segunda-feira, setembro 27, 2010

373/2010 - qual o tamanho dum gajo



Dum gajo, dum gajo como eu.
Só garatujas, [nós] os velhos voltamos a meninos.
A frase proferida está em itálico, o tempo verbal utilizado foi o presente do indicativo - voltamos - a senhora não disse: voltámos, não remeteu para o passado, disse um - voltamos - no sentido de: vamos lá à meninice mas esse regresso à meninice é como a visita a um parente afastado... vamos lá mas continuamos velhos, incompreendidos e tristes.
Gajos como eu, julgam-se importantes, porque têm uma camisa, uma gravata e um facto.
Aquela senhora foi o meu facto de hoje [algures no início deste mês].
Aproximou-se com um ar cansado e triste e pediu para levantar a reforma.
Olhei-a com um ar indiferente, um sorriso forçado (telefones que piscam, telefones que tocam, colegas que interrompem, arranjadores de máquinas que questionam).
Movimento, contabilisticamente, efectuado e o clássico: assine aqui.
- Só garatujas, [nós] os velhos voltamos a meninos.
Vi-a (pela primeira vez embora já a tivesse olhado).
Sorri e mostrei-me, verdadeiramente, disponível e simpático.
Toquei-lhe, levemente, na mão e disse:
- A sua letra é muito bonita, tomara eu quando chegar à sua idade, escrever como a senhora.
- Mas não chegas, filho... vocês, agora, não prestam para nada.
Deixei o sorriso simpático, afivelei um sorriso enigmático e continuei o meu trabalho... o seguinte, A94.
não é o fim, nem o princípio do fim, é o fim do princípio