sábado, junho 02, 2007

775 - o zé faz falta ...


«Conheço Camacho Costa há muitos anos. Quase há trinta. Era ele professor no Colégio Nuno Álvares em Tomar (...)»
«Entre o seu tempo de estudante e o de professor, o ingresso na Universidade (Românicas que não completaria) e a ida para a tropa, com estadia na Guiné Bissau. Aí aprendeu no corpo a violência da guerra, viu matar e morrer (...) »
«Na noite de 24 de abril despedimo-nos por volta das duas da manhã na esquina do Vává (...) Ele segue para o teatro das operações e confessa que não se vê nas fotografias do largo do Carmo, porque era ele que segurava nos pés de Francisco Sousa Tavares, quando este de megafone em punho fala às massas (...)»
«Entretanto casara com Maria, a sua grande paixão, de quem tem três filhos: o Pedro, o João e o Manuel. Um deles já vinha de um primeiro casamento da Maria, mas Camacho Costa gosta de os referir a todos como "os meus filhos", sem outras considerações escusadas. São uma família feliz, por vezes "com lágrimas".
«Com uma coragem invulgar enfrenta a doença (...) declara mesmo: "Não foi o Camacho que teve um cancro, foi um cancro que teve o Camacho»
Teve-o de facto, cerca de mês e meio depois de me ter autografado o livro, Camacho morreu.
Às vezes (muitas vezes) recordo as palavras de Lauro António reproduzidas acima, lembro a facilidade que temos em etiquetar as pessoas, angustiam-me pessoas que fazem juízos de valor sobre pessoas ou sobre instituições que não conhecem.

4 Comments:

Anonymous Anónimo said...

«angustiam-me pessoas que fazem juízos de valor sobre pessoas ou sobre instituições que não conhecem.»

A mim tb, ainda que não capte o sentido que queres dar à afirmação.
Conhecer uma instituição?...alguma coisa tenho de conhecer para tecer críticas...

Wittgenstein continua a ter razão: sobre o que não sabemos o melhor é calarmo-nos.

mas

em Portugal toda a gente sabe sempre qualquer coisa: " É pá, não sei, mas...". este medo de dizer "não sei" merecia reflexão.

sábado, junho 02, 2007 8:23:00 da tarde  
Blogger pedro oliveira said...

O sentido é este:
detesto generalizações.
Tipo: os professores são preguiçosos, os funcionários da instituição A (B, C, D ...) são uma vara de porcos [vara enquanto substantivo colectivo, aplica-se, exclusivamente, a porcos mas enfim].
Julgo que para se atacar uma árvore é desnecessário queimar a floresta.

sábado, junho 02, 2007 8:33:00 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Julgo perceber
(Zé Pedro
aproveita o fim-de-semana, ok!!)

sábado, junho 02, 2007 8:46:00 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Que a terra lhe seja leve.

domingo, junho 03, 2007 9:09:00 da tarde  

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