domingo, junho 27, 2010

280/2010 - um homem sem princípios até ao fim

O fascismo baseia-se (...) no desprezo. Inversamente, toda a forma de desprezo, desde que, intervenha na política, prepara ou instaura o fascismo. É preciso acrescentar que o fascismo não pode ser outra coisa sem se renegar a si próprio Junger extraía dos seus próprios princípios a ideia que mais valia ser criminoso que burguês. Hitler (...) sabia que é indiferente ser-se uma ou outra coisa, a partir do momento em que se não creia senão no êxito. [dizia Hitler] Estou pronto a assinar tudo, a subscrever tudo... quanto ao que me diz respeito, sou capaz (...) de hoje assinar tratados para amanhã os quebrar friamente (...). De resto antes de desencadear a guerra, o führer declarou (...) que mais tarde, ninguém perguntaria ao vencedor se ele tinha ou não dito a verdade. O estribilho da defesa de Goering no processo de Nuremberga retoma a mesma ideia: «O vencedor há-de ser sempre o juiz e o vencido o acusado»
L' homme Revolté, Édicions Gallimard, 1951
Um homem que utiliza como arma o desprezo, no sentido que Camus lhe atribui no extracto ali em cima.
Soares desprezava Salazar porque o achava um provinciano sem instrução e acha-se um aristocrata, um herdeiro da ética republicana.
Soares desprezou Salgado Zenha, porque achou uma ousadia, Zenha, atrever-se a enfrentá-lo em eleições.
Soares desprezou (e despreza) Manuel Alegre porque achou uma ousadia, Alegre, atrever-se a enfrentá-lo em eleições.
Soares desprezou Sá Carneiro e Snu porque é um aristocrata conservador preso a um retrógrado republicanismo.
Soares desprezou e despreza Cavaco porque o achava um provinciano sem instrução e acha-se um aristocrata, um herdeiro da ética republicana.
Recordo as palavras de Camus: toda a forma de desprezo, desde que, intervenha na política, prepara ou instaura o fascismo.
Acham-no o mais ilustre português vivo, um princípio sem fim, acho-o sem princípios... até ao fim.

2 Comments:

Blogger Unknown said...

Prefiro-o a ele que ao Bandido Salazar,

Abraço.

domingo, junho 27, 2010 11:13:00 da manhã  
Blogger pedro oliveira said...

Camarada, a questão não é essa.
Talvez Soares seja mais parecido com Salazar que aquilo que ele próprio pensa.
Soares e Salazar partilham o mesmo aparente conservadorismo moral (questão de Snu/Sá Carneiro) a mesma intolerância intransigente com os que se atrevem a pensar de forma diferente.

domingo, junho 27, 2010 11:33:00 da manhã  

Enviar um comentário

<< Home

não é o fim, nem o princípio do fim, é o fim do princípio