domingo, janeiro 14, 2007

579 - identidade ribatejana (parte 2.)

és...

és lezírias e charnecas
és cavalo e és touro
és arte, és bonecas
não existes, meu tesouro

és poesia nas desgarradas
és vinho e és bejecas
és doçura, és marradas
és lezírias e charnecas

és lindo como o amor
és judeu, cristão e mouro
és trabalho, és suor
és cavalo e és touro

és rios vazios no Verão
és barbos, fataças e fanecas
és arroz, tomate, melão
és arte, és bonecas

és orgulho e teimosia
és sangue, pele e couro
és bravura e valentia
não existes, meu tesouro



2 Comments:

Blogger pedro oliveira said...

Dizem os poetas que a poesia não se explica, sente-se.
Como não sou poeta (sim o «poema» é de autoria minha) passo a explicar.
Este «poema» poder-se-ia chamar Ribatejo, é esse o sujeito sub-entendido.
Cada verso da primeira estrofe, tornar-se-á o último da estrofe seguinte o que levantará vários problemas a nível das rimas como veremos a seguir.
A primeira dificuldade foi encontrar algo para rimar com charnecas, bejecas não existe no dicionário (no google tem 12 400 entradas), fanecas são peixes de água salgada, mas se há portugueses nas sete partidas do mundo porque não podem existir fanecas nos rios do meu poema?
Ribatejo é fandango dançado e batido com paus, poesia cantada ao despique, à desgarrada, é o nosso vinho e a nossa cerveja (clock) (cintra).
O duro trabalho do campo, onde suor rima com amor.
A arte, é a dos nossos artistas, artesãos, as bonecas são de Constância, esculpidas à navalha e vestidas com roupas dela... «- Leva-a para te lembrares de mim»
«-Levo-te no coração querida, no mar não me esqueço de te amar» diziam os marítimos, conhecedores dos caminhos da água.
Arroz, tomate e melão, trabalhos da borda d'água.
O touro, claro... negro como a noite, medo enfrentado de cada um de nós.
O touro pega-se pelos cornos.

domingo, janeiro 14, 2007 10:45:00 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Parabens pelo poema.

Jà agora se me permite,Letra de Pedro Barroso.

"Cantos da borda D'àgua"

Menina em teu peito sinto o Tejo
e vontades marinheiras de aproar
menina em teus làbios sinto fontes
de àgua doce que corre sem parar
menina em teus olhos vejo espelhos
e em teus cabelos nuvens de encatar
e em teu corpo inteiro sinto o feno
rijo e tenro que nem sei explicar
se houver alguèm que não goste
não goste-deixe ficar
que eu só por mim quero-te tanto
que não vai haver menina p'ra sobrar
aprendi nos "Esteiros" com Soeiro
aprendi na "Fanga" com Redol
tenho no rio grande o mundo inteiro
e sinto o mundo inteiro no teu colo
aprendi a amar a madrugada
que desponta em mim quando sorris
ès um rio cheio de àgua levada
e dàs rumo à fragata que escolhi
se houver alguèm que não goste
não gaste-deixe ficar...
que eu só por mim quero-te tanto
que não vai haver menina p'ra sobrar.

segunda-feira, janeiro 15, 2007 8:44:00 da tarde  

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