quarta-feira, abril 20, 2011

0079/2011 - cataplasmas de argila, cânfora, palavras escritas e esquecimentos

chamava-se louise, tinha onze meses e morreu.
louise nunca lerá as aventuras de tintin nem se indignará com o suposto racismo do jornalista das calças de golf e do inexistente bloco de notas.
tintin é um jornalista extravagante, os pais de louise, também.
Quando teve bronquite, os pais não seguiram a recomendação médica e submeteram-na a um tratamento natural com argila e cânfora — a cânfora provoca insuficiência respiratória a crianças abaixo dos 36 meses, — que tiraram de um livro dos anos 50.
Jeanne Dextreit, a autora, com 89 anos, foi chamada a testemunhar: “Na época não dispunhamos de coisas, como anti-inflamatórios. É preciso reflectir, porque o livro é muito antigo”, frisou.
jeanne remete-nos para o contexto em que escreveu o livro, há cerca de sessenta anos, bienvenu mbutu mondondo não conseguiu ter o distanciamento da anciã, não pensou que o mundo em 1931 era muito diferente deste, onde vivemos.
os livros não são bons nem maus, úteis ou inúteis são, objectos que devemos utilizar, usando o nosso discernimento como sacho que monda a seara e separa o pão do joio.
um livro podemos pousá-lo, deixar de lê-lo se o conteúdo não nos interessar, uma filha, contudo, não deveria sofrer e pagar pelos nossos esquecimentos, esquecermo-nos que somos omnívoros, por exemplo.
fontes & alambiques

1 Comments:

Anonymous DA said...

ás 00 horas de dia 23 o diligente anonimo abre mais uma janela de discussão em constância http://www.odiligenteanonimo.blogspot.com/

quinta-feira, abril 21, 2011 10:22:00 da manhã  

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