2229 - a telescola

Olho aquelas pareditas que hoje já não existem e cada vez tenho mais a certeza que nada daquilo seria necessário.

Não existe falta de espaço em Santa Margarida da Coutada.

Poder-se-ia construir um novo edifício escolar hiper-super-mega moderno e manter-se aquela casa de memórias.

Para muito de nós que dentro daquelas quatro paredes chorámos e rimos mas, fundamentalmente, aprendemos, a destruição foi como se nos tivessem subtraído um pedacinho de nós.

A câmara, esta câmara já nos roubara/destruíra o campo de futebol, agora rouba-nos/destrói-nos a escola... recordo, também, o sobreiro de Montalvo que já não existe.

Mais uns anos e nada restará.

Ficarão pedras e estradas alcatroadas.

As pessoas, as árvores e as memórias serão sufocadas.

Na minha opinião a melhor localização para o novo edifício escolar hiper-super-mega moderno seria no espaço, actualmente, ocupado pelos ciganos.

Aproveitar-se-ia a proximidade do parque ambiental e ficaria mais perto de todos os lugares da freguesia: Vale-do-Mestre, Pereira/Casta, Malpique/Caldelas/Campo Militar, Portela e Santo António (Constância-Sul se preferirem).

Aproveitar-se-ia um edifício que estava, perfeitamente, utilizável (nem quarenta anos tinha) e criar-se-ia uma construção nova não alicerçada em memórias e sonhos de muitos santamargaridenses que naquela escola (agora destruída) aprenderam a ler, aprenderam a ser cidadãos (era, também, assembleia de voto)... aprenderam a ser pessoas.