297/2010 - a pika, o pico e o profundo respeito pela história

É cedo, o Sol prepara-se para nascer, na rádio, uma senhora alentejana de São Bartolomeu do Outeiro (a célebre terra de Sassá) prepara-se para o trabalho nas vinhas, a vida do campo tem um ritmo diferente da vida teclada.

No campo ou na cidade deveria existir um profundo respeito (não só pela história). Respeito. Respeitarmo-nos como pessoas, respeitarmos os outros como seres humanos com ideias próprias que podem não coincidir com as nossas.

É muito cedo para estar indignado (voltarei a este tema).

Não posso, no entanto, deixar de referir um post recente do Sr. Pico onde o cidadão soutense defende uma solução que eu próprio preconizei, num comentário efectuado aqui (e que não está visível).

Vejamos o que escrevi em 2008/11/20 pela 01H15:

«aquele pórtico já não tem razão de ser, nem configura alguma beleza, apenas estrangula os acessos. Está lá a mais!»«Finalmente, aquelas letras evocativas do Campo de Jogos, não poderiam estar noutro placar mais emblemático e de outro design, sem aquela pobreza arquitectónica» [João Pico]

A pobreza arquitectónica de Francisco Keil do Amaral...

Bem sei que o gajo era o sacana dum sindicalista:

«Em 1948 foi eleito presidente do Sindicato Nacional dos Arquitectos, eleição que não foi aceite pelo Governo do Estado Novo» mas daí até lhe querermos destruir a obra...

TZ tem toda a razão no que afirma, o pórtico deveria ser restaurado e dever-se-á manter o «lettering».

Podemos pensar num outro aproveitamento para o pórtico.

O trânsito automóvel sob ele seria proibido e criar-se-ia ali um acesso pedonal integrado num projecto a criar denominado: P.I.K.A. (Passeio Interessante Keil do Amaral).

Uma rota pedonal que partiria do Mirante, monumento ao Comendador e passaria sob o pórtico em direcção ao Campo de Jogos, tudo isto acompanhado com informação sobre um dos maiores arquitectos portugueses.

A esposa de Francisco (a artista Maria Keil) seria, obviamente, convidada para a inauguração desta importante rota pedonal.

Às vezes é necessário deixarmo-nos de visões redutoras e dar PIKA.

Resposta de João Pico:

Monumento nacional, é isso que quer dizer daquela chapelada?!

Keil do Amaral também ia à retrete como toda a gente...

Aquilo é horroroso e muito perigoso.

Não tenho disponibilidade, nesta altura, para, cronologicamente, recordar toda a saga do pórtico ou portão do futebol, contudo, a sua recuperação foi uma brilhante vitória de cidadãos que se empenharam na sua preservação enquanto outros tudo faziam para o destruir ou deslocalizar.