quinta-feira, junho 15, 2006

378 - sanita (uma metáfora da vida)



Sanita do latim: sanitas; saúde, higiene.
Sempre preferi sentar-me aqui que na francesa retrete.
Sanita, a palavra, remete-me para a frase: «mente sã em corpo são». Algo que procuro (embora por vezes me sinta com a mente vazia e o corpo cheio) .
Esta introdução vem a propósito de um trabalho que efectuei hoje
(enquanto dormiam) lavar a sanita, lavar a tampa, colocar tudo no lugar.
A tampa só aparentemente é branca, nos locais mais escondidos vai amarelando, fica desta cor.
Nada que não se resolva com detergente e paciência, limpa-se aquela cor horrível e o branco da loiça volta a brilhar, no ar sente-se o cheiro a perfume.
Colocar a tampa no lugar é o mais difícil, tem de se acertar ao mesmo tempo com dois parafusos em buracos diferentes (acertar com um parafuso num buraco nem sempre é fácil, imagine-se com dois, simultaneamente) depois introduzir a porca e dar o aperto. Como, normalmente, a sanita está encostada numa parede estas operações efectuam-se de joelhos ou noutras posições, igualmente, pouco dignas.

Enfim, não existem trabalhos indignos, existem mãos, mãos que acariciam, que lavam, que apertam, que acertam, que erram, que escrevem ... existem mãos que trabalham.

8 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Humm, que cheirinho.

quinta-feira, junho 15, 2006 9:08:00 da manhã  
Blogger pedro oliveira said...

«no ar sente-se o cheiro a perfume»

tinha dito que cheirava bem...

quinta-feira, junho 15, 2006 9:16:00 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

´´Tás a ver a linha entre os dois comentadores ? deve ter sido por ai que passou o cheirinho (cheirinho bom/a perfume.) É preciso explicar melhor?
depois de limpo, tem cheirinho a perfume.

quinta-feira, junho 15, 2006 9:41:00 da manhã  
Blogger António Almeida said...

Com mãos se faz a paz se faz a guerra.
Com mãos tudo se faz e se desfaz.
Com mãos se faz o poema - e são de terra.
Com mãos se faz a guerra - e são a paz.

Com mãos se rasga o mar. Com mãos se lavra.
Não são de pedras estas casas, mas
de mãos. E estão no fruto e na palavra
as mãos que são o canto e são as armas.

E cravam-se no tempo como farpas
as mãos que vês nas coisas transformadas.
Folhas que vão no vento: verdes harpas.

De mãos é cada flor, cada cidade.
Ninguém pode vencer estas espadas:
nas tuas mãos começa a liberdade.

Continuas a achar due não gosto do Manuel?

quinta-feira, junho 15, 2006 9:43:00 da manhã  
Blogger António Almeida said...

onde se lê "due", deve ler-se que.

quinta-feira, junho 15, 2006 9:44:00 da manhã  
Blogger pedro oliveira said...

«Continuas a achar que não gosto do Manuel?»

Sei que gostas, mais do poeta que do político... verdade?

quinta-feira, junho 15, 2006 10:19:00 da manhã  
Blogger Alien David Sousa said...

Pedro, estou orgulhosa. És um verdadeiro homem, sem medo do trabalho. Nem de enfrentar o que muitos nunca o fizeram na vida: limpar uma sanita.
bjs

quinta-feira, junho 15, 2006 10:32:00 da tarde  
Blogger psac74 said...

Fantástico. Uma temática original e um post bem conseguido.

sexta-feira, junho 16, 2006 11:53:00 da manhã  

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