domingo, julho 25, 2010

310/2010 - olhávamos e estávamos tristes


Uma porta algures no concelho de Constância.
Uma porta, olhada de dentro, vista de fora.
Uma porta, tantas interrogações, porquê uma chave e uma aldraba, a aldraba serviria, também, de puxador, porquê o espelho de fechadura, magnificamente, trabalhado mas não simétrico, que porta será esta, onde fica, quem passaria por ela, tantas perguntas sem respostas, tantas memórias perdidas.
Diz-nos Kundera n' O Livro do Riso e do Esquecimento:
«Se Franz Kafka é o profeta de um mundo sem memória, Gustav Husak é o construtor desse mesmo mundo (...).
Penso que é muito significativo, deste ponto de vista, que Husak tenha mandado expulsar das universidades e dos institutos científicos cento e quarenta e cinco historiadores checos (...).
Em 1971, um desses historiadores, Milan Hübl (...) estava no meu estúdio (...). Olhávamos pela janela as torres pontiagudas do Hradchine e estávamos tristes.
Para liquidar os povos, dizia Hübl, começa-se por lhes tirar a memória. Destroem-se os livros, a cultura, a história. E outra pessoa qualquer escreve-lhes outros livros, dá-lhes outra cultura e inventa-lhes outra história. E depois o povo começa lentamente a esquecer o que é e o que era.

5 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Ó amigo Pedro, ao olharmos para aquela porta, por dentro, por fora, deixamos a nosa imaginação trabalhar livremente e divagamos sobre o passado, o presente e o futuro imediato daquela que foi uma das obras-primas de um artesão conceituado, que a seu tempo construiu outras similares (irmãs gémeas) e devido à sua imensa capacidade realizativa e conceptual, alcançou outros feitos de louvar na sua arte. Todavia, o que lá vai lá vai (como diz o nosso sábio povo), então porquê peder tempo a fazer conjecturas que não nos levam a lugar algum? Não vale mais juntar sinergias e tudo fazer por voltar a colocar neste local uma passagem transitável, voltar a dar-lhe a dignidade que merece?
Nós portugueses temos esse velho hábito (mais um defeito) de perder o nosso tempo a tentar encontrar culpados para a desgraças, ao invés de solucionarmos as mesmas, numa primeira face não soubemos fazer um diagonóstico correcto, depois pecamos por facilitar em demasía desviando a nossa atenção para problemas colaterais e de pura diversão, por fim, depois da borrada que «inocentemente cometemos, ainda tentamos «lavar a roupa suja».
O Politico Residente

domingo, julho 25, 2010 2:30:00 da tarde  
Blogger O Cidadão abt said...

o quê, ó Santamargarida!

Pegamos num aríete e mandamos porta abaixo!

S'tá feito e não mexe mais!!!

domingo, julho 25, 2010 7:07:00 da tarde  
Blogger Unknown said...

Para o optimista todas as portas têm maçanetas e dobradiças, para o pessimista todas as portas têm trincos e fechaduras .

Abraço.

domingo, julho 25, 2010 7:40:00 da tarde  
Anonymous Plebeu said...

Este blog é o MÁXIMO.
Não hà post que o seu amigo Manuel Marques não comente, tal Prof. Marcelo.

Já sei que este comentário não é publicado, mas VOSSEMECE está doente, pode crer.

Um humilde plebeu de Santa Margarida.

domingo, julho 25, 2010 9:27:00 da tarde  
Blogger pedro oliveira said...

Caro Plebeu,

Manuel Marques não é meu amigo, é meu camarada.
É um homem, com H grande que, ainda, não tive o prazer de abraçar mas que me faz acreditar que o concelho de Constância tem futuro enquanto existirem pessoas que o amem... que não pretendam chular.
Quanto à sua preocupação com a minha saúde, registo e agradeço.
Agradeço-lhe o tempo que perde com o «maluquinho» tipo «vou deixar um comentário no "blog" do doidito, o gajo 'tá todo desgraçado, mas vou lá, anonimamente, deixar-lhe um comentário, para se sentir mais apoiado».
Valeu.
Obrigado pela solidariedade.
Plebeu.
Paz, pão, povo e humildade.
Um humilde plebeu de Santa Margarida que tem a coragem de assinar: Pedro Oliveira.
Passe bem...

domingo, julho 25, 2010 9:42:00 da tarde  

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