sábado, julho 07, 2007

841 - as flores murcham-se, as aves emudecem-se

Os campos secam-se
António Vieira, padre

Os campos verdejam-se, as papoilas murcham-se, as aves enrosam-se
Pedro Oliveira, blogger

4 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Os campos verdejam-se com as chuvas e sob raios de sol. Sem chuva, nem sol, nem os campos são fertéis, nem as flores florescem.

As flores colhidas murcham sempre.

sábado, julho 07, 2007 5:17:00 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Olhai estas flores do campo
qu' existem sem ninguèm
qu' olhe por elas!...
Olhai as aves coitadas
caídas numa armadilha
vinda do cèu!...
Olhai esta natureza
a quem humano progresso
declarou guerra!...
Olhai todos os seres vivos
que sabemos existir
mas não têm paz!...
Olhai os peixes no mar
e esta luz no horizonte
de um vil clarão!...
Olhai o aroma da selva
as miragens do deserto
que vão ficar!...
Olhai a água das fontes
que estão prestes a secar
sem haver nuvens!...
Olhai o sentir dos homens
sem coração para amar
e libertar!...
Flores do campo,aves do cèu
ó natureza do progresso,
o que fazer ?
Seres vivos,peixes do mar
ai ó selva e ó deserto
quem acolheis ?
Ai secas fontes e nuvens
sem àgua p'ra saciar
quando chorais ?
O mund' enfim ,hà-de voltar,
e o homem hà-de crescer
para sonhar!

Frassino Machado.

sábado, julho 07, 2007 9:03:00 da tarde  
Blogger @ said...

não lhe consigo encontrar defeito. ao post. isso é mau. algum defeito deve ter. o post.
as aves voam. voam. voam e poisam. poisam «enrosando-se».
quando nascem, as aves, têm asas, mas não sabem voar. precisam aprender.
a aprendizagem do voo é uma osmose entre o aprendiz, o aprendizado e o ensinador. parecem-se.
quando sabedoras (conhecedoras) do voo, as aves, voam e fazem-se poisar em «sopro vital» que não é gaiola.
em gaiolas, as aves, murcham como as papoilas; não cantam e vivem leves (daquela leveza [porque há outra] que, a dado momento, se não sustenta).
as papoilas dançam nos campos ao vento e depois murcham. as aves, dançam se «enrosando(-se)». somente. qualquer coisa de sublime, tipo a discussão do uno e do múltiplo.
gostaria... gostaria que preferissemos sempre as aves às papoilas e aos cravos secos.
gostei deste post político.

sábado, julho 07, 2007 11:48:00 da tarde  
Blogger r said...

Com esta produção de posts de fim de semana, é difícil eleger qual é o post maravilha (Blogue Maravilha também era uma ideia(zita/zinha)a reter, do género Blogue com Tomates, Blogue que me faz Pensar, Blogue com grelos, Blogue vou ali e não vale a pena voltar...)

Dizia que é difícil eleger-te um post maravilha, este, é, na minha perspectiva (pessoal, portanto), um post maravilha.

A imagem é multilectal. Fabulosa! A associação da imagem ao breve texto, enaltece-o. Vejo-o a partir duma simples leitura gramatical, (o uso do se), literária (pela referência a António Vieira), poética no uso e recriação da palavra («enrosam-se» não existe no léxico nem é comum nos falantes (escritores). criaste-a.). Interessantíssima a ligação ao post do equipamento cor-de-rosa...as águias(aves [de rapina]) «enrosadas», que deixa em aberto a interpretação desse «enrosamento»...não esquecendo que o cor-de-rosa se associa cultural e socialmente a uma certa fragilidade feminina.
Uma possível leitura política...na secura do cravo vermelho, símbolo de Abril, repousando em posição de acolhimento do rolo de papel. Não é um papel qualquer, é a reprentação teórica de Abril (um Abril por cumprir), envolto num baço laço cor-de-rosa. Um Abril politícamente «enrosado».

E podia continuar a dizer disparates sem conseguir significar o profundo simbolismo que li neste post.

E um é padre, o outro blogger......fabuloso. o post.

segunda-feira, julho 09, 2007 6:58:00 da tarde  

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