sexta-feira, junho 09, 2006

374 - o irmão do meio

Os pais.
Os filhos.
Os irmãos.

Do ponto de vista dos pais:

Os nossos filhos seremos nós, numa versão melhorada.

[vou escrever isto no masculino (o meu lado gaja, a minha sensibilidade, sabe que dentro dela [de mim] nunca crescerá ninguém... por vezes tento imaginar-me do outro lado, não consigo colocar-me no papel duma mulher grávida, sei que jamais amamentarei, acho rídiculo o «feminismo» [machismo feminino] a mulher tem a capacidade de gerar vida, a força mais poderosa... quais «cotas» "quais quê" a força é mais vossa que nossa...)].

Como pai que, ainda, não sou [sê-lo-ei?] sei que o meu filho preferido será o primeiro (é assim com todos os pais) os outros, também, pois, gostamos deles... é ao primeiro que tiramos fotografias, é com o primeiro que nos preocupamos, os outros, também, mas, somos mais experientes...

Do ponto de vista do filho:

O primeiro é filho único, alfa e omega, princípio e fim... com mais liberdade, o mais oprimido.
O segundo (os segundos, os irmãos do meio) não é filho único, já o olham um bocadinho de lado (devias ter sido gajo/gaja, sacana [isto no caso de dois cromos repetidos]) no caso do segundo completar o tal casal, vê-se de maneira diferente. Por enquanto é o irmão mais novo e está fod***, um irmão mais novo vai aproveitando a roupita do outro, o irmão mais novo não tem direito a brinquedos próprios (o mais velho acha-se com direito a tudo).
O terceiro (o último, o irmão mais novo) se tem irmãs poderá ser acarinhado [um gajo, finalmente!] se tem irmãos 'tá fod***, outro gajo...
Resta ao último ser o primeiro, conhecer-se, conhecer os seus limites, fundamentalmente, não se armar em parvo... com quatro, cinco anos desafiei o meu mano nº2 para uma corrida, corri velozmente, ia à frente, ele fez o óbvio, uma rasteira, uma cabeçada, num vaso, uma poça de sangue, uma mãe a chorar... eu armado em forte: ó mamã não é nada, caí sozinho (o mal estava feito, que interesse tinha que o mano fosse castigado... olhando para trás, orgulho-me da minha não mesquinhice) ... a testa rasgada, muitos pontos (ainda hoje conservo uma linda cicatriz), coitadinho do menino... algumas viagens de burro para fazer o tratamento...
Já percebi que continuando este texto faria um exercício que aprecio, «auto-elogiar-me» ou elogiar-me a mim próprio [como diria o Miguel Sousa Tavares, que se acha o máximo e tem umaa marrafita tão gira]
Termino, portanto.

Os irmãos... ok, são uns gajos que cresceram comigo, não os conheço e eles não me conhecem... acho ridículo, as histórias, dos manos, das manas ... amigos, escolhemos, irmãos, não (abro um parénthesis para dizer que o meu mano nº 2 me ofereceu um bilhete para o Sporting - Newcastle, talvez um dos dias mais felizes...) assistimos juntos, abraçamo-nos (acho que lhe perdoei nesse dia a cicatriz).
O meu mano nº 1 (o dos calcanhares) caiu da ponte (desta ponte) por duas vezes, é um sobrevivente, na próxima época acreditará em santos...

Do ponto de vista dos irmãos, os outros são gajos com que temos que viver (conviver)... a culpa não foi nossa.

7 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Agora que nos andas a contar intimidades ( tipo os banhos q tomas, as gravatas que usas, os bilhetes que recebes) não paras.
nem sempre os filhos são uma versão melhorada. podem vir a ser mais do mesmo.
Amamentar é um momento de interacção maravilhosamente maravilhoso. Não tem pare.
Como mãe não tenho filhos preferidos. Tenho filhos diferentes. a experiência do primeiro não serviu de muito para os outros. (aqui tb tive ajuda das fraldas descartáveis que se popularizaram , no espaço entre o 1º, o 2º e o 3º)
Não sei o que é ser irmão ou irmã. A mamã e o papá não arranjaram coragem para repetir o acto.
Ainda bem que te «auto-elogias». Estás primeiro em ti. Só a partir de ti podes saír para os outros. mal é se ficas em ti.
Essa coisa do feminismo para aqui e machismo para ali e tal e tal nada tem a ver com o Princípio Feminino. Tb não gosto. Feminino é Vida.Os homens nascem todos de uma mulher, como as sementes germinam na Terra.Mas depois há...na interessa nada pa aki.
Armado em forte aos 5 anos . sim..sim.

sexta-feira, junho 09, 2006 9:50:00 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Estou perplexa com a tua perspectiva de análise.
Concordo com muitas das coisas que disseste e, não sendo tu pai, ganham ainda mais acuidade pela forma como as transmitiste.

Todavia, haveria tanto que queria dizer-te, tanto que queria explicar-te...mas numa caixinha de comentários não.
Estou disposta a aceitar a proposta do 2º post da asna. Ainda está de pé?
(ehehehehe)

Deixa-me só dizer-te já: do ponto de vista dos pais não há filhos preferidos. Quando muito, haverá filhos mais compreendidos ou protegidos que outros, e por variadíssimas razões e factores que não importa aqui e agora cuidar. Espero que nenhum dos meus filhos ouse, alguma vez, pensar que existem preferidos e preteridos. Seria a confirmação do meu falhanço.

Gostei muito do post.

sexta-feira, junho 09, 2006 10:41:00 da tarde  
Blogger pedro oliveira said...

a questão não está nos filhos que somos, está nos pais que poderíamos ter sido... [a procura da pessoa certa, na altura certa... às vezes não se acerta] poupa-se no psicólogo, obviamente, acho que os psicólogos são uma paneleirice, quem nos analisará melhor que nós?

Um «blog» é fixe [utilizo esta palavra no sentido de estável, não confundir com o outro palerma que, supostamente, seria fixe e acabou (obviamente) humilhado...]

Julga-se um «blog» não pela quantidade de visitas, sim pela qualidade dos comentários.

Gaia, é bom ter-te como comentadora;

sp, gostei muito que tivesses comentado [não percebi nada do comentário, enfim, o meu lado gaja [sou louro, era loiro (em tempos tive cabelo)] estou a brincar... [estava a sério, gostei que tivesses comentado]

Bem já que comecei a falar de comentadores (penso às vezes... será que pessoas sensatas, com filhos e tal, não têm nada melhor para fazer que comentar as minhas palermices... adoro comentadoras [ok, comentadores, também] gosto dos elogios, gosto, também, que me chamem estúpido, gosto de mudar de opinião, gosto de ser incoerente... gostei de ter um espaço de opinião chamado: "in"constância

sexta-feira, junho 09, 2006 10:52:00 da tarde  
Blogger Alien David Sousa said...

Para mim , ter um irmão é uma sorte imensa. Tu tens um sobrevivente. Eu tenho um Contabilista. :|
Sabes, acho que no final, as caracteristicas que mais evidenciam os nossos pais, vão ser as nossas.
Falamos aos 90 anos, ok?
bjs

sábado, junho 10, 2006 1:41:00 da manhã  
Blogger Maria Romeiras said...

Boa escolha. Do disco. O espírito fraterno está presente, tal como a voz linda do José Manuel David, nas suas artes com os Gaiteiros de Lisboa. E falar de irmãos é sempre bom, mesmo com cicatrizes pelo meio...

domingo, junho 11, 2006 7:44:00 da tarde  
Blogger psac74 said...

Texto muito interessante. Gostei mesmo.

O álbum é fantástico.

quarta-feira, junho 14, 2006 11:40:00 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Referenciei este post num blog fantástico sobre coisa nenhuma. Alguém me perguntou, por lá, se seriamos irmãos. Foi para clarificar a nossa relação familiar.

sexta-feira, maio 11, 2007 2:22:00 da tarde  

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