terça-feira, abril 21, 2009

2043 - boa malha


Shim!
Chinquilho...
Atirar a malhar, malhar o ferro.
Dir-me-ão:
- Pedro, estiveste sem escrever durante tanto tempo e depois escreves banalidades...
Dir-vos-ei:
- Não são banalidades.
O facto de hoje estar aqui a escrever estas palavras deve-se, também, a jogos de chinquilho na longa noite.
Rememorando, há muito, muito tempo, o quarto de seis filhos casava com uma menina orfã de pai, moldada com a tenacidade da mãe e com o apoio dos dois irmãos mais velhos... morrera-lhe o irmão do meio...
Naquele dia, vestida de branco, aquela menina, tinha um irmão (que perderia poucos anos depois) e um marido que partiria para a guerra daí a quinze dias.
Queria casar, ela.
Ele, provavelmente, encolhia os ombros, tenho vinte anos (mais ou menos) vou morrer, se calhar, vou morrer...
Tenho vinte anos (mais ou menos) e poucas oportunidades para ser feliz...
Podia ficar no casamento (no meu casamento) a fingir-me confortável no fato, na gravata e nos sorrisos forçados.
Prefiro estar aqui, na Sociedade Recreativa Portelense a atirar com o meu destino, um roda de ferro arremetida contra um pino vertical, um homem, uma malha, um destino.
O destino deles (de meus pais).
O meu destino.
Sexta-feira dir-lhe-ei:
- Papá, vamos jogar à malha para Abrantes?
- Jogar à malha em Abrantes?
- Sim, o Benfica em Abrantes organiza um torneio...
- O Benfica?
(talvez o consiga convencer a ir... falarei nos prémios, no presunto e no bacalhau mas temo que o meu papá fique condicionado pela palavra: Benfica... a ver vamos)

2 Comments:

Blogger Unknown said...

Também jà malhei muito ferro.

quarta-feira, abril 22, 2009 6:54:00 da tarde  
Blogger r said...

Não tema, os papás, às vezes, sabem surpreender-nos e... boa malha!

quarta-feira, abril 22, 2009 9:48:00 da tarde  

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não é o fim, nem o princípio do fim, é o fim do princípio