segunda-feira, março 28, 2011

0073/2011 - caminhando como testemunhas do sofrimento e do esplendor do mundo

uma das minhas palavras preferidas é compaixão, no sentido que leonardo lhe atribui.
a capacidade de percebermos o sofrimento do outro e de sofrermos com ele, algo que não é fácil, pois os seres humanos são, intimamente, diversos, potencialmente, inconhecíveis (mesmo pelos próprios).
Os padres do deserto tinham por hábito acolherem numa hospitalidade silenciosa, quando acolhiam um amigo que não viam há muitos anos, não lhe diziam nada. Explicavam: se o meu silêncio não te acolher, a minha palavra ainda menos.
existirá um excesso de verbalidade no mundo actual?
estaremos demasiado dependentes de telemóveis e de redes sociais para comunicarmos?
estará na altura de voltarmos a efectuar reflexões sobre textos, textos mais complexos que sms?
Faço muito o exercício de pedir às pessoas que me falem de um texto. Chama-me muito a atenção o que cada um vê. Fiz o doutoramento sobre um texto de São Lucas e pedia a amigos e desconhecidos para me darem opinião sobre o texto. Fui colhendo coisas que não via. Por isso a hermenêutica bíblica tem que ser aberta.
as citações anteriores são retiradas desta entrevista a josé.
lia-a durante o fim de semana, ollhando o rio e o tejo, maravilhando-me com o sereno voo das rapinas pensando, por associação, nestas palavras: O que não é Deus, é estado do demônio. Deus existe mesmo quando não há. Mas o demônio não precisa de existir para haver.
não é o fim, nem o princípio do fim, é o fim do princípio