sexta-feira, junho 17, 2011

0103/2011 - antónio luís marinho, tinto, uma tentativa de tingir uma realidade acontecida em 1961

poderá um trabalho académico ser colocado em causa pela pessoa que nos vai apresentar o livro?
pode.
poderá um trabalho académico ser colocado em causa pela nossa editora, pela pessoa que nos aconselha, nos corrige, nos edita?
pode.
o livro que temos ali em cima é um trabalho académico?
não.
como o próprio autor nos confessou, resulta d' umas sobras, d' uma tese que teve de escrever, já agora vou publicar.
e publicou (teve quem publicasse).
sei bem a trabalheira que uma investigação deste tipo envolve.
algures nos anos noventa, do milénio passado, fiz uma (investigação deste tipo), a cadeira chamava-se: história da imprensa periódica portuguesa, o professor: josé tengarrinha, o título que dei à coisa foi: maria da fonte vista pela imprensa da época.
atentaram na subtileza da coisa?
não chamei ao trabalho: a revolta de maria da fonte, nem a revolução de maria da fonte, nem sequer, o levantamento popular de maria da fonte; um título implica uma opinião. 
voltando ao livro do marinho e ao título: o ano horrível; duas considerações, a primeira para dizer que nada tenho contra luís marinho, antes pelo contrário, durante alguns anos, o luís, o magno, a ana e o delgado foram, contraditoriamente, a minha companhia radiofónica entre as 19h e as 20h de sexta-feira; a segunda para frisar que o título do livro não é mau, é péssimo, um bom título seria: 1961 [graficamente, o 9 e o 6 tombados para o centro, horizontalmente, caídos] a primeira queda de salazar, ano horrível, remete para a colecção dos horríveis e para a expressão de cascais: ai qu´ horrível qu´rida
quanto ao livro vejamos aqui (sigam o link: televisão).
quanto ao resto vou frisar só dois momentos que ilustram a elevação intelectual da coisa, para iniciar as hostilidades a editora - guilhermina gomes - começa no blá, blá, blá sobre o autor e depois voltando-se para o apresentador do livro diz: e você, baptista bastos, é um prazer você estar aqui...
baptista bastos, fez por não desmerecer o momento entre outras coisas disse isto (estava, devidamente, contextualizado): não é só conflitos de ordem gramatical, são conflitos de ordem mental (...) mais à frente acrescentaria: desenraimento... fiquei a pensar naquilo, olha, uma palavra que eu não conhecia, nem eu nem todos os dicionaristas que consultei...
na esplanada do antónio, em frente ao lançamento do coiso, perguntava-me um tipo de bigode à dali, com ar de se manter em pé, à custa do molho das sardinhas de santo antónio: ó amigo, afinal o gajo não era tão mau, 'tá aí a ler o livro de salazar... calma aí, disse eu, fala aqui em horrível (e fiz uma cara feia) sorrimos, com a cumplicidade de simples homens do povo sentados numa esplanada.

1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Post muito interessante, escrito, sem dúvida, por um homem perfeito.

sexta-feira, junho 17, 2011 11:44:00 da manhã  

Enviar um comentário

<< Home

não é o fim, nem o princípio do fim, é o fim do princípio