quarta-feira, março 21, 2007

657 - composição

Hoje começa a Primavera. Acho mal. Hoje é quarta-feira, os grandes começam a trabalhar na segunda-feira, os pequenitos começam a escola na segunda-feira, porque começa a Primavera só na quarta, hã?
Hoje, também, é dia da árvore, da poesia e do sono. Acho mal. Não percebo qual é a ligação entre as três coisas, talvez esta:
Era uma vez dois lenhadores, um chamava-se Camões e o outro Fernando. Os lenhadores foram cortar uma árvore, corta daqui, corta dali, atiraram com a árvore ao chão. Depois da árvore fizeram papel porque tinham prosa e poesia para escrever, como estiveram muito tempo a escrever cansaram os três olhos, ficaram com sono e dormiram.
A história que contei já aconteceu há muito tempo se fosse hoje tinha aparecido um preservativo (ecologista) não os deixava cortar a árvore e eles não podiam escrever.

2 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Satisfaz Muito Bem*

Excelente composição, sem erros de sintaxe e/ou semântica.
Bons recursos expressivos.
Marcas de oralidade correctamente introduzidas na produção textual. Articulação criativa das ideias. Competência de extrapolação da temática:

Conhecimento dos marcos poéticos da História de Portugal (inclusive a referência subtil à caracterização física e psicológica dessas figuras).
Conhecimento da origem do papel.
Reconhecimento da necessidade de produção escrita.
Reconhecimento (consciente) das implicações idiossincráticas do paradigma ecológico emergente.

Em suma: simbiose inter textual.

Recomenda-se: desenvolvimento da competência poetizante revelada.

@zante (gostei).

*Não satisfaz. Quase Satisfaz. Satisfaz. Satisfaz Bem. Satisfaz Muito Bem.

quarta-feira, março 21, 2007 12:17:00 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Depois do inverno,morte figurada
A primavera,uma assunção de flores
A vida
Renascida
E celebrada
Num festival de pétalas e cores.

Miguel Torga.

Os poemas são pássaros que chegam não se sabe de onde pousam
no livro que lês.
Quando fechas o livro,eles alçam vôo
como de um alçapão.
Eles não têm pouso
nem porto
alimentam-se um instante em cada par de mãos
e partem.
E olhas,então,essas mãos vazias,
no maravilhado espanto de saberes
que o alimento deles jà estava em ti...

Esconderijos do tempo.


Árvore,cujo pomo,belo e brando,
natureza de leite e sangue pinta,
onde a pureza,de vergonha tinta,
está virgíneas faces imitando;

nunca da ira e do vento,que arrancando
os troncos vão,o teu injuria sinta;
nem por malicia de ar te seja extinta
a cor,que está teu fruto debuxando.

Que pois me emprestes doce e idóneo abrigo
a meu contentamento,e favoreces
com teu suave cheiro minha glória,

se não te celebrar como mereces,
cantando-te,sequer farei contigo
doce,nos casos tristes,a memória.

Luis Vaz de Camões.

quarta-feira, março 21, 2007 6:43:00 da tarde  

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