0006/2011 - quando heins neuber é um menino e o caniço morre

o mundial de futebol do naranjito acabara, quase, há três anos, em santa margarida da coutada, um jovem seguia, sem grande interesse, a chuva na areia.

lembro-me, vagamente, que a acção decorria em vila nova da galé, um cenário fictício construído em tróia, setúbal.

nesses anos, pouco mais de uma década depois do 25 de abril, muitos actores eram militantes comunistas assumidos e encartados; josé viana como augusto nunes; rogério paulo como mimoso.

as personagens que mais me marcaram foram, no entanto, a de carlos wallenstein como heins neuber e a de nuno melo como caniço.

pensei-o na altura, penso-o agora, ninguém tem o direito de usar a violência física, verbal ou outra, para submeter alguém a  actos sexuais que não pretende praticar.

para mim, o nuno melo sempre foi, continuará a ser - o caniço - o miúdo de vila nova da galé a quem o sacana do gay (na altura dizia-se: paneleiro) alemão cortou a pilinha.

esta madrugada, em new york, usa (nova iorque, estados unidos da américa) o caniço chamava-se carlos castro e tinha sessenta e cinco anos e heins neuber, embora conterrâneo, é uma antítese dos filhos de antónio brandão.

álvaro góis e rui mamede modelavam ternas figuras na brutidão dos calcários, renato seabra desmodela, alegadamente, flácidos corpos.