, livremente, por aquilo que achamos melhor...
Que a terra te seja leve, amiguinha... viveste-me.
não é o fim, nem o princípio do fim, é o fim do princípio