sábado, maio 06, 2006

328 - vestir a camisola


Carta aberta à Virgínia

Gi, não nos conhecemos, provavelmente, nunca lerás esta carta.
Gostaria que soubesses que o teu desenho me tocou muito e que me orgulho do poder vestir, do trazer encostado ao meu peito.
Olho, vejo, sinto o teu desenho... o menino negro, careca e coxo que vence a corrida, a "menina bem" com um lenço ocultando os efeitos da
quimioterapia, o menino com um braço ao peito.
A doença (o cancro) não te toldou a sensibilidade, todos os meninos sorriem... como tu?


Gi, a tua sensibilidade iluminou-me, sabes nós, os grandes, ficamos infelizes porque não fomos promovidos, porque subiram as prestações da casa, porque aumentou a gasolina... ou porque o nosso clube não foi à «champions», julgamos que temos problemas...

Talvez já tenhas ouvido falar num senhor chamado Fernando Pessoa, escreveu muitas palermices, mas, escreveu esta grande verdade:


Grande é a poesia, a bondade e as danças...
Mas o melhor do mundo são as crianças

Um beijinho...

[beijinhos e abraços, até amanhã à noite]

6 Comments:

Blogger Su said...

gostei do que li
voltarei
jocas maradas

domingo, maio 07, 2006 1:07:00 da tarde  
Blogger Maria Romeiras said...

O cancro continua a matar e a ser esquecido. Sobretudo a não ser prevenido. Já perdi uma grande amiga dessa forma. Mais recentemente soube que a mãe de um colega do meu filho tem Cancro de Mama, em fase bastante avançada. As crianças são grandes, solidárias e lúcidas. Na escola, todos sabem o que se passa, participam em movimentos de esclarecimento e apoiam o seu colega. A vida é sempre de celebrar. A coragem, de louvar.

domingo, maio 07, 2006 7:28:00 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Hummm, apetece-me escrever mas não me ocorre nada com inteligência... Talvez porque as emoções são muito mais arrebatadoras do que qualquer raciocinio lógico quando lidamos com estas situações, quando as sentimos e quando estamos perto de alguém que sofre com um sorriso na cara.
Apetecia-me dizer qualquer coisa...
Jé te disse!

domingo, maio 07, 2006 7:31:00 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Maça,
Nem tudo o que dizemos tem de ser, necessariamente, inteligente.
Por vezes, são as coisas emotivas e menos racionais que dizemos que são as mais cristalinas e tocam mais fundo.

Outras vezes, não é sequer necessário dizer algo, emotivo ou racional, para que o outro sinta que estamos presente, entenda o que nos vai na alma e acredite na nossa incondicional disponibilidade para ajudar.

Para a Gi e seus amigos um beijinho especial.

domingo, maio 07, 2006 9:03:00 da tarde  
Blogger pedro oliveira said...

quatro beijinhos

obrigado pela vossa sensibilidade.

podemos fazer pouco, esse pouco é melhor que ficarmos de braços cruzados.

domingo, maio 07, 2006 11:30:00 da tarde  
Blogger Alien David Sousa said...

Muito bonito Pedro.

quinta-feira, maio 11, 2006 11:39:00 da tarde  

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