domingo, março 23, 2008

1247 - o outro lado da festa

Estás aí numa fotografia...
Fui ver, era eu, com menos 25 anos, com menos 25 quilos, com mais 25 centímetros.
A festa, as festas servem para nos confrontarmos com o nosso passado, com as amizades que fizemos, com pessoas importantes.
Estas festas vou lembrá-las graças ao Manel, vejo-o pouco, agora. O Manel foi meu colega numa equipa de futebol de salão chamada: Sempre Prontos, vestíamos de azul e branco e éramos de Malpique (eu era estrangeiro).
Um dos camaradas dessa equipa não o encontrarei jamais, o Manel abracei-o hoje (lembrei quando o tratavam, carinhosamente, por preto) essencialmente, gostei do menino que me sorriu e estendeu a mão, cumprimentei-o, claro, é o meu filho (disse o Manel) [já tinha percebido, não há muitos Obamazinhos em Santa Margarida].
Gostei muito da atitude daquela criança, se é amigo do pai é para cumprimentar (pensou) não esperou que lhe dissessem, mostrou iniciativa e educação.
Aquele menino é a prova que não são necessários telemóveis, nem i-pods, nem portáteis, nem roupa de marca para ser educado, o Manel mostrou-me que não é necessário ser-se loiro ou ter um cartão de crédito dourado para ser um bom educador.

30 Comments:

Blogger pedro oliveira said...

«com mais 25 centímetros»

usava o cabelo mais comprido.

A fotografia foi conseguida por este humilde «blogger» estava para a enviar para o concurso, prefiro partilhá-la convosco.

segunda-feira, março 24, 2008 12:55:00 da manhã  
Blogger João Baptista Pico said...

As aulas vão começar, não é verdade?!
Então no caso da aluna do 9ºC e do colega das filmagens, devemos diabolizar esses dois?
E a DREN, o Charrua,a ministra, o conselho de ministros, os sindicatos, os Media e o PR ( já que não há rei...), não serão muito iguais aos alunos da turma do 9º C, na risota e nas tintas para tudo...
Com a atenuante dos miúdos que sempre poderiam invocar a seu favor os efeitos da psicologia das multidões e não são "pagos" para resolver contendas!...

segunda-feira, março 24, 2008 10:46:00 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Se os pais deixarem as funções de educandos para terceiros ,desculpe-me que lhe diga mas não hà,nem DRENs (ou que carga de àgua è isso,Charruas ou charretes,ministros ou ministras,PR,reis ou princesas que nos valha.Mais por muito menos levei nas trombas de alguns professores e hoje estou-lhes muito gratos.

segunda-feira, março 24, 2008 12:14:00 da tarde  
Blogger João Baptista Pico said...

Devo dizer-lhe que também tive professores a dar chapadas a torto e a direito. Pensando melhor e mais friamente, reconheço que esses professores também não chegavam mais longe do que isso...
E tanto assim é, que hoje ( ou de há dezenas de anos atrás...),esses actos não deram frutos. Valeram o que valem...
Não sobrando mais nada do que isso mesmo.
Aquela professora ( de gabardine "bege" vestida, também indicia muito da sua personalidade. Se somada à teimosia e cabeça perdida de quem divide com a aluna o mesmo telemóvel pela sala de aula adiante, verá que a exaltação de uma não é pior do que a da outra...
Sendo certo que a aluna é uma miúda, por muito mal criada e mimada que seja...
O aluno das filmagens então teve o "mérito" - savo seja - de pôr a nu a hipocrisia dos media, que se não fosse o miúdo teriam continuado a negar as evidências, como de resto os "spin doctors" já fazem ccom grande mestria ao esconderem a miséria explosiva onde assenta o que resta deste país.
Se viu a SIC-N às 21 horas no primeiro dia teria ficado perplexo com os comentários de uma Odete Santos e de um Miguel Relvas a fingirem-se "enojados" com aquelas posturas, quando eles são bem capazes de fazer muito pior, no Parlamento ou nas secções dos partidos...
O Charrua foi o professor das bocas insolentes à mãe do Sócrates numa sala de reuniões de professores...
A ministra, os ministros e o PR e sindicatos e professores mais não fazem, do que "imitarem" os outros alunos dessa turma do 9º C... Todos se mantêm indiferentes e na risota contagiante...
Assim só resta um dia andarmos para aí à chapada todos...
E depois voltamos ao mesmo?! Como de resto vem acontecendo desde 1820...
No picozezerabt.blogspot. com, digo mais
Espero que o Pedro Oliveira me desculpe esta intromissão.

segunda-feira, março 24, 2008 2:28:00 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Mas tudo isto acontece porque os pais deste país(Entenda-se por pais, ex-alunos,PR,Charruas e charretes,ministros e ministras,reis princesas e afins,Odete Santos ,ou Miguel Relvas e afins)continuamos a olhar só para o nosso umbigo e que todas estas cenas só acontecem aos outos,se acontece aos nossos,coitadinhos são a màs companhias.Tudo isto só è possível porque grande parte da nossa classe mèdia e novo riquismo só se preocupa com o carro novo que o vizinho comprou ou com as fèrias numa ilha do pacifico que a vizinha marcou par o próximo periodo de fèrias.Em relação às noticias SIC-N ou outra qualquer estação noticiosa escrita ou falada também têm a sua cota parte de culpa,pois enquanto nesta República de ananazes houver "N" de jornaleiros que só escrevem para quem lhes paga sem um pingo de ètica e vergonha caro amigo...
Somos ,seremos,enquanto não houver coragem para pegar os bois pelos cornos um povo mediocre mal cheiroso e sem cultura.

segunda-feira, março 24, 2008 3:30:00 da tarde  
Blogger r said...

Eu gostaria de questionar, se me permitirem, aos senhores comentadores, como mãe de três filhos, cujas idades estão compreendidas entre os 21 anos e os 7 anos de idade, de que forma concreta geriam, numa sala de aula, numa escola pública, o toque de um telefone d'um estudante, ou o facto de, o estudante manusear o telemóvel com o objectivo de enviar mensagens.

De que forma concreta e imediata, geriam essa ocorrência?

segunda-feira, março 24, 2008 4:13:00 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Caríssima Rosa :
1-desconheço quais as regras ou leis que regem os telemóveis no periodo de aulas.Deduzo que seja obrigatório estarem desligados.
2-não sendo letrado, frequentei durante dois anos a universidade das Lezírias,tenho muitas milhas de tarimba no corpo,conheci muitos lugares exóticos e mijei muita vez fora borda.
3-Sou pai de dois garotos ,um com 31 e outro com 27 que por concidência também usam telemóvel.
4-Sabendo eu que em todas as escolas públicas sempre existiram alunos problemàticos .
5-Tentaria pedagógicamente envolvendo toda a turma para que o caso não se repetisse.
6-Entraria em contacto com o encarregado de educação do aluno e faria-lhe ver que os telemóveis são muito úteis se soubermos tirar o proveito do que eles nos dão.

segunda-feira, março 24, 2008 5:09:00 da tarde  
Blogger r said...

5 é o meu truque, mas tem de ser imediato e firme e requer que esteja já construída uma relação sólida de que há regras discutíveis e outras não. Há regras que o professor dita, sem discussão, pela sua presença, que é uma autoridade e/ou porque ditadas pela instituição de ensino.

Quando se dá uma ordem, numa sala de aula (fora dela, tb, claro), não se pode, por motivo algum, naquele imediato, voltar atrás. Não se pode!! O alicerce construído desaba.

Quanto ao caso concreto, talvez ainda regresse, pensando nele.

segunda-feira, março 24, 2008 5:59:00 da tarde  
Blogger João Baptista Pico said...

Com todo o gosto direi a Rosa Oliveira o seguinte:
- Sou pai de dois rapazes 30, 27 e a filha de 24 anos (licenciada há 2 anos...);
- Fui durante três anos membro da Associação de Pais, na escola pública de dois deles;
- Se quiser poderei dizer que no Souto era o capitão de uma equipa de futebol, onde dos 15 ou 20 eu era apenas o segundo mais novo ( desde os 17 aos 21), enquanto os outros tinham sempre dois a dez anos a mais do que eu e alguns tinham mesmo muito mais corpo do que eu...
- Direi, que " gerir de forma concreta e imediata", só pode ser improvisando; porque gerir pressupõe conhecer o terreno, discutir as metas com os pais e com os alunos, aliciar colaborações, motivar a equipa, pré-definir regras, estabelecer contratos, criar objectivos e liderar o processo;
- Já vê que naquele momento, "tirar o telemóvel das unhas a uma miúda de 15 anos", como aparentemente sucedeu foi um gesto irreflectido da professora - condenado ao insucesso e gerador de clivagens e imprevistos de toda a ordem, que se gerassem uma bofetada da professora à aluna poderia ter consequências gravosas, como todos sabemos, pese toda a arrelia e esgotamento e razão da professora - e de todo a evitar face à rebeldia que a turma demonstrava;
- Porque o que tudo leva a crer, é que aquela não foi a 1ª vez, com abusos de telemóveis ligados ou com trocas de mensagens;
- Não sendo a 1ª vez, o "imediatamente" não se coloca, porque já havia acontecido noutras ocasiões e provavelmente, nenhuma reacção houve da parte da professora ou de outros mais professores,portanto uma omissão anterior que alimentou toda aquela indisciplina e até permissividade;
- Do que se infere, que a gestão daquele episódio já estava minada por demasiada indulgência em fases anteriores, onde se devia ter cortado o mal pela raiz;
- Com avolumar de toda aquela indisciplina, até o facto do incidente ter tido lugar no segundo período de aulas, mostra como o problema já vinha de trás;
- quer isso dizer que nesta altura do campeinato já não havia nada a gerir, mas quando muito a vincar uma autoridade, indo ao ponto de em colaboração com outros professores ou a direcção da escola fazer um ponto da situação e tomar nota de meia dúzia de nomes dos infractores e confrontá-los, na aula seguinte ou no dia seguinte com o sucedido e imporem um BASTA!

segunda-feira, março 24, 2008 6:15:00 da tarde  
Blogger r said...

Caro João B. Pico,
a minha filha também é licenciada aos 21 anos, mas vamos à questão central.

Discordo totalmente desta sua posição:

«- Direi, que " gerir de forma concreta e imediata", só pode ser improvisando;»

Uma ocorrência como a que está em apreço, tem de ser imediatamente gerida e de forma concreta.

Considerando somente a acção de ensinar, o professor, portanto, o trabalho profissional numa sala de aula, não resulta de um improviso. Educar, num contexto de sala de aula, resulta d'um investimento anterior. O professor, conhece o terreno como nenhum outro elemento, discute as metas com os estudantes, pré-define as regras e dá a conhecer as que estão instituídas pelo Regulamento Interno da Escola, estabelece, quando o considera pertinente, Contratos Pedagógicos, define objectivos e competências a partir do currículo oficial, no quadro da disciplina que lecciona. A praxis do professor não é um improviso, ainda que, pela natureza do fenómeno educativo não possa, evidentemente, ser pré-definida ao ínfimo pormenor; envolve pessoas em formação, pelo que, há nela, necessariamente, lugar para acções que se não podem prever.

Não chamo rebeldia à reacção da turma. Chamo-lhe um triste e profundo desconhecimento (um vazio!) do significado da palavra liberdade, que, leva, sempre, associada, a palavra responsabilidade. Salvo os fenómenos de grupo, onde os comportamentos individuais, tendem ao conformismo (com a maioria), aqueles estudantes, manifestam uma leveza emocional e racional à figura d'um adulto-professor que, deixa sérias peocupações quanto ao que serão incapazes de constuír num futuro próximo.
Como mãe, em primeiro lugar e, professora, em segundo, digo-lhe peremptoriamente que, essa leveza de assim, estar e ser na vida, radica em casa, na família. A família, deve ser a primeira instituição educativa.

O visionamento do episódio, não me permite concluír se a professora tirou o telemóvel «das unhas» da aluna.
Eu, não lho tiraria das mãos,mas tirá-lo-ia da mesa, por exemplo. Já o fiz e fá-lo-ei sempre que a minha ordem para que seja guardado, não seja cumprida.

Ainda que, se lhes dê a conhecer a proibição do uso do telemóvel, é necessário repeti-lo muitas vezes, desde o primeiro ao último dia de aulas. Os nossos jovens não sabem escutar. Talvez ninguém os escute e, por isso, não o aprendam, É fácil perceber, porque os pais andam ocupados a ganhar dinheiro para pagar a casa, o carro e as férias do ano anterior, não têm tempo de escuta disponível para si próprios, quanto mais para os filhos...


O restante do seu comentário, coloca a centração da questão na acção dos professores e fico, também, preocupada com esse facto, porque, a educação pública é, na minha perspectiva, um problema da sociedade no seu todo: pais, professores......., (a escola é uma instituição social que se rege por regras ditadas do exterior), desejaria que não estivesse implícita na sua posição a ideia de que a escola pública deva resolver os desníveis sociais que, outras instituições, ignoram ou são incompetentes para solucionar.

Numa sala de aula, duma escola básica e secundária, em 90 min, há sempre (Sempre!) , o tal "imediatamente", porque, como lhe disse, é impossível prever o comportamento de todos os indivíduos envolvidos. Acontece, que meninos e meninas como aqueles, vão à escola, porque os pais foram trabalhar e sempre é melhor ir confraternizar com os colegas, do que ficar sózinho em casa.
Como professora, mesmo que conheça todas as Teorias da Motivação e conheço muitas, jamais motivarei um estudante, cuja mãe e pai, em primeiro lugar, não ensinou a respeitar e valorizar a aprendizagem.


Faz-se muito a comparação da profissão de professor com a de treinador desportivo, talvez, devido ao conceito: equipa. São profissões muito distintas e, essa comparação assenta, também, numa das tais Teorias da Aprendizagem, em especial, o Comportamentalismo, mas isso, já são especificidades. Penso-as distintas, principalmente, porque um Treinador, lida, a priori, com pessoas que estão por opção/escolha a praticar determinado desporto. O professor, lida com múltiplas personalidades, de proveniência diversa que, não têm, propriamente, um objectivo comum.

Concordo inteiramente com o Manuel Marques, quando diz que somos um povo sem cultura, mal cheiroso e mediocre. Só por isso, em nada me espantou o episódio mediocremente explorado pelos meios de comunicação e classe política.

segunda-feira, março 24, 2008 7:29:00 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Caro João Pico,refere que foi capitão de equipa num clube de futebol e tenta justificar a eficàcia na condução de homens com o paralelelismo do acontecimento em causa.Poderei dizer-lhe como Ex-1°sargento da Armada dei aulas na escola de Máquinas em VFXira (Disciplinas tècnicas inerentes ao curso de Maquinistas navais),mas
de maneira alguma, tanto no seu caso como no meu, è de bom senso esgrimar argumentos para o acontecimento.Direi mais, serà impensàvel comparar um grupo de bola ou uma turma de formação de militares com uma escola secundária.

segunda-feira, março 24, 2008 8:32:00 da tarde  
Blogger João Baptista Pico said...

Rosa Oliveira disse que stava completamente em desacordo comigo ou para ser mais exacto com aquilo que julgou perceber e ajuizou das minhas palavras, que é coisa diferente. E para lhe provar que é mesmo diferente, até llhe direi mais:
- Eu também estaria totalmente em desacordo com tudo o que me imputa na sua análise, se essa fosse a opinião que aqui expressei.

Antes, devo dizer que só invoquei os filhos para enquadrar melhor a minha experiência de vida. Tão pouco para querer dizer que a minha filha era mais brilhante que as filhas dos outros. Nada disso!
Aliás, também nunca suportei as mamãs e os papás que iam às reuniões de pais para passarem o tempo todo a dizerem que a filhinha ou o filhinho deles não se cansa de falar da professora ou do professor lá em casa, etc, etc...
Uma bajulação torpe, que no limite mais denunciava o vazio de amor e carinho lá de casa,ao ponto dos filhos se voltarem mais para os professores da escola...
Adiante...
Quando disse que gerir de forma imediata a uma ocorrência só improvisando, o que estou a querer dizer é que gerir é algo que obriga a ponderar toda uma estratégia pré-definida, para actuar no caso de um telemóvel a ser usado abusivamente, ou a prevenir outras situações.
Saber gerir e saber prevenir é uma só realidade.
Naquele caso do telemóvel tirado das unhas ou de cima da carteira pela professora, não foi uma acção pré-definida, ponderada.
A professora, quase pela certa, usou do efeito surpresa e a aluna respondeu, também quase pela certa, institivamente, como se estivesse a reagir contra uma sua colega da turma.
A Rosa Oliveira, não me vai dizer que é frequente uma aluna agarrar no mesmo objecto - pequeno objecto que é o telemóvel - daquela forma como agarrou, quando este já está nas mãos da professora e percorrerem as duas o intervalo de carteiras e subirem e descerem do estrado do quadro até à porta, pois não?!
Eu nunca vi uma coisa igual...
E também me custa acreditar que a professora não tenha sabido avaliar as consequências daquela cena, que não levava a lado nenhum e que alguém teria que pôr cobro. De preferência uma das duas e nunca os outros alunos, pois a dar-se a intervenção dos outros alunos também tudo podia acontecer...
Abstraia-se agora, peço-lhe, da sua condição de professora e tente de forma isenta a cena.
Não sei se já presenciou outras zaragatas. Mas quando isso acontece, e se intrometem várias pessoas, muitas vezes as contendas entre dois pulverizam-se em confrontos entre os que se apressaram a apartar a zaragata e já ninguém sabe quem é quem...
A luta inicial desdobra-se em três,quatro ou mais pares de opositores directos, pulverizando-se exponencialmente a contenda...
À falta de melhor lembre-se das zaragatas dos filmes do Charlot, onde todos acabavam engalfonhados...
Rosa Oliveira diz" a praxis do professor não é um improviso". E eu também não disse que o era. Muito pelo contrário, lá está o gerir e o prevenir situações lado a lado...
Porém anoto uma sua contradição logo a seguir: " porque há acções que não se podem prever "...
Aí, vai-me desculpar mas aquela professora já tinha "obrigação" de conhecer as reacções daqueles seus alunos...
Pior: aquela professora nem sequer foi capaz de saber avaliar a consequência dos seus actos intempestivos ao atirar-se para a "luta" com o telemóvel da aluna...
Aquela acção da professora foi uma forma de tirar esforço com a aluna ou no mínimo de sujeitar-se ater que descer ao campo da confrontação física...
E se a professora não soube avaliar essa situação - e a forma errática como se arrastou pela sala provava isso mesmo, porque só mais no fim é que tentou chegar à porta da sala, o que era já uma fuga clara, de quem já não controlava a situação...
Por muito que isso custe a admitir - e eu imagino a crueldade de um professor em ter que assistir a esse video e imaginar no que poderia acontecer consigo próprio, com consequências e desfechos inimagináveis - aquela cena tem dois culpados ou melhor duas culpadas.

Quanto à legislação esse é outro problema de deficiência do ensino e que alastra a tudo neste país...

Noutro contexto, poderei falar do ensino público e da educação. Mas uma coisa tem que ficar clara: a educação é uma matéria que compete aos professores definir as regras.
Como diz, as regras do ensino e da educação são ditadas do exterior. É verdade!
Como é verdade em todas as outras regras da nossa comunidade, ditadas do "exterior" por incompetentes, acrescentarei.
E eu que segui Direito algum tempo tenho a percepção do que é o Direito, a equidade, a justiça e o pormenor das regras poderem abarcar o máximo de situações sem suscitarem desigualdades ou distorções dos objectivos a prosseguir.
A luta contra a avaliação também eu a sigo e a respeito, porque a haver avaliação será sempre, em primeiro lugar sobre o modo de funcionamento destas nossas escolas públicas.
Depois a responsabilização dos pais podia ser melhorada se toas as semanas, todos os meses ou todos os trimestres, os pais também participassem em jornadas de formação ou de debate ao lado dos filhos e dessa sua participação resultassem pontuações para as notas dos próprios filhos ou outro tipo de incentivos de colocação futura dos filhos noutras escolas ou na "adjectivação" ou "valorização" dos curricula dos alunos.
Com isso muitos papás e mamãsacabavam mesmo por ter que "alinhar" com os filhos na escola...
Essas e outras regras, se não existem, é porque os professores abdicaram de exigirem isso mesmo, como era sua obrigação fazê-lo, pois são os profiossionais da educação. São os treinadores das "equipas".
Sejam lá os pais, as famílias medíocres ou não. Se os professores quisessem impõr-se ou se soubessem impôr-se, tudo isso já estava a esta hora mais bem encaminhado...
E os sindicatos também são culpados. Resumiram tudo a estatutos de professores e de carreiras.
Perderam autoridade.
E não colhe, essa atitude de virem os dirigentes sindicais denunciar o mau exemplo do video da Carolina Michaëlis, como se eles e os seus representados - os professores - não tivssem responsabilidades por essas situações.
Uma classe que saíu ao Terreiro do Paço com 100 mil manifestantes, não pode depois encolher os ombros para as outras realidades...
É nisso que o país , os alunos e os pais dos alunos não lhe perdoariam se depois deste episódio tudo ficasse como dantes...
Eu sei que a tentação de desmobilizar é fácil, para mais neste país e com este povo. Mas mal iríamos, se os professores fossem os primeiros a desertarem...
Para mais quando o Patriarca de Lisboa até veio em seu socorro dizendo, que os professores fazem mais falta do que os políticos. Pelo menos, do que os políticos que vamos tendo por aí...

segunda-feira, março 24, 2008 9:43:00 da tarde  
Blogger r said...

Caro João B. Pico, tenho imenso prazer em discutir assuntos educativos, do que afirma, algumas concordo, outras não.

Antes de outro qualquer assunto, digo-lhe já:

considere-me, se quiser, uma investigadora da educação, nunca, uma indignada de camisola preta a desfilar em prol do emprego e designando isso como luta pela educação. Ou seja, para reflectirmos, teremos de demarcar (na medida do possível) os assuntos para saber do que falamos. Na minha perspectiva, uma coisa, é definirmos com clareza o que é educar e o que queremos para a escola pública, outra coisa, é a discussão das condições de empregabilidade dos profissionais envolvidos na educação. Os assuntos, obviamente, encontram-se na proximidade, mas não devem intrometer-se

O seu comentário, merece atenção que não lhe posso dar neste momento.

Regresso quando for possível.

segunda-feira, março 24, 2008 10:13:00 da tarde  
Blogger João Baptista Pico said...

Há verdades que acredito que existem, mesmo que não as possa provar, como li algures por aí...
Nunca falei de garantir empregos. A educação dos alunos interessa-me, como meio de formação de futuros cidadãos de pleno direito e obrigações. A escola nem por isso.
Pelo menos quando se resume a escola a um local ou edifício, onde tudo se esquece, para que haja ordenados para os que reivindicam emprego, sem olhar pelo trabalho devido.
Mas noto que o dono da casa, hoje recolheu-se mais cedo...
Receio que quando chegar, já não haja espaço para os seus textos...

segunda-feira, março 24, 2008 11:29:00 da tarde  
Blogger pedro oliveira said...

1. Este vídeo nunca deveria ter chegado às aberturas dos telejornais nem às primeiras páginas dos jornais.

2. O facto de um miúdo, irreflectidamente, ter devassado a intimidade de professora e dos colegas não pode servir de desculpa para que profissionais da comunicação social tenham divulgado e projectado uma notícia que não é notícia e que deveria ter ficado entre quatro paredes.

3. Vamos supor que Paulo Bento no final do jogo de sábado passado foi agredido por um jogador e que outro colega filmos as imagens e as colocou no You Tube.
Essas imagens deveriam ter sido retiradas discretamente?
O jogador que agrediu e o que filmou deveriam estar com um processo disciplinar no clube?
Ou deveriam os jornais e as televisões ter divulgado o caso?
O mesmo exemplo poderia dar com um caso passado em plena Assembleia da república com a esposa a arranhar o marido de tal modo que o mesmo teve que ser assistido na enfermaria do Parlamento a sangrar, abundantemente, da face, essa «senhora» conta toda a história hoje no 24 horas, será que isso não é notícia?

4. Este caso está a ser utilizado na cruzada contra a ministra da educação e em última análise contra o governo.

5. Não se leia no que escrevi nenhuma desculpabilização da «menina» nem da professora de gabardine vestida, a meu ver foi muito mais grave a destruição de um balneário em França por uma equipe de miúdos e na altura assobiou-se, alegremente, para o ar.

6. Estamos a perder uma excelente oportunidade para discutir o que, realmente, importa acabarmos (ou não) com o ensino público obrigatório.

7. Poder-se-iam na mesma manter os currais (as escolas) onde os alunos estivessem, os professores (que passariam a chamar-se pastores) ficariam lá a pastoreá-los mas não tinham obrigação nem dos instruir e muito menos dos ensinar (esse é um papel dos pais).
No fim do dia os pais iam buscar os «meninos» e todos viveriam felizes para sempre sem avaliações nem chatices.

terça-feira, março 25, 2008 12:18:00 da manhã  
Blogger r said...

Caro João Pico,
Não concordei e, continuo a não concordar, porque não é verdadeiro o que defende, face ao acto educativo. Passo a explicar:

1.Julgo saber que gerir, supõe a definição de estratégias prévias, considerando os contextos de actuação, os elementos envolvidos, os instrumentos, etc.

1.1. O acto educativo, envolve o comportamento humano e, esse, não pode, pela sua natureza própria, ser previsto em absoluto. Não existem leis do comportamento humano!! Esse, foi o ensejo das teorias comportamentalistas, ultrapassadíssimas.

1.2. Pensar que se pode prever na sua totalidade o comportamento e atitude duma turma é uma visão linear do comportamento criativo, imaginativo e, como se viu, malcriado, degradante, vazio e empobrecedor da racionalidade humana.

1.3. O acto educativo, não é um adestramento. Não é um simples treino linear. As crianças e os jovens, agem e reagem, face à nossa acção.

Claro, como disse, no comentário anterior, a praxis, traz, ao professor, um savoir faire, mas não se infira daí a possibilidade de total previsão. Desse modo, era fácil educar. Definíamos as tais estratégias, muníamo-nos dos instrumentos, fazíamos uso das técnicas e pronto… eles aprendiam. Fantástico. O nosso Primeiro, quer fazer-nos crer que assim seja, ao impor um currículo tecnológico, por exemplo.

«A Rosa Oliveira, não me vai dizer que é frequente uma aluna agarrar no mesmo objecto - pequeno objecto que é o telemóvel - daquela forma como agarrou, quando este já está nas mãos da professora e percorrerem as duas o intervalo de carteiras e subirem e descerem do estrado do quadro até à porta, pois não?!
Eu nunca vi uma coisa igual...»

Nunca vi coisa igual ou semelhante!

Continuo a pensar que, podemos inferir muitas coisas daquela triste palhaçada. Por exemplo, eu, imagino que a professora tenha pedido o telemóvel à aluna e na recusa desta, lho tenha tirado da mão e….resultou no que se viu. Ainda assim, aquela aluna é uma pobre criatura em desespero (estou a ser irónica!), também posso inferir que teria tal comportamento com a mãe e/ou com a avó. Enquanto professora, nunca lho tiraria das mãos, não tocaria fisicamente a aluna numa situação de conflito. Eu peço, os telemóveis aos meus alunos e alunas, quando verifico recaída (digamos assim!). Por norma, guardam-no imediatamente!

Eu avalio a cena de forma isenta, ainda que, as nossas posições não sejam assépticas.

Obviamente que facilmente infiro dali, uma relação pedagógica contaminada há muito.
Tenho sérias dificuldades em compreender, porque, jamais numa aula orientada por mim, tal aconteceria. Não compreendo, acima de tudo, a razão pela qual não foi feito um registo disciplinar da ocorrência, porque não foi chamado um funcionário, etc


Charlot, chamá-lo-ia para aqui, somente para lhe dizer que a escola pública é uma fábrica de produção de parafusos sem futuro se, como já disse, nesta caixa de comentários, não se agarrarem os bois…


«Rosa Oliveira diz" a praxis do professor não é um improviso". E eu também não disse que o era. Muito pelo contrário, lá está o gerir e o prevenir situações lado a lado...
Porém anoto uma sua contradição logo a seguir: " porque há acções que não se podem prever "...»

Não é uma contradição. Não existem leis do comportamento humano!

A mim, não me custa admitir coisa alguma!
Ser professora, para mim, não é uma crueldade!, não imagino que tal me acontecesse!, garanto-lhe, apesar do ditado – nunca digas desta água não beberei – não aconteceria comigo. Não permitiria que uma relação chegasse a tal ponto. Eu mando calar os meus alunos e alunas, as vezes que entender serem necessárias e, mais, desde 1994, apenas dois alunos se recusaram a sair da sala, à primeira ordem. Um, na Escola do Vale da Romeira no Barreiro, saiu com um funcionário, o outro, na Escola Secundária de Santo Ant. dos Cavaleiros em Loures, saiu à repetição da ordem. Para além destes episódios, nunca tive necessidade de convidar estudantes a saírem das aulas. É sorte, por certo e, a matéria que lecciono é, por si mesma, convidativa : Filosofia. Eles gostam, para manifestar o seu desagrado e a inutilidade de tal disciplina na sua formação, ficam é menos agradados como lhes digo que, efectivamente, do ponto de vista imediato, realmente, não serve para nada. «Hum!. A mulher concorda c’a gente» - pensam. E vão ficando, até perceberem que necessitam rever o conceito de utilidade…


«Noutro contexto, poderei falar do ensino público e da educação. Mas uma coisa tem que ficar clara: a educação é uma matéria que compete aos professores definir as regras.
Como diz, as regras do ensino e da educação são ditadas do exterior. É verdade! »

Pois é, dizem os estudos da matéria. A escola é uma organização sociocultural finalizada, com uma estrutura e actores, contextualizada e desenvolve um conjunto de práticas que deviam concretizar uma mudança, infelizmente, limita-se a fabricar reprodutores. Mais do mesmo.


Concordo inteiramente consigo, os professores, são os actores principais (isto não é um slogan sindicalista, esses discutem condições de empregabilidade daqueles que representam, não os quero aqui de modo algum!) e só eles, pela sua acção, podem ajudar à mudança, auxiliados pelos restantes parceiros educativos. A educação, não compete somente ao professor, mais que não seja, porque lhe é humanamente impossível ser mãe, pai, psicólogo e assistente social e, ainda, ensinar.

«Como é verdade em todas as outras regras da nossa comunidade, ditadas do "exterior" por incompetentes, acrescentarei.»

Certamente que há incompetentes de gabinete que ignoram o tal «praxis» do professor, convencidos de que os Decretos, operam, por si, mudanças, mas há que considerar: a crise dos sistemas educativos é global e, no caso português, não pode ser compreendida apartada da situação antes de Abril de 1974.

«Essas e outras regras, se não existem, é porque os professores abdicaram de exigirem isso mesmo, como era sua obrigação fazê-lo, pois são os profissionais da educação. São os treinadores das "equipas".»

Isso, não é , desculpe, tão linear. A situação da escola, radica nas sucessivas mudanças que foram feitas desde a Lei de Bases do Sistema Educativo, em que se saiu dum obscurantismo total, para a introdução, daquilo que, muitos teóricos, designam por ecletismo, no sentido em que, o desejo de inovação quis fazer convergir várias teorias e perspectivas da educação e da aprendizagem, impraticáveis numa escola massificada.
A organização da escola, bem como as opções curriculares não são processos neutros. Os professores não definem o currículo oficial!

Eu não discuto finalidades educativo-formativas dos jovens portugueses com sindicalistas.


«Sejam lá os pais, as famílias medíocres ou não.»
Não! A organização educativa é contextualizada. A generalizada mediocridade de valores duma sociedade tem implicações retroactivas na educação e nas escolhas que se fazem. Não se podem separar estes dois aspectos, se queremos compreender a crise da escola e o tal «mal-estar» docente.

«Para mais quando o Patriarca de Lisboa até veio em seu socorro dizendo, que os professores fazem mais falta do que os políticos. Pelo menos, do que os políticos que vamos tendo por aí...»

Aprendi algumas coisas com o actual Patriarca, enquanto Professor Universitário, agradeço-lhe as palavras, mas respondo pela minha acção e não pretendo desertar para lado algum. Gosto muito da minha profissão.

terça-feira, março 25, 2008 12:20:00 da manhã  
Blogger r said...

Tenho muito receio de discutir certos assuntos neste espaço. Podem gerar interpretações ambíguas e, o tema Educação, é-me caro. Bastante!, mas lá vai:

Fez-me imensa confusão, aquela professora estar de gabardine vestida. Imensa! Meus senhores, isto não é uma piada, de todo. É significativo da insegurança... vi-me, imediatamente , sem casaco em frente à turma. O acto de despir o casaco, pedindo licença para o fazer e ficar de pé ou caminhar até muito próximo dos faladores (por exemplo) é uma simples estratégia, garanto, de : eu é que fico em pé, vocês, pedem licença* para se levantarem.
Isto, não é, repito, uma piada. É um pedaço pequenino da tal «praxis».

* Eu costumo, pedir-lhes licença para me sentar um bocadinho.

terça-feira, março 25, 2008 12:35:00 da manhã  
Blogger João Baptista Pico said...

Rosa Oliveira fez um extenso comentário, que certamente não mereciam os meus comentários tão lineares. Sem ironia, linear é resultado de não gostar mesmo nada de ver as coisas envolverem-se em demasiadas teorias, quando depois de espremidas, nunca davam para tanto.
Retenho da sua explicação, o seguinte:
- Não concorda com várias das minhas afirmações, e não era forçoso concordar e muito menos acentuar essas discordâncias;
-Porque depois acaba por "reconhecer" três ou quatro questões onde passe a rectórica usada, nada acrescenta ou desmente na prática ao que eu disse;
- Surpreendentemente, no meu entendimento, acaba por sublinhar a minha observação inicial - que Pedro Oliveira também aborda - "daquela professora com a gabardine vestida em plena sala de aula"; essa postura já explica muita coisa...
- Mais: aquela atitude "agressiva" da professora de tirar o telemóvel, que ninguém gosta muito de admitir, todos reconhecem que não fariam nunca nas suas aulas e a Rosa Oliveira declara-o de forma categórica; ainda bem!
- Os comportamentos dos alunos são imprevísiveis, parece ser um contra argumento em que reincide várias vezes para desmontar as minhas observações muito lineares;
- Contudo, ao fim desta discussão toda, ainda não ouvi dizer nada sobre o perfil psicológico da aluna e de tudo quanto a aluna pensa, nomeadamente, sobre a escola e sobre essa professora, sendo certo que uma das notícias dava a aluna a reconhecer que agiu mal e sentir-se arrependida ( in Correio da Manhã), mas ninguém sabe qual é a sua relação com os pais e quais os antecedentes dessa aluna, para além da generalidade de que aquela turma era problemática, ainda por cima dita pelo Prof. Charrua, o que também não deixa de ser caricato;
- Ao fim deste tempo todo, poderá a Rosa Oliveira expor todas as teorias que quiser e nisso está muito mais preparada do que eu, que sou um pragmático interessado em teorias até certo ponto - e não mais do que isso - e verificar que afinal, a gestão é prever e pré-definir no terreno e dominar as ferramentas ao dispôr e fixar objectivos;
- Aqui chegados, verifica-se que podemos ter uma ideia sobre os objectivos da escola, mas não sabemos o que pensam os alunos desses objectivos;
-Aliás, não sabemos nada dos objectivos dos alunos e é facil dizer que eles o que querem é estar e "andar por aí", como o José Gil dizia;
- E a escola procurou conjugar esses objectivos em observância com os pais?
- Eu sei que os pais andam preocupados com as prestações da casa, com o emprego ameaçado, etc, etc,;
- Porém, isso não iliba a escola de insistir com os pais eaté de alguma maneira fazer levantamentos desses problemas e integrar esses levantamentos na matéria de estudo - mesmo em Filosofia - e prcurar dar saídas para muitas situações e trazer com isso os pais mais vezes à escola e sentá-los ao lado dos filhos;
- Nesse levantamento, estou a pensar que muitos desses problemas que afligem os pais passam por dificuldades em cumprir certas das formalidades burocráticas decorrentes da abusiva administração pública que ainda vamos tendo, onde o Simplex é cenário para inglês ver...
- As escolas poderiam usar isso para atrair os pais e alunos, porque ao fazê-lo estavam a mostrar uma utilidade prática e uma inserção no dia a dia da comnunidade, da cidadania, o que já não era pouco;
- Porque ao não fazê-lo a escola, acaba por serperdulária e inadequada, pois está a "formar" e a "educar" alunos com ferramentas que eles não conseguem perceber qual a sua utilidade no dia a dia, porque ao chegarem a casas vêem os pais a falar de coisas que não se ensinam nas escolas;
- Havia uns livros de um guru americano "Mc qualquercoisa", que falava do que não se ensinava nas universidades...
- Eu que passei pela Faculdade,(2 anos), direi que aprendi mais , não na Favculdade, mas na "Dificuldade", da vida...
- Nós não sabemos nada daquela aluna, não sabemos nada daquelas vivências, mas no entanto, já aqui se disse que os pais só lá querem deixar os meninos "a pastar"..., que os pais são uns medíocres, etc, etc,
- Haja humildade em reconhecer que este video foi muito útil, até para os professores verem a escola onde andam...
- Porque como a Rosa Oliveira anuiu, dizendo "nunca vi nem imaginei coisa semelhante!"
- Nem mais! Ora isso diz muito, sobre o que ainda se desconhece das realidades de uma escola, e não venha acentuar que os comportamentos são imprevisíveis;
- Nós é que não queríamos ver.
- Possivelmente, como Pedro Oliveira dizia, este ´video nunca devia ter sido divulgado;
_ Porém, isso só servia para esconder durante mais tempo estas realidades, que todos sabíamos poderem existir, mas ninguém podia provar;
- Agora toda a comunidade foi apanhada com as calças na mão...
- Talvez "a tal situação explosiva" denunciada pela SEDES, também passe pelas escolas e o video pudesse descomprimir alguma coisa, pelo menos para que um dia destes não surjam as imagens de outras coisas piores, como vem acontecendo em escolas americanas ou inglesas, com alunos e ex-alunos de caçadeira na mão a disparar sobre os colegas e professores;
- Nesee aspecto, a importância do video e da sua divulgação devia ser seguida com mais acuidade.

terça-feira, março 25, 2008 8:32:00 da manhã  
Blogger r said...

Caro João Pico,

não usei o conceito linear em sentido pejorativo! Quis significar que os fenómenos educativos, pela sua complexidade, não se deixam apreender numa lógica de causa-efeito.

O problema da escola pública, para mim, não nasceu por ver uma professora de gabardine vestida em confronto com uma aluna, explorado superficialmente num canal de televisão, como outro qualquer caso Madalenazinha inglesa que se perdeu e etc.

Nada do que afirmei é contraditório e não tenho o dom da eloquência retórica, é fundado na minha experiência pessoal, profissional e nos estudos que faço.

Os professores, são os actores principais numa instituição de ensino, mas não são, obviamente, os responsáveis pela crise da escola pública, seja em Portugal ou noutros países. A minha posição, não é, a de defensora duma classe (salvo seja, até esse conceito é discutível, face ao professorado [os espanhóis, estão mais à frente...]), é a de querer compreender o modo de funcionamento do sistema educativo no seu todo; a complexidade desse sistema.

A educação, não é, para mim, uma paixão. As paixões estonteiam, dão uma espécie de febre alta alucinatória e depois passam.

Já escrevi algumas palavras sobre a educação e a escola, o meu caríssimo amigo Pedro Oliveira, não se há-de importar que aqui, faça publicidade. Se, assim, o entender, pode lê-las, para não me colocar facilmente ao lado do discurso retórico, que, temo, seja demagógico.

http://pequenoescrito.blogspot.com/2007/01/do-alvio-dos-fazedores-de-actas.html

http://pequenoescrito.blogspot.com/2007/04/acta-da-desunio.html

http://pequenoescrito.blogspot.com/search?q=modelos+curriculares

http://pequenoescrito.blogspot.com/2007/04/da-incerteza.html

http://pequenoescrito.blogspot.com/2007/02/da-condio-humana-nota-breve.html

etc

terça-feira, março 25, 2008 11:00:00 da manhã  
Blogger João Baptista Pico said...

Rosa Oliveira já me disse e apontou imensos estudos que fez e quanto se debruçou sobre os problemas da educação.
Não sou eu que a quero avaliar, nem foi essa a finalidade.
Escrevi há pouco o post 500 no meu blogue picozêzerabt e acabei de ver no blogue zedacachoeira-zedacachoeira.blogsot.com uma verdade com há muito não lia: "uma hetacombe social/cultural em Abrantes". E sabe com que fundamento:no período deste fim de semana alargado da Páscoa, havia festas em Constância e Sardoal e Abrantes parecia ter fechado , com tudo vazio.
Imediataente me ocorreu que era esse o grande problema de Abrantes, de se fechar dentro de si e procurar "fugir" dos seus filhos - mais de metade dos abrantinos vivem e trabalham como eu, fora de Abrantes - e nunca proporcionar que os mesmos se juntem nestes dias de festividades.
Depois todos falam em Comunidades Urbanas do Médio Tejo, mas fecham-se todos nos seus quintais, quando havia lugar a um "carrocel de festas" cujos atractivos diversificados contemplavam as agendas mais exigentes.

Tudo para constactar o seguinte em relação a toda a "bibliografia" dos seus estudos já enumerada:
- Desculpe-me a franqueza, mas ainda não ouvi falar do que são e o que querem os seus alunos, os pais dos seus alunos, ou os alunos da escola que melhor conhece, quais os sonhos de uns e outros.
E essa omissão preocupa-me.
Será que não andamos todos a falar do que não existe ou do que imaginamos que existe, mas em nada o conhecemos?!

Não importa tanto saber se já fez tantas reuniões com os pais ou com os alunos, mas o que é queconseguiu saber deles e o que é que lhe propôs para o seu conhecimento e preparaçao.
Um dia ganhei um daqueles campeonatos realizados pela Profª de Francês de conjugação e enunciado de verbos irregulares.
Era no 4º ano ( hoje o 8ª). Recebi um livro do piloto Saint-Exupéry e uma revista do " Paris-Match".
Fiquei leitor por muitos anos dessa revista. Vivi as revoltas estudantis do Maio de 68, pese o meu livreiro a ter escondido.
Todas as semanas guardava 20 escudos para a comprar.
Formação de gostos foi o que essa professora acabou por formar em mim.
A rega gota a gota introduzia eu num pomar do meu pai, quando ainda não se conhecia o tema em Portugal e era uma novidade nos laranjais em Israel e logo a seguir num laranjal no Souto...
Isto um exemplo retirado ao acaso...
Como um cientsta dizia: " O mundo é mais estranho do que somos capazes de o imaginar...

terça-feira, março 25, 2008 11:57:00 da manhã  
Blogger r said...

Caro João Pico,

sobre a realidade da cidade de Abrantes nada conheço! Não a visito há quase 30 anos.

Parece-me que teima em não «ouvir» o que venho dizendo. Muda o rumo à discussão, acusa-me de omissão e de falar do que não conheço. Queira saber que conheço, efectivamente, o contexto onde trabalho e me movimento profissionalmente. Conheço-o, num quadro de racionalidade possível, porque o conhecimento humano disto ou daquilo é sempre condicionado e inacabado.
Repare, as teorias, são, aquilo que o próprio nome indica: teorias! Depois, conjecturam-se outras e assim, por diante «o mundo pula e avança», com imaginação, obviamente, sem essa competência, ainda estariamos, provavelmente, nas cavernas.

Insiste em falar-me subtilmente de Avaliação, talvez, digo eu, por ser assunto da ordem do dia. Eu não temo a avaliação do meu trabalho, por amor de Zeus!, ou está convencido que defenda, por exemplo, a progressão numa carreira, por anos de permanência e frequência de Acções de Formação sobre assuntos que pouco ou nada tenham a ver com o exercício duma actividade. Não estamos a discutir a Avaliação de Desempenho, nem o farei, nesta caixa de comentários, por razões que não vou justificar.

Certamente, sabe, que o sistema educativo é hierarquizado, não reunindo (directamente) o professor, com Encarregados de Educação. Por norma, é o Professor Director de Turma que medeia essa relação. Já desempenhei, em vários anos lectivos, esse cargo e foi, sempre, nessa qualidade, que contactei Encarregados de Educação.
Enquanto Encarregada de Educação, também contacto com outros pais, claro está.

Partilho com todo o gosto a realidade (concreta) com que trabalho. São observações empíricas, pois que, não traço Perfis Psicológicos, visto que, não possuo formação científica para tal. Essa, é uma das funções dos psicólogos e eu, não sou Psicóloga.

Procurarei ser o mais descritiva possível, deixando, a seu cargo, quer a substantivação, quer a adjectivação. Não direi tudo o que penso, porque me reportarei a uma realidade muito fácil de identificar (por quem nela trabalha) e não me interessam aqui casos particulares do Joãozinho e da Mariazinha...

1. Primeiro Ciclo de Ensino

Sendo que, tenho um filho a frequentar o 2º ano do primeiro Ciclo do Ensino Básico, observo as crianças e contacto com os seus pais.
As crianças, querem ser polícias, bombeiros, futebolistas como Cristiano Ronaldo, cantoras e actrizes. Sonham com aviões e grandes navios. A maioria, nunca andou de comboio, nem faz ideia como é Lisboa e essa outra «coisa», que se designa por «continente». O seu sonho mais imediato é um fim de semana no «Shopping» que dista, aproximadamente, duas horas por mar e quinze minutos pelo céu.
A brincadeira preferida dos meninos é o Futebol, o jogo com uma espécie de cromos que se coleccionam, comprando pacotes de batatas fritas, pequenos, a um euro cada. Têm Playstation, inclusive portátil (alguns). As meninas, sonham em ser cantoras, como a «Floribella» e representar em «Morangos com Açucar». Permanecem na escola, desde as 8.30 da manhã, às 18.30 da tarde, sendo, no caso do 2º ano, a manhã, ocupada com a componente currícular e a tarde com Actividades Extra-Curriculares, a saber: Inglês, Informática, Natação, sala de Estudo. exceptuando os manuais e materiais, tudo é gratuito. As crianças, fazem lanche, pela manhã, almoçam e lancham à tarde.
Aos fins de semana, as crianças frequentam Catequese (na turma do meu filho, em 28, só dois não a frequentam), praticam Desporto, Escutismo e estudam Música. os preços, são bastante acessíveis.
os seus pais, depositam, no Professor (por acaso, é um homem) toda a responsabilidade pelo desempenho escolar dos seus filhos : «O Senhor Professor é que sabe!», O "Senhor Professor diz, está dito!", mas, tão depressa o colocam «em cima do estrado», como telefonam directamente para a Secretaria de Educação, denunciando o que menos gostaram.
As crianças manifestam grande inquietude, facilmente observável, enquanto brincam, são bastante brigões, fazem uso recorrente do palavrão no trato com os colegas, manifestam dificuldade em ouvir/escutar activamente, visível, por exemplo, na inquietude corporal, na manipulação dos materiais escolares despropositado e no recurso fácil às «queixinhas», acusando colegas. À refeição, permanecem de forma agitada à mesa, muitos, usam deficientemente os talheres e o guardanapo, falam enquanto mastigam, querem ser rápidos para aproveitar o recreio, fazem escasso uso da expressão: «se faz favor»; a grande maioria não gosta de sopa (que lhes é servida), nem de vegetais, menos ainda, de peixe. Reagem mal, à insistência do adulto para que comem tais alimentos, em prol duma dieta alimentar equilibrada e são, neste caso, desculpabilizados pelos próprios pais, sendo que, os funcionários, deixam de os «obrigar» ao consumo de tais alimentos.

terça-feira, março 25, 2008 3:25:00 da tarde  
Blogger r said...

Vestem, na sua maioria, roupas de marca desportiva.

2. Segundo Ciclo

Sou professora do Ensino secundário, mas já tive oportunidade de leccionar no Segundo Ciclo, tendo o cargo de Directora de duas turmas do 5ºano.
Na minha escola, no início do ano lectivo, compete ao Director de Turma fazer o levantamento de situações problemáticas de nível psicológico e/ou social que se encontram já descritas e registadas em documentação própria, no Processo Individual do Aluno. Compete-lhe, ainda, caracterizar o nível sócio-económico da turma (abstenho-me de avaliar criticamente este instrumento e propósito, porque estou a tentar ser, apenas, descritiva). Por norma, o Director de Turma faz uso de um instrumento pré-existente na escola, construído por outros, portanto; constrói um, ou, faz recurso dos diversos que as editoras, colocam ao seu (do Director de Turma). Eu, adaptei o instrumento dessa natureza, facultado pela editora Asa (passo a publicidade), apliquei-o, analisei os dados, escrevi um relatório e dei-o a conhecer ao Conselho de Turma.

Apurei, dados, como os seguintes (considere que estou a ser generalista, dado que, não vou falar do Huguinho, nem do Manuelzinho, em particular, ainda que, nessa caracterização, se faça, também o levantamento de casos específicos, nomeadamente, estudantes com Necessidades Educativas Especiais (aqueles, que chegam ao 2º ciclo já identificados e, aqueles que nos parecem revelar integração nessa categoria; estes, são encaminhados para os serviços competentes para Avaliação Psicológica, cabendo ao Director de Turma informar os Encarregados de Educação, visto que, é necessára autorização expressa (declaração assinada em documento próprio) para que, dentro do sistema educativo um aluno, seja formalmente avaliado psicologicamente):

A Turma X do y ano de escolaridade é constituída por 20 alunos, sendo 13 do sexo masculino e 7 do sexo feminino.
A idade dos alunos está compreendida entre os 10 e os 12 anos, distribuída da seguimte forma:
a) 9 alunos com 10 anos de idade.
b) 9 alunos com 11 anos de idade.
c) 2 alunos com 12 anos de idade.
A média de idades, nesta data, é de 11 anos. Considera-se a idade adequada ao perfil e nível etário desejado para a frequência do y ano de escolaridade.
Desta turma, fazem parte três alunos com Necessidades Educativas Especiais , ao abrigo do Dec. Lei Nº 319/91. Um destes alunos encontra-se a repetir o y ano de escolaridade e está abrangido pelas seguintes medidas:
(a) apoio pedagógico acrescido a Língua Portuguesa e (b) apoio pedagógico acrescido a Matemática. Dois dos alunos com Necessidades Educativas Especiais, estão abrangidos pelas seguintes medidas: (a) apoio pedagógico acrescido a Língua Portuguesa; (b) apoio pedagógico acrescido a Matemática; (c) condições especiais de avaliação e ainda (d) currículo especial próprio.
Frequentaram o ensino pré-escolar, 18 alunos.
A idade dos pais dos alunos situa-se entre os 32 e os 60 anos. A idade das suas mães situa-se entre os 27 e os 49 anos.
A maioria dos pais e mães dos alunos, possui habilitações académicas ao nível do 1º ciclo do ensino básico (4º ano de escolaridade). Somente três mães frequentaram o ensino secundário, sendo que, apenas uma o completou. Apenas 2 pais, frequentaram o ensino secundário: 1 deles, possui o 10º ano e o outro completou o 12º ano.
O baixo nível de habilitações dos pais e mães dos alunos desta turma, deve merecer especial atenção, porque facilmente se compreende terem estes alunos fraco acompanhamento na organização e concretização de tarefas escolares em casa.


etc... (nem tudo se pode, aqui, partilhar)

Problemas reais diagnosticados na turma:

•Dificuldades na ortografia e caligrafia.

•Baixas expectativas (visível ao nível das profissões desejadas).

•Pais com baixo nível de escolaridade com poucas condições de acompanhamento do estudo.

•Alunos com escassos meios de pesquisa e investigação em casa (poucos possuem dicionário e Internet, por exemplo).

•Alunos muito faladores com um nível de concentração muito baixo (acatam quando chamados à razão, mas retornam ao comportamento repreendido).

•Alguns alunos mostram não interiorizarem regras básicas de convivência/saber estar/saber ouvir.

•Desorganização ao nível dos materiais de estudo (utilizam o mesmo caderno diário para várias disciplinas sem estar dividido; perdem fichas de trabalho…)


Intervenção na turma, face ao diagnóstico:
O Projecto Curricular da Turma procura a concretização de objectivos e orientações expressas no Projecto Educativo da Escola, bem como a adequação do processo de aprendizagem às motivações e interesses dos alunos e, ao mesmo tempo, contribuir eficazmente para a socialização consciente, crítica e responsável dos alunos enquanto membros de uma sociedade mais vasta e complexa do que a escola.
Tendo por base a caracterização socio-económica e cultural da turma, bem como os problemas, interesses e motivações dos alunos, procedeu-se à elaboração do Projecto Curricular da Turma, procurando sistematizar, articular e harmonizar programação, trabalho e critérios dos diferentes professores, definindo prioridades e promovendo a interdisciplinaridade e o trabalho em grupo, de forma a proporcionar aos alunos uma acção educativa que lhes faculte uma interpretação de conteúdos e uma aquisição de saberes e competências mais eficaz e significativa.
A estratégia global para a turma visa desenvolver métodos e hábitos de trabalho e estudo, aprofundar o gosto pela escola e as actividades lectivas através da diversificação de estratégias e actividades.
O Projecto Curricular de Turma aposta também na formação do aluno como indivíduo e cidadão consciencioso sendo para isso preponderantes as actividades a desenvolver nas áreas não curriculares, onde se procura fomentar o relacionamento com os outros e a sociedade, baseada em valores como o respeito por si, pelos outros e pela natureza, a solidariedade, a abertura de espírito e o espírito crítico.

etc...

(agora vou fazer um intervalo. até já.)

terça-feira, março 25, 2008 4:14:00 da tarde  
Blogger r said...

Estas crianças, continuam a desejar ser bombeiros, polícias, pedreiros, lutadores, futebolistas e médicos (olhe que não estou a ironozar, mas a consultar a caracterização original da turma).
Os seus pais, depositam total confiança nos professores e manifestam preocupações, face à necessidade e aproveitamento das Aulas de Recuperação; questionam a sua pertinencia.
A maioria destes meninos e meninas, não toma o pequeno-almoço em casa, por opção, preferindo fazê-lo ao primeiro intervalo, congestionando o refeitório e chegando vezes muitas, atrasados ao segundo bloco de aulas. Muitos, não compraram a obra de leitura extensiva para Língua Portuguesa, por 10 euros, sem argumento válido. Fiz cópias e facultei-as. Estas crianças, possuem telemóvel, mochilas e estojos de marcas desportivas; alguns, possuem canetas superiores em qualidade, aquelas que uso (continuo fiel à banal Bic ), vestem roupas de marca desportiva e calçam, sapatos-ténis da mesma natureza. Falam alto, praticamente aos gritos, durante os intervalos, trazem «queixinhas» para as aulas, resultantes das «disputas» no intervalo, correm pelos corredores, não se encostam sossegadamente, em espera, junto da porta da sala, como, todos os dias, na qualidade de Directora de Turma, lhes indico. Muitos, almoçam sózinhos (em casa). Insultam-se exageradamente com uma desenvoltura verbal que recorre ao calão explicito. Acatam as ordens, mas é necessário repeti-las e explicá-las do primeiro ao último dia.

Tenho saudades de L., quando faltava às aulas para ir saltar do cais para o atlântico ou, quando o cão lhe escondia os ténis. Dizia-me. Vi-o, há tempos, perdeu todos os materiais que lhe ofereci o ano passado, mas falta menos este ano, não tem é paciências para os professores, confessou-me.

C., está, definitivamente, obeso. Come às escondidas da mãe, que desespera, pelo facto d'ele não cumprir a dieta.

P., está enorme. Cresceu imenso desde o ano passado, vai-me visitar ao Museu, de quando em vez, para me chatear claro, a fazer «queixinhas» do actual Director de Turma. Deixa-me a pensar,a quem se confessaria o ano passado. A sua vida , pouco mudou, a mãe, continua a trabalhar de manhã à noite e ele anda por aí, ou vai para casa moer a paciência à avõ. Quer sempre beijinhos, mas já combinámos que, agora, ele é enorme, muito maior do que eu, um senhor, e passamos a um aperto de mão, tal como deve cumprimentar o seu actual Director de Turma. A mãe de P., via-a no Centro médico, quando o meu petiz fracturou o braço:

- 'Tá igual, Professora. Não faço nada dele!

Pois!...

R. já tem um portátil. passou para o 6º ano e recebeu-o como presente, mas não sabe trabalhar no Word. Diz que é para jogar. Ok!, ele lá saberá.

As meninas, estão do meu tamanho ou maiores, passam por mim aos risinhos e só me falam quando as cumprimento. Compreendo-as...

etc....

terça-feira, março 25, 2008 7:29:00 da tarde  
Blogger r said...

Todos, excepto C., um menino inteligentíssimo, se contentam com a classificação de 3 valores, na escala de 1 a 5. Basta ter positiva, dizem. C. chora, sempre que não consegue, no minímo 4 valores, tal como chorou, quando a turma não o elegeu Delegado e, no dia em que o professor x , lhe disse para saír da sala e ir para a Sala de Estudo. Nesse dia, foi necessário um elemento do Executivo, para o fazer levantar-se. Ninguém lhe tocou fisicamente. Ele, recusava-se a saír, argumentando que era injusto, pois não queria copiar o que estava no quadro (durante muito tempo C., recusava-se a copiar para o caderno) e o professor entendeu que, se não copiava, então iria resolver a Ficha sózinha na Sala de Estudo.... deu-me uma trabalheira burocrática resolver isto.
C. quer ser advogado.


3. Ensino Secundário

(depois do jantar)

terça-feira, março 25, 2008 7:40:00 da tarde  
Blogger João Baptista Pico said...

Há uns meses atrás num colóquio alguém apresentou os dados de uma sondagem de opinião encomendada pela Univ. Católica, abarcando jovens estudantes dos 15 aos 17 anos.
Às perguntas do que mais ambicionavam na vida, responderam 70 ou 80 %: AMAR e SER AMADOS ( sem contudo estarem à porta de uma Igreja...);
90 % queriam ser artistas de cinema, cançonetistas e futebolistas; só 3% queriam ser empresários;
Estudar serem cientistas isso fugia às aspirações deles...
A Universidade desiludida com os resultados resolveu não os publicar.
Quanto aos relatos que faz até acabam por corrsponder à sondagem.
Todavia, há um aspecto que me preocupa. Não sinto vontade alguma nos professores para inverterem estes dados.
Não vejo ninguém tomar essa iniciativa. E a minha preocupação ainda é maior, quando verifico que se não fosse aquela miúda do telemóvel e o video do colega, tudo ficaria sem discussão e sem sequer chegar ao conhecimento público. A professora da gabardine também só disse o que sucedeu a um director da escola e este nada fez.
Desculpem lá mas isto parece-me vergonhoso demais. É uma abdicação e um baixar de braços terrível. Isto não pode estar a acontecer!

terça-feira, março 25, 2008 8:02:00 da tarde  
Blogger r said...

Caro João Pico, ainda não completei a sequência de comentários anteriores. Estou a fazer o jantar.

Mais importante de tudo, ainda não cheguei à palavra AMAR. Lá chegarei!

Quem deve, em primeira instância AMAR um jovem de 15 anos?

O senhor, está a querer dizer que um jovem filho de uma mulher, sua (dele)mãe e de um homem seu (dele) pai, deve ser AMADO por mim sua (dele)professora?

Esse jovem, deve ser AMADO por um professor, tal como esse professor AMA os seus próprios filhos?

Sabe, eu tenho uma teoria engraçada: concebo o acto educativo à maneira dum encontro amoroso, mas para lhe explicar isto entupia, definitivamente, a caixa comentários do Santamargarida.

Eu não amo, evidentemente, os meus alunos e alunas, da mesma forma que amo os filhos que gerei, pari e educo, mas gosto-os, com respeito, veracidade, honestidade, entende?

Voltarei, como disse, para concluir a sequência que iniciei.

(Não há qualquer coisa no Direito que afirma, não se poder, invocar, desconhecimento da lei? parece-me que há qualquer coisa, assim. Há múltiplos estudos publicados sobre educação, teorias da aprendizagem, estratégias educativas, como iventar novos pais, a depressão na infância e adolescência, a dislexia, a hiperactividade,teorias da motivação, narrativas sobre vidas de professores, metodologias de ensino, reformas educativas e curriculares, houve um debate alarado sobre a Gestão Flexível do Currículo, a autonomia das escolas, a avaliação das escolas, a avaliação de professores, o conceito de professor executor ao conceito de professor reflexivo, a indisciplina e a violência nas escolas, a crise de valores das sociedades contemporâneas, etc, etc, etc, etc)

terça-feira, março 25, 2008 8:21:00 da tarde  
Blogger pedro oliveira said...

«E a minha preocupação ainda é maior, quando verifico que se não fosse aquela miúda do telemóvel e o video do colega, tudo ficaria sem discussão e sem sequer chegar ao conhecimento público. A professora da gabardine também só disse o que sucedeu a um director da escola e este nada fez.»

As pessoas têm direito à privacidade.
A professora e os alunos estavam num espaço restrito dentro de uma sala de aula e nunca as imagens deveriam ter sido divulgadas sem pelo menos existir o cuidado de se ocultarem as identidades.
Vamos supor que a professora estava com a gabardine vestida, pois, estava com quase 40 graus de febre e, ainda, assim foi dar a aula, pois, era a última antes dum teste muito importante, vamos supor que como estava debilitada fisicamente, pedira aos meninos para, especialmente, naquele dia fazerem pouco barulho e desligarem os toques e as músicas dos telemóveis. Vamos supor que aquela aluna (ao contrário dos colegas) passou o tempo a enviar mensagens e a incomodar toda a gente, os colegas que queriam ser preparados para o teste e a professora que, embora doente, os queria preparar. Vamos supor que a professora depois de por várias vezes ter advertido Inês (nome trágico) pediu-lhe o telemóvel...
- Inês, venha entregar-me o telemóvel, por favor
- Vem tu buscá-lo, velha, se não tens coragem para o vires buscar não me chateies, és, apenas, uma velha doente que mal se pode mexer
A professora dirigiu-se à aluna, pois não a queria mandar para a rua para não a impedir de assistir ao resto da aula (não esquecer a importância do teste) para, calmamente, lhe retirar o telemóvel... os dois minutos seguintes podemos apreciar ao vivo e a cores.

terça-feira, março 25, 2008 8:23:00 da tarde  
Blogger João Baptista Pico said...

Se quiserem continuar a iludir-se é covosco!
O amar e ser amados foi a resposta maioritária de alunos entre os 15 e os 17 anos, quanto ao que mais desejavam da vida futura.
Ninguém pediu aos professores para amarem os filhos dos outros, se esta linguagem acaso recolhe aceitação entre os pedagogos.
isto mostra que algo não está a funcionar bem. Os pais podem não saber ou não poderem inverter as situações, mas ao menos na escola devia haver uma iniciativa mais efectiva e empenhada em avançar contra estas frases romanescas que denotam alheamento das realidades.

Pedro Oliveira insise no carácter privado do que sucedeu na aula. Também quer continuar a iludir-se.
Basta ver a iniciativa do Procurador para se perceber imediatamente, que tudo o que se passou naquela aula pode tomar contornos de crime público.
Não se iluda meu caro Pedro Oliveira, se o PGR encontrar motivos para classificar o acto de crime público, tanto a professora como o director que nada fez, pdem incorrer em pena por cumplicidade ou omissão, pois sabiam do que sucedeu e nada fizeram. Não abriram inquérito para acção ou procedimeto disciplinar. Encolheram todos os ombros, no deixa andar, o que ainda mais motivou os alunos para a rebeldia futura. O video acabou por desmontar toda esta cumplicidade e evitar danos futuros ainda mais gravosos.
A febre dos 4o graus e o teste do dia seguinte não colhem. Negligência grosseira e falta de tacto, foi o que aconteceu.
Imaginem ainda o que falta averiguar pelo juiz do Ministério Público.
É que de omissão em omissão, ainda está para apurar até onde é que isto vai parar...
Posturas desta natureza são inadmissíveis, doa a quem doer.
E no final, o que resta é que há meninas e meninos que prosseguem na escola a ditar as "leis" permissivas que os papás toleram ou não descobrem mal nenhum por os filhos assim se comportarem.
E os professores também acham que não lhes cabe a eles modificarem as atitudes dos alunos, porque era aos pais que competia fazê-lo, mas como estes ão o fizeram, então no limite, a escola está a ser "comandada" pelas irras dos alunos e os professores só têm que pegar nos Manuais e conformarem-se com a ineficácia dos mesmos.
Quem manda afinal na escola são os alunos. Então, dispensem-se os professores. Pois bastava contratar dois o três contínuos para abrirem as portas e o pessoal da limpeza para irem acudindo aos mais necessitados...
Abençoado video no You Tubb...
Aquele aluno feito operador de imagensainda vai virar herói nacional...
O ensino nunca mais será como dantes!

terça-feira, março 25, 2008 9:01:00 da tarde  
Blogger pedro oliveira said...

Os meninos e a professora agora já surgem com a carita tapada, por alguma razão será.

Caro João Pico, defende mesmo que cada um de nós ande por aí de telemóvel em punho e depois vá a correr para casa colocar essas imagens na «net»?
Quer que cada um de nós se torne num bufo tecnológico?
Eu tenho um trabalho no qual estou obrigado ao sigilo e todos os meus passos dentro dentro desse espaço são filmados por um circuito interno de televisão.
Será que tenho direito a que as minhas imagens a tirar macacos do nariz e a colá-los por baixo do tampo da secretária não sejam divulgados no «You Tube» ou não?

(talvez tenha percebido mal os seus argumentos)

terça-feira, março 25, 2008 9:15:00 da tarde  
Blogger João Baptista Pico said...

Caro Pedro Oliveira, um record já o tem neste blogue se não estou em erro, foram estes "30 comments"...

Claro que compreendeu muito bem os meus argumentos. Ora essa, então alguém que decifrou os versos do Zeca Afonso e os "desviou" da Catarina para o pintor e rei D.Carlos, quer agora faze crer que não percebeu que o video do aluno foi fundamental para desmascarar tanta hipocrisia e tanta cumplicidade abafada nos corredores e salas de aula para que tudo continuasse na paz dos anjos e por longos e e longos fins de meses... 14 vezes ao ano!

Ali não havia macacos a sair do nariz...
Ali naquelas imagens estavam 30 cúmplices de uma cena já muito repetida por este país fora, mas quenão figurou na marcha do Terreiro do Paço, ne,m em qualquer denuncia de crime público...

Parece mal é coisa íntima...
Não tarda o que se passou com o BiBi e os alunos e outros Senhores, também é coisa íntima...

O video com as atrocidades no Cemitério de santa Cruz também foi coisa íntima...
Nesse diA 12 DENOVEMBRO DE 1991, 271 PESSOAS ENTRe HOMENS MULHERES E CRIANÇAS morreram cravadas de balas dos soldados indonésios...
Max Stahl filmou e escondeu a cassete numa campa, decorou nome do falecido ali enterrado, nada confessa aos carrasscos indonésios e faz chegar à Resistência Timorense a localização dessa cassette...
Que bufo aquele Max Stahl?! Foi bufo?!
Tá bem prontes!!!
Aquelas crianças e as suas mães não podiam ser vistas a tombarem assassinadas?!
Era coisa privada, dentro dos muros do cemitário local dos mortos...
Mudem de página e rasguem os manuais...

terça-feira, março 25, 2008 10:07:00 da tarde  

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