quinta-feira, maio 18, 2006

350 - anos setenta

Uma década que me deixou algumas recordações.
Recordo, vagamente, a vida em Luanda no início da década, recordo o quanto detestava tomar banho no mar (como nós mudamos).
Olhando para trás julgo que o dizer que não gostava de mar foi um marcar de posição (com três, quatro anos) gostava muito mais de vaguear na praia, olhar os meninos negros, habituar-me à igualdade que brota da diversidade.
Regresso à metrópole, em 1972, antes, portanto, dos regressos, o retorno, atabalhoado de 1974...
Abril de 1974, recordo esse ano e meio que vai do 25 de Abril de 74 ao 25 de Novembro de 75, o menino que fui lembra-se, principalmente, dos militares barbudos e cabeludos, a piada que achava aqula «tropa fandanga» que contrariava todas as teses sobre o aprumo militar.
Anos de escola e de telescola, anos de apanhar o autocarro às 06H45 e regressar a casa às 19H00, anos felizes, tanto quando podem ser felizes os meninos com doze, treze anos.

5 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Recordar é tão bom.... Para mim é uma sensação quente, quando nos recordamos de coisas boas, insignificantes até, parece que vem alguém com uma "mantinha" amarela felpuda e nos aconchega. E nos passa a mão pelo cabelo e nos dá um beijinho na testa...
A tua recordação passou agora a ser também de quem a lê... é assim que as vivências e as recordações podem também ser dos que não as viveram: (http://cinemaportugues.net/cinema/filmes.asp?id=2143681777&lang=.

quinta-feira, maio 18, 2006 2:13:00 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Não Passou

Passou?
Minúsculas eternidades
deglutidas por mínimos relógios
ressoam na mente cavernosa.

Não, ninguém morreu, ninguém foi infeliz.
A mão- a tua mão, nossas mãos-
rugosas, têm o antigo calor
de quando éramos vivos. Éramos ?

Hoje somos mais vivos do que nunca.
Mentira, estarmos sós.
Nada, que eu sinta, passa realmente.
É tudo ilusão de ter passado.

Carlos Drummond de Andrade


Beijos

quinta-feira, maio 18, 2006 7:04:00 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Ora, aqui estou, depois de alguma ausência, pronta p'ra comentar.

Então, o amigo Pedro consegue recordar-se do que viveu quando tinha 3 a 4 anitos? Que memória prodigiosa! Faz-me inveja!

E não gostavas de banhos no mar?
Ele há coisas....que ninguém acredita (ehehehe).
Digo isto, porque eu sou doida pelo mar, pela praia, pelo horizonte, pelo pôr e nascer do sol, pelos azuis, pelos sons das águas..., por tudo que tenha a ver com mar.

Mas retive que foram "anos felizes". É bom. É agradável ler sobre recordações de felicidade.

quinta-feira, maio 18, 2006 10:45:00 da tarde  
Blogger pedro oliveira said...

a felicidade, cara amiga, é descobrirmo-nos, redescobrirmo-nos nos outros, ontem saí de casa para jantar com um amigo, voltei feliz, muito mais feliz, porque encontrei não a pessoa que pensava, mas, alguém bem com ele próprio e com as suas mais profundas convicções.
Há um mundo paralelo, de homens que trocam olhares e desejos e não tem de ser assim, também, eles deviam ser livres, bolas!

sexta-feira, maio 19, 2006 7:22:00 da manhã  
Blogger Paula NoGuerra said...

Que engraçado... eu vim de Angola com os meus dois aninhos... e com pena no meu coração não me recordo de nada do país de onde venho... apenas as historias que meus pais contam.
O grande sonho: poder lá voltar e (re)ver as minhas verdadeiras raizes... quem sabe um dia!
É bom que possas ter essas recordações e possas reencontrar pessoas especiais dessa altura...
Fico feliz por estares feliz!
Bjs
Pa

domingo, maio 21, 2006 2:15:00 da manhã  

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