sábado, setembro 15, 2007

971 - polvo que lavas no rio

Acabei de estender, pendurar a minha roupa, húmida, com cheiro a sabão azul, cinco camisas, sete ceroulas curtas (acho a palavra: cuecas, deselegante e não existe outra para designar o trapo que envergamos sob as calças), catorze peúgas negras e mais umas miudezas...
Uma semana em roupa lavada.
Lavar, lavarmo-nos, este semana assistimos a várias lavagens em directo, lavar a imagem, não no rio, na televisão.
Os jornais já não são lidos em voz alta nos barbeiros, nem nos cafés, hoje o que é importante passa, passa-se (daí a expressão: 'tou-me a passar) na televisão.
Em que ponto teremos trocado o aroma a urze pelo zurze?
Quando teremos deixado de ser um povo de partilha: era o vinho que me deste, água pura fruto agreste, para nos tornarmos num polvo que destila fel, julgando tudo e todos, olhando tanto para os outros, vendo-se tão pouco: Povo, povo, eu te pertenço...

2 Comments:

Blogger r said...

Este comentário foi removido pelo autor.

sábado, setembro 15, 2007 1:58:00 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Mais uma vez me faz lembrar as mulheres de Constância, à um bom par de anos atrás, na sua faina diária debruçadas sobre o rio Zêzero, lavando a roupa.
No rol de roupa que deu a este poste, eu ás ceroulas, chamo-lhe cuecas á pai de familia.
Zurze-não hà volta a dar-lhe na tv sempre se tratou mal tudo e todos.

O arroz de polvo unido ,jamais serà comido.

sábado, setembro 15, 2007 3:17:00 da tarde  

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