318/2010 - sonhos de crianças são barcos de papel


A criança que fui, construía um mundo com pedacinhos de papel, cartão e fósforos usados.
Um mundo que nove dedos, mais o da imagem, inventavam.
Nesse mundo havia terra e navegar, é preciso navegar, foi preciso navegar, navegar.
Na minha meninice detestava pontes, adorava barcos.
Adorava passar «a barca» para Constância, adorava esconder as mãos dentro da água gelada enquanto o senhor barqueiro nos passava p' rá outra margem.
Adorava regressar, quase noite, sentir, de novo, o frio da água a arrefecer-me o calor das «aventuras», da rotina quebrada.
O homem que sou lembra esse menino e sorri, lê as criançadas que, supostos, adultos fazem, promovem, vê pessoas que admiro de megafone em punho a apregoarem incompetência; vê a incompetência apregoada a colher aplausos.
O homem que sou, a criança que fui, juntam-se e escrevem, escrevem sobre o sagrado solo da nossa terra, escrevem prosa de protesto e luta e pensam num povo que deveria avançar...
Pensam que só a luta reflectida pode vencer.
1 Comments:
As pontes por norma servem para unir e não desunir,não pode haver ligação onde não exista identidade de idéias...
Abraço.
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