quarta-feira, abril 23, 2008

1288 - quem tem cu tem medo

Em 1899, Boulder começou a controlar o crescimento urbano estabelecendo zonas de protecção. Em 1959, proibiram a instalação de água canalizada acima dos 1.800 metros, para preservarem o espaço das montanhas livre de habitações. Desde 1967, cobram uma taxa para aquisição de terrenos à volta da cidade. Esses terrenos são comprados para que permaneçam desabitados. Com isso também pretendem conter o avanço urbano de cidades vizinhas. Em 1972, com o objectivo de preservar a contemplação da paisagem a partir da cidade, rodeada de montanhas, impôs-se um limite da altura dos edifícios. E poderíamos referir ainda outras características que os estúpidos dos imperialistas americanos desenvolveram nesta cidade, como a protecção ambiental, a erradicação de pesticidas químicos, a qualidade do sistema de transportes públicos e a promoção do uso de bicicletas e dos passeios a pé. A população tem menos de 100 mil pessoas e uma idade média de 30 anos.
Foi para aqui que veio uma parte da CP+B. Para um local que é um hino ao municipalismo, glória da inteligência na política. Afirmar em Portugal que existe, algures no Mundo, uma relação possível entre poder autárquico e qualidade de vida, entre política e criatividade, eis a maior provocação que consegui desencantar.
Valupi é o nick dum gajo que escreve, actualmente, no Aspirina B este extracto foi retirado do 31 da Armada ainda há pouco tempo tinha manifestado o meu desconcordanço com o senhor, hoje se o visse dir-lhe-ia que escreveu um texto excelente.
Obviamente, preocupo-me em discutir ideias e não pessoas.
Alguns leitores (curiosos como eu) ter-se-ão perguntado o que é isso do PDM e das freguesias do norte de Abrantes e tal...
Visitei o Souto pela primeira vez no passado sábado, fiz questão de seguir o percurso lógico... Constância, Montalvo, Amoreira... Souto, estradas em péssimo estado.
O Souto foi uma desilusão, um urbanismo caótico, casas tipo maison a conviverem com Igrejas rebocadas com cimento, estradas com dois sentidos que não levam a lado nenhum (marcha-atrás de trinta ou quarenta metros) escolas do Estado Novo com aspecto pouco cuidado, edifícios centenários em ruínas.
Um cenário que levaria qualquer pessoa com bom senso a pensar que de facto o melhor é não construir mais nada, fazer um estudo de pormenor casa a casa, rua a rua, organizar o trânsito, criar ruas pedonais, criar acessos só para residentes, identificar locais onde se possa construir, demolir (muitos) edifícios, criar centralidades (o edifício da junta de freguesia é uma anedota) enfim, planear primeiro e construir depois... julgo que é esse o objectivo dos planos directores municipais.
A foto foi retirada deste blog que estão convidadados a visitar, um português na CU (Colorado University).

18 Comments:

Blogger João Baptista Pico said...

Pela descrição do trajecto que faz ( Constância, Montalvo, Amoreira...Souto ?!), até chego a duvidar se realmente está a falar a sério. E ainda tem o topete de lhe chamar o "percurso lógico"?!
Francamente!

Entrar numa estrada de 2 sentidos e fazer marcha-atrás de 30 ou 40 metros, da forma como descreve essa passagem, realmente só pode querer dizer que você é mesmo mau condutor, que nem uma inversão de marcha - no mínimo - sabe fazer.
A estrada até tinha dois sentidos e não disse que não se cruzavam dois carros um pelo outro, logo é azelhice de mau condutor ou estava em estado muito estranho, para conduzir...

E para quem foi lá a primeira vez e com essa marcha atrás que foi forçado a fazer, realmente, nem teve muito tempo para olhar pelo pára brisas. Quando muito viu a terra mais pelo retrovisor...

A escola do Estado Novo em más condições, como disse ter visto, só prova que não há maior cego do que aquele que não quer ver...

Podia saber que a dita escola está fechada. E só num pavilhão anexo funciona a infantil no seu último ano.
Mas dizendo-lhe isto, talvez a sua perspicácia ainda lá não tenha despertado.
Repito: a escola foi fechada. O mau estado é a de todas as escolas sem uso. Ou queria que a mesma fosse a sede do clube de Caçadores da coutada...

Quanto ao edifício da Junta de freguesia uma anedota, acho que devia concretizar onde queria chegar ou expolicar a razão dessa " anedota"...
Devo lembrar-lhe que esse edifício está num terreno oferecido por um soutense e o edifício foi construído por conta de outro soutense...
Nem a CMA, nem o Estado gastaram um tostão com ele...
Se há lá um resto de um campo da bola, de um salão recreativo e uma casa do povo foi tudo construído com dinheiro dos soutenses...
Apenas veio um subsídio estatal para parte do Centro de Dia...
Um depósito de água é da Cooperativa de Rega pago pelos cooperantes e sem um único subsídio estatal...

A igreja rebocada a cimento de que fala presumo que seja a Capela de Stº António que está em obras de recuperação.

A Igreja Matriz está em muito boas condições e foi completamente restaurada em 1985 por conta dos fregueses e da CMA apenas recolheu a isenção de taxas das licenças de obras.

Agora o seu comentário é vesgo e preconceituoso e raia mesmo o infâme.
E não passa do comentário leviano de um ignorante manipulador que deturpa tudo para querer chegar a algo que não consente: a crítica de um PDM!

Um PDM que foi precisamente o causador do abandono que notou em algumas casas...
Um PDM que não viabilizou nem encorajou qualquer planeamento, pois limitou-se a proibir e a não deixar criar acessibilidades e formar centralidades.
E com 14 anos de idade o PDM já tinha obrigação se fosse válido de mostrar alguma regeneração no edificado.

Quanto aos edifícios de maison isso é normal no nosso país , mas não vi nada escrito no PDM que contrariasse ou melhorasse essa situação...

Porque o PDM nunca foi feito para ser criativo e chamar os fregueses a participarem num urbanismo deste ou daquele sentido.

Ali, aqueles que conseguem fazer casa fazem-no na pressa de aproveitarem o "furo" que conseguiram...
Porque nunca se sabe quando a reclamação de um vizinho não leva a embargo da obra...

Isso é que o Pedro Oliveira devia cuidar de avaliar...

Quanto ao Plano de Pormenor ( o que designa estudo de pormenor), isso só existe na Lei do Ordenamento, como fachada.
Porque um Ordenament sério não ap+rovava PDM`s proibitivos, sem que fossem implementados os Planos de pormenor no centro das povoações, nas entradas e nas saídas das povoações, logo de seguida.
Ao fim de 14 anos de PDM, nada foi feito. Ora iosto diz bem do que visou o PDM: paralizar as povoações!

Depois uma terra como o Souto já é paróquia desde 1625.
O edificado urbano remonta a essa época, pelo menos.
Em 1899 não teve o Plano Director como Boulder. E só teve água em 1975 porque os fregueses a foram buscar à sua conta e para rega ao Castelo de Bode de 1951, quando nessa data lhe inundaram muitas terras. Em 1951 a freguesia tinha 5.500 habitantes contra S. Vicente e Alferrarede com 8.500 habitantes.

Só em 1985 é que teve água canalizada e esgotos dos SMAS.

Depois deste resumo poderá aferir que o seu comentário é uma confusão completa. Não conseguiu perceber que o descalabro urbano é fruto duma errada política de ordenamento absentista, que não só não faz como não deixa fazer.

Quanto a demolir muitos edifìcios aconselho-o a ir lá para a sua terra e começar desde logo a demolir a celulose do Caima...

depois passar pelos parqueamentos do Centro Náutico e libertar o curso da foz do rio Zêzere ...

Não me diga que nunca viu a ocupação abusiva do leito do rio?!

Mas anoto a sua perspicácia e talvez ainda possa ser autarca pelo Souto.
Há por lá uns sujeitos que até pensam como você...

E para a outra vez vá de bicicleta, porque assim já não tem que fazer marcha-atrás...

quarta-feira, abril 23, 2008 11:37:00 da tarde  
Blogger pedro oliveira said...

Caro João Pico,

Não veja inimigos em todo o lado, homem.
Tive muito gosto em conhecer a sua terra mas estava à espera de algo diferente.
O percurso mais rápido para chegar ao Souto é a A23 e sair em direcção ao Sardoal mas fiz questão de não sair do concelho de Abrantes e ir o mais possível ao longo do Zêzere.
A estrada que refiro passa em frente à capela de Sto António e de facto dois carros não se cruzam.
De facto não vi muito bem a terra (estava a chover).
O edifício-anedota tem a ver com o enquadramento, julgo que tem edifícios mais altos ao lado e que está recuado em relação aos outros edifícios.
Quanto ao resto dir-lhe-ei, apenas, que fico feliz pelo senhor achar que o Souto é um mimo de ordenamento e que nada há ali a melhorar, o problema é só os malandros da câmara de Abrantes não deixarem construir mais imóveis.
Suspenda-se, pois, o PDM e construa-se nos quintais que ainda estão desaproveitados e façam-se umas urbanizações novas na estrada a caminho do Carvalhal.

quarta-feira, abril 23, 2008 11:59:00 da tarde  
Blogger João Baptista Pico said...

É curioso verificar as críticas vindas de si porque a rua não tem saída e achar a envolvente lateral da Capela insuficiente para manobrar, quando Constância sede de concelho tem pelo menos seis becos bem piores...

Não lhe admito que varra os meus argumentos com conclusões deturpadas do que disse.
Sabe bem que está a mentir quando concluiu que eu "acho um mimo de ordenamento o Souto", quando eu não disse isso.

Depois "a anedota de um edifício público" que só por estar no meio de outros que até são de habitação e porque está mais recuado ou tem outros mais altos de um dos lados, porque do outro tem igualmente uma casa de piso térreo, possa deduzir que isso é uma anedota, só pode ser brincadeira de mau gosto...

Eu não estava a ver inimigos por todos os lados. Eu estou a denunciar ataques soezes de quem quis arrumar uma questão com uma passagem apressada e rezumir uma conclusão deliberadamente hostil, para enfeitar o seu blogue...

Os "malandros da Câmara" são outra manipulação sua...

Termino por aqui e já vi o suficiente das suas incapacidades de análise séria. Você quer é demolir.
Repito: vá demolir a celulose do Caima pois o cheiro já o anda a afectar.
Estamos conversados.

quinta-feira, abril 24, 2008 12:32:00 da manhã  
Blogger pedro oliveira said...

Caro amigo,

Eu não quero demolir, quero agitar, provocar, questionar, desinstalar algumas certezas.
Acho aliás que o senhor até está a ser bastante meigo só me chamou ainda: bêbado «estava em estado muito estranho, para conduzir...» e esgazeado/gaseado «vá demolir a celulose do Caima pois o cheiro já o anda a afectar».
Ninguém gosta que digam mal da nossa terra (eu não gosto) por isso procurei não efectuar afirmações gratuitas, aliás não desmentiu nada daquilo que apontei, justifica mas não nega.
Um grande abraço, um bom fim-de-semana e espero que admita que eu vá escrevendo mais umas coisitas no meu «blog».

quinta-feira, abril 24, 2008 6:55:00 da manhã  
Blogger Unknown said...

Caro Pedro,
Está a deixar o sr(com letra pequena) Pico sem resposta..
Cuidado que ele ainda descobre qualquer coisa contra si. Qualquer coisa do genero de ter ganho um berlinde indevidamente num jogo quando tinha 5 anos...

quinta-feira, abril 24, 2008 9:01:00 da manhã  
Blogger João Baptista Pico said...

Para ter apoios tão desqualificados com esse mau é porque o seu caminho está mesmo a interessar a alguns que não sabem ver nada de nada e julgam que os PDM são uma benção para deixar morrer as terras e depois um dia quem sabe, até venha uma multinacional fazer lá um projecto PIN - os socialistas é que inventaram os PIN, depois de Sócrates passar dez anos no Ambiente das ecologias e das Redes Naturas que logo são atiradas às urtigas por um punhado de dólares do promotor e nunca a fwelicidade de uma terra entra em conta para uma benesse carinhosa como as que se praticam à sombra dos projectos PIN...
Apanha-se mais depressa um mentiroso do que um coxo...
Este "mau" é mesmo um artista de beco e esquina...
E com isso pensa poder falar de PDM`s... Com sabedoria de cartilha...

quinta-feira, abril 24, 2008 11:07:00 da manhã  
Blogger Unknown said...

O Pico, quando picado, e sem saber contra quem luta, fica um espetáculo!
Ele dá tiros em todos os lados... Até nos pés!
Vai para a escolinha vai, Pico...
Aprende a interpretar o que está escrito... A isso chama-se saber ler...
E não te respondo mais aqui, porque o Pedro não merece que lhe avacalhem o blog...
Peço desculpa por isso...

quinta-feira, abril 24, 2008 12:39:00 da tarde  
Blogger João Baptista Pico said...

Oh Pedro Oliveira
Você hoje deixou o cocheiro ou o capataz de guarda ao blogue?!
Mau, mau...

quinta-feira, abril 24, 2008 2:19:00 da tarde  
Blogger João Baptista Pico said...

eh que o gajo acha-se importante e exige que eu o reconheça.
Eu não tenho que reconhecer um burro...
Basta ver-lhe as orelhas e ver como ronca...

quinta-feira, abril 24, 2008 2:21:00 da tarde  
Blogger João Baptista Pico said...

A razão do Pedro Oliveira cooroborada pelo "mau", custa 120 mil euros, o preço da especulação nos preços dos terrenos da cidade a pagar pelos compradores, muitos jovens que têm que ir fazer hipoteca ao banco por 50 anos...

Ora era fácil encontrar esses terrenos nas freguesias ou permitir qye fossem vendidos nas freguesias para trocar por outros na cidade. havendo facilidades de troca os preços não derrapavam em espiral especulativa.
O Pedro Oliveira que tarablha em sector financeiro/ bancário segundo disse não precisa de ouvir mais para perceber.
Agora o PDM que defende é um embuste para agrado e proveito de especuladores. não acredito que o aprove.
É por isso que a minha indignação é e foi maior...

quinta-feira, abril 24, 2008 4:57:00 da tarde  
Blogger pedro oliveira said...

Não defendo o PDM de Abrantes, não o li.
A afirmação que fiz foi esta:
«planear primeiro e construir depois... julgo que é esse o objectivo dos planos directores municipais»
Posso estar enganado, obviamente, talvez o PDM seja qualquer coisa obscura criada com o intuito de lesar os fregueses e os munícipes. Talvez seja preferível uma construção sem regras.

quinta-feira, abril 24, 2008 5:20:00 da tarde  
Blogger Unknown said...

Cheira-me a interesses particulares por aqui...

quinta-feira, abril 24, 2008 5:26:00 da tarde  
Blogger João Baptista Pico said...

M. Marques diz que lhe cheira a interesses particulares.
E se lhe cheirasse ao direito natural de um cidadão ter a liberdade de poder construir a sua casa, ao lado da casa dos seus pais e dos seus avós como um direito natural ao abrigo, atendível para qualquer "aborígene", será que era um cheiro mau ou nauseabundo?!
Ou um interesse miserável?!

Porque ao invés, o que o PDM criou foi uma forma de extinguir as construções nas freguesias e favorecer todo o encaminhamento para a cidade.
Essa pol´+itica não rsultou porque muitos acabaram por partir para Lisboa, pois cidade por cidade optaram pela grande Lisboa.
porque no momento em que não puderam ficar na sua aldeia - penso que o Pedro de Oliveira vive na sua aldeia com todo o gosto, o que já o faz perceber melhor o que digo, embora não o tenha querido perceber.
Pois em Constãncia pode não ser assim. Mas é em Abrantes.
E ainda hoje escrevi no jornal de Abrantes sobre os 30 jovens casais que em 2001 o próprio presidente da Junta ( PS) amaldiçoava o PDM porque tinha impedido esses 30 jovens de construírem uma casa no Carvalhal.ncia de crianças.
Consequências: vai fechar em Junho o infantário em Carvalhal por ausência de crianças.
A falta que fizeram esses 30 jovens casais, mais outros que se seguiram a 2001...
E este ano foram para obras a escola primária 400 mil euros, o que é caricato, pois se agora já não há crianças para a infantil que lá funcionava há 20 anos, como ´e que daqui a dois ou três anos haverá crianças para o básico?!
Há dinheiro para tanto.
As regras sempre as houve e o RGEU de 1951 ainda dava boa conta de si com uma ou outra medida de acerto.
Não estou a defender a construção sem regras. Não entre por aí meu caro Pedro de oliveira.
Acho que já era tempo de perceber que eu não deixo passar essas habilidades impunemente...

quinta-feira, abril 24, 2008 7:48:00 da tarde  
Blogger Unknown said...

Com cheiro ou sem cheiro, os interesses particulares e individuais não se podem sobrepor ao colectivo.

quinta-feira, abril 24, 2008 8:32:00 da tarde  
Blogger r said...

Agora compreendo o sentido do «post» anterior, caro Pedro. No Ribatejo,discute-se; discussão mais platónica que socrática...

O Mito do Cocheiro

Pelos delírios, podemos conhecer a natureza da alma e, para compreendê-la, Platão recorre ao Mito do Cocheiro.

«A alma é como uma força activa que unisse um carro puxado por uma parelha alada e conduzido por um cocheiro (...) pois, outrora, a alma possuía asas», assim inicia-se o mito.

Ser alado significa ter em si mesmo o princípio do movimento, isto é , da vida e, por isso, alada, psykhé é imortal, pois é vida e causa de vida. Ser alado é participar da natureza imortal do divino, e a Natureza dotou as asas do poder de elevar o que é pesado rumo às alturas, onde habita o divino, que "é belo, sábio e bom", alimentando, desenvolvendo e fortalecendo os alados. Por isso a alma é atraída pelo delírio erótico: deseja alçar-se às alturas da verdade, porque somente ali encontra alimento para suas assas.

Qual a diferença entre a alma imortal dos deuses e a alma imortal dos homens:


«Os cavalos e cocheiros das almas divinas são bons e de boa raça. Os das almas humanas, mestiços. O cocheiro que os governa, conduz uma parelha na qual um dos cavalos é bom e de boa raça, enquanto o outro é de má raça e natureza contrária. Assim, conduzir o nosso carro é ofício difícil e penoso.»

Infelizmente, tive de me socorrer do Google,pois que,não tenho comigo «Fedro» de Platão,é o que faz ter muitas casas, em sítios diversos.

Observações: Trazer a dimensão especulativo-filosófica à discussão é sempre bom, minimiza a subjectivação da cousa.
Quanto ao PDM, à cidade de Abrantes e ao Souto, remeto-me ao silêncio e ao ensinamento do mestre: só sei que nada sei(sem ironia, pois que, não sei, efectivamente). Contudo,por aqui, a maiêutica , também, me parece estéril.

quinta-feira, abril 24, 2008 9:17:00 da tarde  
Blogger João Baptista Pico said...

A questão do olfato de M. Marques e o conceito de que os interesses particulares se devem subordinar aos interesses colectivos, não colhem no exemplo das freguesias.
E o caso não é do Souto apenas. Dei o exemplo do Carvalhal e dos 30 jovens casais onde o PDM não permitia a construção de casa porque as linhas de limite do perímetro urbano seguiam em linhas rectas quando as 5 principais ruas de Carvalhal ( muito idênticasa aos cinco dedos de uma mão a convergirem para a palma da mão), formam curvas ( dedos encurvados).
Acontecia que numa rua pode-se construir do lado direito e no lado oposto só se pode construir no passeio, porque a linha de limite do perímetro de edificação em recta deixa o terreno de fora e corta o passeio...
Confuso, mas verdadeiro.
Depois havia terrenos no espaço digamos - entre os dedos - que podendo instalar casas, o perímetro já não o permitia.
Logo perdiam-se muitos terrenos pelos intervalos...

Insisto: aqui não há interesses particulares. Há um interesse colectivo. Como o caso dos 30 jovens casais , que acabam por ter influência nas crianças que hoje faltam no infantário e amanhã na escola básica...
Há um interesse colectivo que passa por criar a perda de população e colocar em causa a sobrevivência futura das terras.
Há um interesse colectivo onde as 17 freguesias acabam por ficar prejudicadas em relação às duas freguesias que compõem a cidade ( S. Vicente e S. João), onde os terrenos nestas duas valorizaram com o PUA que acrescentou o PDM e fez os terrenos valerem 200 vezes mais depois do PUA e do PDM, quando antigamente a relação era de 1 para dois: o dobro apenas!
Há um interesse colectivo porque todos acabam por pagar mais por terrenos para benefício de uns poucos especuladores e urbanizadores na cidade.

Há toda uma deturpação completa, em que se passaram os anpos a dizer-se que os cidadãos (citadinos) eram mais por isso tudo era permitido na cidade.
Vai a ver-se e esse é que é agora o novo problema, só denunciado por mim e pelas minhas contas inéditas, de que os citadinos ( alguns são fregueses rurais obrigados a irem para a cidade) acabaram por pagar caro os terrenos dos seus apartamentos, impedidos de usarem os seus nas aldeias.
Um embuste monumental, que perante este blogue de esquerda, ninguém quer ainda acreditar e falam em planeamento, quando nada disso está aser acautelado no PUA e PDM da cidade...
O que há lá é especulação...

quinta-feira, abril 24, 2008 10:13:00 da tarde  
Blogger João Baptista Pico said...

Mouriscas é outro dos casos de injustiça ainda mais aflitivos.
S. Facundo idem, idem.
Com a CMA a demorar um ano para reprovar uma divisão de um terreno por três filhos e a escrever uma carta à EDP, outra aos SMAS e outra oaos Telefones, para saber se na sede de freguesia havia rede electrica com carga para mais 3 habitações e rede com água para mais 3 casas e esgortos com rede para mais 3 casas e telefones com linhas para mais 3 casas, quando a CMA tinha lá a executar um loteamento de terrenos municipais paar 9 moradias...
Ridículo perguntar-se se havia electricidade que chegasse para mais 3 casas, água ou telefones,...
E fazer depender de um sim ou um não pouco rigoroso e sétrio a licença dessas 3 casas...
Demoraram ainda mais um ano para aprovar e ao fim de 2 anos só um dos filhos recuperou a casa dos apis e os outros dois já nada fizeram e desistiram...
Bonito serviço...

quinta-feira, abril 24, 2008 10:20:00 da tarde  
Blogger r said...

Porque
«quem tem cu tem medo», talvez, a condição humana é, semelhante, aos prisioneiros agrilhoados na caverna - única habitação que conhecem... ah, mas aquele que ascende ao mundo superior e se ilumina, esse, é o único que deve guiar-nos... na vida privada e na vida pública, porquanto é o mais sensato.


«Depois disto – prossegui eu [diz Sócrates] – imagina a nossa natureza, relativamente à educação ou à sua falta, de acordo com a seguinte experiência. Suponhamos uns homens numa habitação subterrânea em forma de caverna, com uma entrada aberta para a luz, que se estende a todo o comprimento dessa gruta. Estão lá dentro desde a infância, algemados de pernas e pescoços, de tal maneira que só lhes é dado permanecer no mesmo lugar e olhar em frente; são incapazes de voltar a cabeça, por causa dos grilhões; serve-lhes de iluminação um fogo que se queima ao longe, numa eminência, por detrás deles; entre a fogueira e os prisioneiros há um caminho ascendente, ao longo do qual se construiu um pequeno muro, no género dos tapumes que os homens dos "robertos" colocam diante do público, para mostrarem as suas habilidades por cima deles.

– Estou a ver – disse ele.

– Visiona também ao longo deste muro, homens que transportam toda a espécie de objectos, que o ultrapassam: estatuetas de homens e de animais, de pedra e de madeira, de toda a espécie de lavor; como é natural, dos que os transportam, uns falam, outros seguem calados.

– Estranho quadro e estranhos prisioneiros são esses de que tu falas – observou ele.

– Semelhantes a nós – continuei -. Em primeiro lugar, pensas que, nestas condições, eles tenham visto, de si mesmo e dos outros, algo mais que as sombras projectadas pelo fogo na parede oposta da caverna?

– Como não – respondeu ele –, se são forçados a manter a cabeça imóvel toda a vida?

– E os objectos transportados? Não se passa o mesmo com eles ?

– Sem dúvida.

– Então, se eles fossem capazes de conversar uns com os outros, não te parece que eles julgariam estar a nomear objectos reais, quando designavam o que viam?

– É forçoso.

– E se a prisão tivesse também um eco na parede do fundo? Quando algum dos transeuntes falasse, não te parece que eles não julgariam outra coisa, senão que era a voz da sombra que passava?

– Por Zeus, que sim!

– De qualquer modo – afirmei – pessoas nessas condições não pensavam que a realidade fosse senão a sombra dos objectos.

– É absolutamente forçoso – disse ele.

– Considera pois – continuei – o que aconteceria se eles fossem soltos das cadeias e curados da sua ignorância, a ver se, regressados à sua natureza, as coisas se passavam deste modo. Logo que alguém soltasse um deles, e o forçasse a endireitar-se de repente, a voltar o pescoço, a andar e a olhar para a luz, ao fazer tudo isso, sentiria dor, e o deslumbramento impedi-lo-ia de fixar os objectos cujas sombras via outrora. Que julgas tu que ele diria, se alguém lhe afirmasse que até então ele só vira coisas vãs, ao passo que agora estava mais perto da realidade e via de verdade, voltado para objectos mais reais? E se ainda, mostrando-lhe cada um desses objectos que passavam, o forçassem com perguntas a dizer o que era? Não te parece que ele se veria em dificuldades e suporia que os objectos vistos outrora eram mais reais do que os que agora lhe mostravam?

– Muito mais – afirmou.

– Portanto, se alguém o forçasse a olhar para a própria luz, doer-lhe-iam os olhos e voltar-se-ia, para buscar refúgio junto dos objectos para os quais podia olhar, e julgaria ainda que estes eram na verdade mais nítidos do que os que lhe mostravam?

– Seria assim – disse ele.

– E se o arrancassem dali à força e o fizessem subir o caminho rude e íngreme, e não o deixassem fugir antes de o arrastarem até à luz do Sol, não seria natural que ele se doesse e agastasse, por ser assim arrastado, e, depois de chegar à luz, com os olhos deslumbrados, nem sequer pudesse ver nada daquilo que agora dizemos serem os verdadeiros objectos?

– Não poderia, de facto, pelo menos de repente.

– Precisava de se habituar, julgo eu, se quisesse ver o mundo superior. Em primeiro lugar, olharia mais facilmente para as sombras, depois disso, para as imagens dos homens e dos outros objectos, reflectidas na água, e, por último, para os próprios objectos. A partir de então, seria capaz de contemplar o que há no céu, e o próprio céu, durante a noite, olhando para a luz das estrelas e da Lua, mais facilmente do que se fosse o Sol e o seu brilho de dia.

– Pois não!

– Finalmente, julgo eu, seria capaz de olhar para o Sol e de o contemplar, não já a sua imagem na água ou em qualquer sítio, mas a ele mesmo, no seu lugar.

– Necessariamente.

– Depois já compreenderia, acerca do Sol, que é ele que causa as estações e os anos e que tudo dirige no mundo visível, e que é o responsável por tudo aquilo de que eles viam um arremedo.

– É evidente que depois chegaria a essas conclusões.

– E então? Quando ele se lembrasse da sua primitiva habitação, e do saber que lá possuía, dos seus companheiros de prisão desse tempo, não crês que ele se regozijaria com a mudança e deploraria os outros?

– Com certeza.

– E as honras e elogios, se alguns tinham então entre si, ou prémios para o que distinguisse com mais agudeza os objectos que passavam e se lembrasse melhor quais os que costumavam passar em primeiro lugar e quais em último, ou os que seguiam juntos, e àquele que dentre eles fosse mais hábil em predizer o que ia acontecer – parece-te que ele teria saudades ou inveja das honrarias e poder que havia entre eles, ou que experimentaria os mesmos sentimentos que em Homero, e seria seu intenso desejo “servir junto de um homem pobre, como servo da gleba”, e antes sofrer tudo do que regressar àquelas ilusões e viver daquele modo?

– Suponho que seria assim – respondeu – que ele sofreria tudo, de preferência a viver daquela maneira.

– Imagina ainda o seguinte – prossegui eu -. Se um homem nessas condições descesse de novo para o seu antigo posto, não teria os olhos cheios de trevas, ao regressar subitamente da luz do Sol?

– Com certeza.

– E se lhe fosse necessário julgar daquelas sombras em competição com os que tinham estado sempre prisioneiros, no período em que ainda estava ofuscado, antes de adaptar a vista – e o tempo de se habituar não seria pouco – acaso não causaria o riso, e não diriam dele que, por ter subido ao mundo superior, estragara a vista, e que não valia a pena tentar a ascensão? E a quem tentasse soltá-los e conduzi-los até cima, se pudessem agarrá-lo e matá-lo, não o matariam?

– Matariam, sem dúvida – confirmou ele.

– Meu caro Gláucon, este quadro – prossegui eu – deve agora aplicar-se a tudo quanto dissemos anteriormente, comparando o mundo visível através dos olhos à caverna da prisão, e a luz da fogueira que lá existia à força do Sol. Quanto à subida ao mundo superior e à visão do que lá se encontra, se a tomares como a ascensão da alma ao mundo inteligível, não iludirás a minha expectativa, já que é teu desejo conhecê-la. O Deus sabe se ela é verdadeira. Pois, segundo entendo, no limite do cognoscível é que se avista, a custo, a ideia do Bem; e, uma vez avistada, compreende-se que ela é para todos a causa de quanto há de justo e belo; que, no mundo visível, foi ela que criou a luz, da qual é senhora; e que, no mundo inteligível, é ela a senhora da verdade e da inteligência, e que é preciso vê-la para se ser sensato na vida particular e pública.»

«República»*, Livro VII, 514a-517c.


*A de Aristócles, mais conhecido por Platão, óbvio.

quinta-feira, abril 24, 2008 11:25:00 da tarde  

Enviar um comentário

<< Home

não é o fim, nem o princípio do fim, é o fim do princípio